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A tradição dos bonecos dançarinos na arte popular potiguar

Numa manhã de praia tudo é possível em areias nordestinas. Até mesmo assistir Eduardo e seus bonecos dançando forró em pleno sol escaldante por alguns minutos. Eduardo é um artista de rua, aliás também de praia e mostra ao turista a tradição dos bonecos, arte popular que se mantém viva no Rio Grande do Norte.

Tem até encontro de Bonecos e Bonequeiros. Eduardoartistaderua improvisa ritmos bem cadenciados para o seu casal de cangaceiros e nos inspira a ir em busca de mais informação sobre a memória, tradição e arte dos bonecos e bonequeiros potiguar.

Dona Dadi

Na pesquisa descobrimos Dona Dadi e uma tese universitária sobre o assunto: DADI E O TEATRO DE BONECOS – memória, brinquedo e brincadeira.

“A gente dá vida aos bonecos e os bonecos dão vida à gente”, frase de Dona Dadi, uma ‘calungueira’ (fazedora de bonecos), que não só cria bonecos de luvas mais comum entre os brincantes, como marionetes de fios, de corda, bonecos de grande porte, com membros articulados.

Maria Ieda Silva de Medeiros, seu verdadeiro nome,vive em Carnaúba das Dantas, zona do Seridó  potiguar e é uma das poucas mulheres que se envolve com esta arte popular desenvolvida mais por homens.

A Calungueira faz a alegria da festa quando encontra outro bonequeiro que é performático e alegra seu público quando dança com sua boneca.

https://www.facebook.com/ronaldo.gomes.142240/videos/2095181204059712/

 

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Cruz sem sofrimento nos mosaicos da Basílica de San Clemente

O ‘Triunfo da Cruz’, uma obra em mosaico que cobre a abside principal da Basílica de San Clemente, em Roma, é um convite à reflexão sobre o papel do cristianismo ao longo da história.

A leitura feita pelos artistas da escola romana, que trabalhavam com mosaicos, do século XII, dá abertura para novas reflexões e como era interpretada a crucificação de Cristo nos primórdios. A obra da abside é repleta de simbologia e não pontua a questão do sofrimento de Jesus na cruz.

O fato da base da cruz estar representada com elementos vegetais que, segundo estudiosos em arte e religião, significa regeneração e salvação do pecado, nos mostra um outro olhar do catolicismo sobre o sofrimento na crucificação. É considerada a antiga árvore da vida.

O bem e o mal

Na iconografia dos mosaicos do Triunfo da Cruz, em San Clemente, os apóstolos estão representados pelos  12 pombos brancos, colocados junto com Cristo crucificado. A cada lado da cruz,  à esquerda, está  Maria e  à direita, São João, acima a mão de Deus protegendo a cruz que vivifica  e abaixo, depois da ramificação verde, a imagem da serpente e do cordeiro – o bem e o mal.

A cruz abre para os quatro rios do paraíso e apresentam os quatro doutores da igreja,  Santos Ambrósio, Agostinho, Jerônimo e Gregório, que são as figuras aladas. As ovelhas que representam os fiéis.  Os belos mosaicos da abside central de San Clemente documentam  a história dos primórdios do cristianismo no Ocidente, num momento em que a igreja estava começando a impor o seu poder político.

Antes um templo pagão

A construção da Basílica, vizinha ao Coliseu, teve quatro níveis arqueológicos distintos. Primeiro uma igreja cristã primitiva citada por São Jerônimo em 385, soterrada e descoberta em 1861, que mantém em seu interior também fragmentos de um templo pagão romano. Depois disso uma outra Basílica foi construída e também destruída por um incêndio em 1084 (d.C).

Os mosaicos foram feitos entre os anos de 1.120 a 1130, sob o pontificado do papa Pascoal II. O modelo, segundo estudiosos, segue o cristão primitivos e alguns críticos evidenciaram a reutilização de peças do antigo mosaico perdido no incêndio.

Em outras palavras, o trabalho artístico dá um novo significado às formas pagãs de falar sobre Cristo. O resultado final dessa integração torna o mosaico de San Clemente uma representação teológica da reforma gregoriana: a igreja tinha mais poder que os reis.

Arte Bizantina

A arte do mosaico, conhecida como Arte Bizantina, foi levada para Europa por causa da conquista do Oriente pelo  império romano e sua instalação em Constantinopla. Entrou pelo Sul da Itália. A Catedral de Monreale é um exemplo, Ravenna também com suas magníficas igrejas cobertas de mosaicos.

Possui uma estética fundamentada na harmonia das composições, na forma, na cor, no espaço, na luz irreal, que devia criar uma sensação de infinito e de eterno, para estimular a abstração. A técnica era muito utilizada nas antigas tradições artísticas orientais.

A moça com o brinco de pérola,  de Johannes Vermeer

O homem que não quis limpar o brinco

Era uma casa plena de grades e segurança. Pudera! Ele vendia joias e trabalhava com ouro e eu queria comprar um presente diferente, mais elaborado, dos encontrados em joalherias comuns. Um brinco de pérola, quem sabe….

Apertei a campainha e quando a porta, com trava automática soltou-se e entrei naquele pequeno espaço, percebi as peças expostas em balcões, com tampas em vidro e a caixa forrada em veludo.

Eram vários os tamanhos e modelos de anéis, pulseiras, colares, brincos….

No entanto, alguma coisa…. algo que não sabia o por quê, tirava o brilho daquelas peças ali expostas. Pareciam foscas, sujas e perdidas no tempo. Fora de moda. Não reluziam e enchiam os olhos do espectador que namora uma joia quando encosta o nariz no vidro de uma vitrine em qualquer joalheria comercial na cidade.

Enfim, perdida em meus pensamentos fui interrompida pelo provável proprietário, um senhor de estatura baixa, um pouco acima do peso, olhos esquisitos me perguntando o que eu precisava hoje e, ao mesmo tempo, se desculpando que seu empregado estava de férias e ele, assim, sozinho era um pouco desajeitado.

Imediatamente notei que tinha dificuldades em mexer nas pequenas peças preciosas, pois suas mãos estavam deformadas pela artrose. Duras, com as articulações que não obedeciam aos seus movimentos. Apesar da falta de jeito, seus olhos eram agudos e expertos. Incômodos…

Pensei comigo mesma: foram anos de trabalho duro, como ourives, que o deixaram desta forma, embora tenha feito de conta que não tinha percebido sua dificuldade. Talvez seja um homem rabugento, que não confia em ninguém, preocupado com sua segurança principalmente porque seu ramo de negócios era de risco.

Meus olhos passearam por muitas peças tentando achar aquela que foi feita sob medida para o presente que desejava. Tento me concentrar na pessoa e encontrar aquilo que poderá agradar. Não achei nada. Estava difícil, até encontrei um brinco de pérola quase igual ao do famoso quadro “A moça com o brinco de pérola”,  de Johannes Wermeer,  que inspirou um filme. A pérola era fixada num trabalho em prata e marcassita, que estava meio escuro, encardido, como é comum na prata que fica muito tempo guardada.

Delicadamente, solicitei que o senhor fizesse uma limpeza na joia para ver o resultado. A  resposta dele foi de que marcassita deve ser usada desta forma, que não era necessário limpar, resumindo não quis limpar o brinco.

Aquele senhor usou de todos os argumentos para que levasse o brinco, inclusive dizendo que dava um desconto especial porque eu era cliente. Aliás, este tipo de bajulação não me convence muito.

Enfim, disse a ele que iria fazer mais pesquisas e, para minha surpresa,tentando ser compreensivo, gentil e paciente, me respondeu, “isso mesmo, faça tudo tranquilamente e depois se quiser voltar deixo o brinco separado, aí meu funcionário fará a limpeza, o polimento, a joia fica pronta, como você deseja”.

Interessante…

Um pequeno detalhe, no entanto, nos revela por inteiro, nos deixa transparente diante do outro.  O fato do joalheiro não admitir sua dificuldade em fazer a limpeza num material minúsculo, pela dureza de suas articulações e usar de outros subterfúgios para justificar que o serviço não poderia ser feito, foi o suficiente para revelar uma faceta de sua personalidade que não me agradou e mudou a imagem do comerciante no meu conceito pessoal.

Por esse mínimo detalhe deixei de comprar o brinco. Talvez, um ato falho do pobre homem que passou sua vida dedicada à profissão. Mas fazer o quê? No comércio principalmente, a empatia é fundamental para as boas venda.

Um pequeno ato falho que o deixou vulnerável ao outro!

Foto retirada da Wikipedia. Zsa Zsa Gabor em Moulin Rouge (1952); figurino de Elsa Schiaparelli

Clássicos de Hollywood sobre pintores famosos e seu estilo de vida

O crítico de arte americano, Ben Davis, relaciona cinco clássicos de Hollywood que apresentam a imagem de pintores e escultores como heróis trágicos, irreprimíveis e eróticos entre os anos 30 e 50. Segundo ele, os cineastas estavam apaixonados pela vida dos artistas muito antes de Leonardo DiCaprio ser escalado para atuar como Leonardo da Vinci.
 “Estamos vivendo no meio de um boom biográfico de artistas”. afirma o crítico.  E alguns artigos ele faz uma seleção de filmes hollywoodianos que marcaram época, contando as histórias de vida de artistas famosos, é claro, com um toque americano muito diferente do filme de arte de diretores europeus.  Nessa análise ele cita alguns clássicos, aponta as peculiaridades, e define o limita ou abre novos caminhos para contar histórias sobre arte para o público em geral

Arte em cartaz

Para certificar-se que é real a informação sobre a preferência atual por biografias de artistas e escultores, basta dar uma olhada nos últimos lançamentos em cartaz no mundo. A tendência  é visível. Citamos como exemplo, No Portão da Eternidade, a história de Vicent Van Gogh, isso sem contar a animação feita em 2017, Amando Vicent.

Outro filme Nunca deixe de Lembrar inspirado na história de Gerhard Richter, um pintor alemão que viveu na Alemanha nazista. Mais o Mrs Lowry and Son – filme que conta a história sobre o artista britânico, Laurence Stephen Lowry  e o relacionamento com sua mãe, fazem parte dos novos e mostram como o cinema americano está voltado para este tema atualmente.

Escolhas de Ben Davis

O crítico nesse material da Artnet nos presenteia com uma pesquisa muito interessante. Para cinéfilos basta acessar o site verificar as etapas que ele publicou o material. Numa primeira análise, resgatou clássicos entre as décadas de 30 a 50.

O filme The Affairs of Cellini (1934), que trata da vida de Benvenuto Cellini (1500-1571). Rembrandt ( 1936), que dispensa explicações, The Moon Sixpence (1942), inspirado na vida de Paul Gauguin, Moulin Rouge (1952), sobre a vida Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) e The Lust of Life (1956), sobre Van Gogh. Esse último citado, talvez tenha sido o primeiro de de uma séria de outros que surgiram sobre ele. O filme rendeu um Oscar para Kirk Douglas que fez o papel do artista e para o melhor coadjuvante Antony Quinn.

The Agony e o Ecstasy e El Greco

Agonia e Êxtase e El Greco da década de 60, segundo artigo, foram dois clássicos que, na opinião de Davis, representam o climax do estilo hollywoodiano de ‘espetáculo fantasiado, produzidos para contrabalancear o surgimento do ‘filme de arte’ europeu. Ambos fazem o estilo dramalhão, sobretudo o primeiro com Charlton Heston representando Michelangelo.

Décadas de 70 e 80

Ben Davis não perdoa e sem tem ‘papas na língua’ quando trata de analisar as décadas 70 e 80 na produção de filmes biográficos sobre artistas na terra do cinema americano. Um período em que os produtores e diretores de Hollywood estavam ocupados com outros temas, consolidando filmes de sucesso, como O Poderoso Chefão, Guerra nas Estrêlas.

Retratar vida de artista agradava um público mais intelectual e seletivo. Assim mesmo, ele cita The far Shore, sobre o artista Tom Thomson, Gauguin, o Selvagem e Caravaggio.

Fonte: Artnet

 

 

 

 

 

 

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