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Sincretismo religioso que só existe no Brasil

A cidade  de Salvador, na Bahia, encanta pela riqueza cultural afro-brasileira.  A sedução é inevitável. Muito mais se o turista assistir a Missa da Benção, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, exemplo de sincretismo religioso. Candomblé e catolicismo.

É uma missa que somente no Brasil é capaz de ser celebrada porque tem nas entrelinhas de seus ritos a história da escravidão.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (1704/1796), Largo do Pelourinho, Salvador, Bahia. Foto via internet

Vamos deixar de lado a celebração religiosa e lançar um olhar mais antropológico ou sociológico. A missa representa o Brasil e a sua história. O negro escravo catequizado pelo homem branco. Disso resultou uma mistura das crenças que foi passada de pai para filho e uma devoção muito grande e fé para suportar o sofrimento da escravidão.

Sincretismo

O que fazer se o senhor dos escravos acreditava em santos e o negro tinha a força dos Orixás escondido em seu coração. Era aceitar que Deus era o mesmo para todos e os elementos de cada religião poderiam ser reinterpretados sem alterar a fé. Uma grande lição de humildade e sabedoria.

Santa Bárbara(justiça) é Iansã (senhora dos ventos),  Nossa Senhora da Conceição é Iemanjá (rainha dos mares), São Jorge é Ogum (guerreiro), Jesus é Oxalá e assim vai…

Emocionante é a demonstração de que é possível conviver com a diversidade de crenças. Nela o candomblé e o catolicismo se unem em uma única linguagem espiritual.

Irmandade dos Pretos

A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi começada em 1704 e construída lentamente por descendentes de escravos e ex-escravos que trabalhavam voluntariamente nas horas livres. No século XVII, os negros se organizaram em uma associação e dela surgia a Irmandade do Rosário dos Pretos de Salvador.

“A Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, ereta canonicamente na Capital do Estado da Bahia, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Praça José de Alencar, s/nº, Pelourinho, fundada no ano de 1685 e elevada à categoria de Ordem Terceira em 02 de julho de 1899, é uma associação religiosa, sem fins lucrativos, de pessoas católicas de ambos os sexos, de cor negra, de conduta ilibada e que praticam como bons cristãos os mandamentos de Deus e da Igreja.

Ao longo do tempo esta Irmandade acabou por adquirir um cunho cultural, já que sempre foi um espaço de fortalecimento de identidade e preservação da cultura afro – brasileira”. Fonte Irmandade do Rosário.

Acervo histórico

Azulejos vieram de Portugal e que destacam a devoção ao Rosário. Os altares são em estilo neoclássico realizados em 1870 pelo entalhador João Simões F. de Souza. Entre as imagens coloniais destaca-se a de Nossa Senhora do Rosário, do século XVII, venerada na antiga Sé da Bahia, além das imagens de Santo Antonio de Categeró, São Benedito, Santa Bárbara e Cristo em marfim.

Nos fundos da igreja existe um antigo cemitério de escravos e para preservar a sua história, a liturgia dos cultos faz uso de música inspirada nos terreiros de Candomblé. Nas datas comemorativas de Santa Bárbara (catolicismo), Iansã (Candomblé), a igreja tem uma agenda de festas.

Missa da Benção

As imagens captadas nesse vídeo foram de uma Missa da Benção realizada em janeiro de 2013. A música contagia quase em toda a celebração. Durante o ofertório em que as mães de santo levam cestas de pão para a benção, a alegria e a música são mais intensas. Vale a pena ver!

Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Horário(s): Terça às 18h, e aos domingos, às 10h

foto via Exibart

São Jorge não é mais o mesmo.

Uma escultura de madeira, do século 16, de São Jorge ganhou cara nova na região de Navarra, na Espanha. Vamos concordar que perdeu a identidade antiga e ganhou cara nova mesmo! 

O ‘remake’ feito no famoso santo matador de dragão foi desastroso. A pseudo-restauração deixou-o igual a um personagem de histórias em quadrinhos, até com bochechas rosadas. Isso sem contar o olho que ficou meio torto.

É o segundo caso na Espanha de restaurações feitas de forma amadora em obras de arte. Especialistas espanhóis em restauro nem ainda se recuperaram do ocorrido em 2012, quando um pintor idoso destruiu o afresco Ecce Homo, de Elías García Martínez, em Borja, e tiveram um novo susto. Agora foi a vez da escultura de São Jorge, localizada em uma igreja na cidade de Estella. Novamente a restauração foi entregue nas mãos de um amador local.

Prefeito furioso

O prefeito da cidade, segundo notícias, está furioso. “Este é um trabalho para especialistas e deveria ser feito por profissionais”. A Associação dos Conservadores e Restauradores da Espanha também se manifestou e disse que existe uma terrível falta de formação para este tipo de trabalho.

Infelizmente, uma situação que é impossível reverter no caso da obra. São Jorge não é mais o mesmo!

Exibart

 

 

 

 

foto via site Exibart

Nem Damien Hirst escapa do marketing digital

O controvertido artista inglês Damien Hirst também não escapou das novas estratégias de marketing sugeridas pelos especialistas no assunto. Famoso por suas obras polêmicas, Damien agora postou uma foto no Instagram em que aparece de cueca em seu estúdio, cercado por alguns de seus últimos trabalhos.

Esses são alguns dos meios utilizados para aumentar número de seguidores e dar mais visibilidade ao seu perfil. As escolhas são de cada um. Gerar polêmica, sugerir algo novo, mostrar beleza…

Matéria publicada no Exibart

“Quase 28 mil curtidas e mais de 3.922 comentários sobre o novo post do Instagram de Damien Hirst. O artista inglês postou uma foto que se apresenta de cueca em seu estúdio, cercado por alguns de seus últimos trabalhos, anunciando aos seus muitos seguidores que aqueles que comentarem com a legenda mais divertida receberão um como presente. O trabalho em questão é “Andromeda”, uma cópia numerada e assinada no valor de US $ 3.288.”

Damien Hirst

O artista britânico é um dos mais polêmicos da arte contemporânea. Em suas obras explora temas como a morte. Suas criações normalmente alcançam um preço alto, milhões, e agradam a um segmento de público. Ouro, diamante, formal foram materiais utilizados em seus trabalhos mais questionados por curadores e críticos. Um tubarão conservados em tanque de formal. Uma vaca com as patas em ouro. “Pelo Amor de Deus” é um crânio com mais de oito mil diamantes incrustados.

Tem gente que gosta, paga e alimenta essa irreverência artística que nada mais é do que uma poética crítica do mundo moderno. Poderosa no uso dos recursos para chamar a atenção!

Foto via site NiemanLab

Alfabetização midiática é o ensino do futuro

As pessoas no futuro estarão mais aptas a identificar o que é falso e separar o que é verdadeiro nas informações veiculadas pela internet. Alfabetização midiática será um ensino tão importante quanto aprender a ler.

A preocupação está ganhando espaço entre os estudiosos em comunicação e o principal fator não é somente ensinar, sobretudo perceber quanto tempo é preciso para que as pessoas mudem de comportamento.

“A habilidade para analisar notícias objetivas precisa ser desenvolvida por conta própria … provavelmente precisa ser coordenada com a habilidade de analisar notícias baseadas em desinformação”.

NiemanLab

Uma matéria divulgada no Nieman Lab, assinada por do laboratório de jornalismo de Havard, trata de um programa desenvolvido na Ucrânia. O programa não só divulgou o sucesso em números de participantes, mas acima de tudo se preocupou em saber em quanto tempo os participantes conseguiram se ajustar à nova leitura das informações. Segundo as estatísticas, em 18 meses depois que concluíram o curso.

Learn do Discern

Learn to Discern foi o nome dado a ele, também conduzido por uma entidade sem fins lucrativos IREX, para educação global.  O programa foi desenvolvido com financiamento do governo canadense e apoio das organizações locais como Academy of Ukrainian Press e StopFake. A ideia era treinar treinadores, no qual 361 líderes comunitários receberam informações para promover a alfabetização midiática na comunidade.

Principais pontos

Em contraste com os cursos de alfabetização midiática mais tradicionais, o treinamento L2D focou especificamente em ensinar cidadãos a identificar fatores de manipulação e desinformação na mídia noticiosa. O currículo destina-se a fomentar habilidades de pensamento crítico, ensinando aos participantes não apenas a selecionar e processar notícias, mas também a discernir o que não consumir.

A formação foi para cidadãos formadores de opinião e adaptada às necessidades e interesses do seu local de trabalho ou redes comunitárias.

Aqueles que concluíram o treinamento de mídia quase não foram melhores em avaliar a história objetiva do que aqueles que não fizeram o treinamento. Este é um problema que já vimos antes: as pessoas não têm certeza de que podem confiar em qualquer coisa. (Apenas 25 por cento dos ucranianos dizem que confiam na mídia, de acordo com o IREX.)

“O maior desafio, na minha opinião, é ter muito cuidado entre aumentar o ceticismo saudável, mas não contribuir para a desconfiança geral”, disse Tara Susman-Pena, consultora técnica sênior do IREX, ao Slate. “Essa é exatamente a estratégia do Kremlin, para levar as pessoas a pensar, Oh, não existe tal coisa como verdade, não há fatos”.

“Há uma grande diferença entre o número de pessoas que se preocupam com notícias falsas e o que se disse que eles realmente viram.

Além disso, o Facebook procura contratar “especialistas em credibilidade de notícias”, e a Reuters tenta descobrir se sites altamente partidários estão ganhando força dentro e fora dos EUA (parece que eles não estão).

O fluxo crescente de relatórios e dados sobre notícias falsas, desinformação, conteúdo partidário e conhecimento de notícias é difícil de acompanhar. Este resumo semanal oferece os destaques do que você pode ter perdido.

A maior lacuna está entre a percepção e aquilo  o que as pessoas realmente vêem. ”O Relatório da Reuters Digital News de 2018 – que nós escrevemos aqui – inclui grandes seções sobre notícias falsas e desinformação.

Um exemplo:
– As pessoas se preocupam com notícias falsas, mas têm dificuldade em pensar em vezes em que realmente a viram”.