lampião

Mossoró 40 graus oferece águas termais incríveis e muita história com Lampião

Não é possível afirmar que Mossoró é uma cidade bonita...Para o turista o fato ficará em segundo plano, depois de aprofundar-se na sua história e banhar-se nas medicinais águas termais.

Tenho certeza que estão achando loucura a ideia de águas termais numa cidade que ferve na temperatura. A média anual é 27°C (dados da prefeitura) e a máxima passa de 36°C e garanto que a sensação térmica é muito maior que isso. Por incrível que pareça é possível curtir e deliciar-se nas águas termais de Mossoró, que são de alto valor terapêutico, com piscinas que chegam a 50°C.

Posso garantir que é possível aproveitar o local e não sentir-se num caldeirão de água fervente por experiência própria. “Ninguém morreu aqui”, respondeu-me um funcionário do Hotel Thermas de Mossoró quando perguntei a ele, será que é seguro entrar numa piscina que marca 44°C?

E não é que ele tinha razão!

Experimentei a piscina de 44°C e me senti maravilhosamente bem. A pele ficou como se tivesse feito um peeling.A fonte de água termal foi descoberta porque estavam em busca de petróleo. Aliás, a cidade é a maior produtora terrestre de petróleo no país. A área referente ao hotel resort é arrendada para iniciativa privada e esteve fechada durante a pandemia. Hoje Hotel Thermas de Mossoró oferece diversas opções para quem quiser aproveitar dos valores terapêuticos da fonte de água termal do local. Um morador de Mossoró que frequenta as termas todo o fim de tarde porque adquiriu o passaporte anual revelou que não pegou covid. “Venho aqui todos os dias depois do trabalho e me banho nessas piscinas”, contou. Não pegou covid e se preveniu tomando as três doses da vacina.

Mas Mossoró não se resume apenas às águas termais. É a segunda cidade em tamanho do Rio Grande do Norte, com muita tradição e um povo corajoso, com mulheres fortes e determinadas.  

São muitos feitos. Mossoró foi a primeira cidade no Brasil a abolir a escravidão em  1883, cinco anos antes da Lei Áurea, teve o Motim das Mulheres em 1875, e teve o voto da primeira eleitora da América do Latina. Por fim, resistiu em 1927 ao ataque do Bando de Lampião .Fonte: Folha de São Paulo e Wikipédia

 

Muitas histórias contam de Lampião pelo Brasil afora no imaginário popular. Tem gente que o defende como um justiceiro que tentou vingar a morte do pai – provocada por problemas entre fazendeiros e roubo de gado que nada mais é do que o resultado de sérios problemas sociais num Brasil inculto;  e outros o retratam como um bandido cruel e assassino, que realmente atacou e matou gente inocente.

 

Então digam: não são um povo muito arretado como dizem no nordeste? Somente a história da resistência a Lampião ganhou um Memorial e Museu na cidade.

 Mas cá prá nós, a prefeitura precisa dar mais atenção ao local. 

“Os cangaceiros torturavam e degolavam gente inocente e mesmo assim eram vistos como heróis. Mossoró que tinha um nível cultural acima da média das cidades nordestinas, os cangaceiros eram malvistos, temidos e odiados”

Lampião e Maria Bonita também têm uma saga que fascina a todos que se interessam em conhecer fatos sobre a história do cangaço no nordeste.

Essas fotos ampliadas de Lampião e seu bando existem e foram aproveitadas para compor  no Memorial de Mossoró porque um destemido fotográfo, Benjamin Abrahão Botto fez um registro iconográfico do cangaço e de seu líder. Baile Perfumado é o filme que conta a história do fotógrafo.

Outra história que vale contar de Mossoró foi a do “Motim das Mulheres”, em 1875, quando 300 cidadãs mossoroenses saíram às ruas indignadas contra a obrigatoriedade do alistamento militar

“As mulheres protestaram contra a regulamentação do recrutamento do Exército e Armada pelo gabinete do Visconde do Rio Branco, durante o reinado de Dom Pedro Segundo. Utilizando panelas, frigideiras, conchas e colheres de pau, Ana Floriano e as mulheres foram até a Igreja Matriz de Santa Luzia e rasgaram os editais fixados no quadro de avisos. Em seguida, se dirigiram à casa do escrivão do juiz de Paz e tomaram e rasgaram o livro e os papéis relativos ao alistamento”. Fonte Prefeitura de Mossoró

Mossoró esta aí… Um surpresa como cidade que se impôs na história e no desenvolvimento econômico. Mas como todo país sub-desenvolvido numa terra de riquezas naturais exploráveis, quem explora são os poderosos (coronéis) e povo não tem direitos a melhorias na condição de vida. É uma pena que a igualdade social não existe mesmo em lugares como Mossoró, que é terra de subsolo rico em petróleo. Está na  hora de investir mais na cidade senhores políticos!

MULHERES 3

Burkini ou biquini? Mulheres marroquinas respondem pelo olhar

Nas praias de Fnideq, norte de Marrocos predomina o burkini, versão atual do traje de banho das mulheres islâmicas. Se aparecer de biquini por lá, poderá chamar atenção e atrair olhares de aprovação de algumas mulheres, mas a maioria, sequer terá coragem de te olhar.

Certeza que sentirá  vontade de cobrir rápido o corpo, quando perceber que é o centro das atenções por estar fora do contexto dos costumes locais. Marrocos é um país islâmico e as regras são totalmente diferentes da nossa.

Constrangimento é a palavra certa para definir o que eu e minha filha Marcela sentimos, quando flagramos olhares curiosos em nós, dos marroquinos porque estávamos com o nosso tradicional biquini na praia perto do apartamento que alugamos. A família – nós duas, o marido Gustavo  e as filhas, Helena e Catarina – foi fazer um tour, por uma semana no litoral norte de Marrocos, cuja entrada é por terra, saindo de Lisboa entrando pela Espanha e atravessando de barco o estreito de Gibraltar.

Lépidas, faceiras, assim que chegamos na cidade litorânea de Marrocos, num sol escaldante, vestimos o biquini – Marcela com o biquinininho, e descemos à praia próximo ao apartamento que estávamos instaladas.O susto foi grande, confesso!.

Não lembramos do detalhe da religião, e especificamente aquela praia era só frequentada por marroquinos. Mas o que aconteceu naquele primeiro dia incursão pelas praias serviu como alerta: se você é visitante deve respeitar a cultura local, seus usos e costumes dentro do possível, ou procurar locais mais acessíveis aos costumes estrangeiros. Achamos poucos quilômetros adiante um bar, cujo frequentadores eram europeus, islâmicos, cada um na sua forma de ser. Sem stress. Sem crítica velada pelo olhar!

Essa mulher da foto está com hijab – o lenço que cobre a cabeça e roupas que deixam apenas a mãos e os pés à mostra. Em muitas praias, algumas mulheres islâmica eram radicais. Nem o burkini usavam e entravam no mar com uma quantidade expressiva de pano encobrindo o corpo.

Talvez, deduzi, mulheres que são adeptas  a uma linha mais fundamentalistas do islamismo,  como algumas delas que vestiam-se totalmente de negro. O mais interessante nessa história é que a quantidade de pano envolvendo o corpo, nem de longe retirava delas a alegria de desfrutar um delicioso banho de mar, nas águas cristalinas e turquesas do Mediterrâneo.

Mas o que é um burkini? Com exceção do rosto, dos pés e das mãos, o “burkini” cobre o corpo inteiro, porém é suficientemente leve para as mulheres praticarem natação. A peça é composta por três partes – a capa, o casaco e a calça – e seu nome é a fusão entre as palavras “burca” e “biquíni… Uma definição que para mim é duvidosa. Nem de longe se assemelha a um biquini, porém é uma roupa de poliéster e elastano, seca rápido e muito mais confortável que as roupas femininas islâmicas do dia a dia.

Marrocos é um país, cuja religião, comida, hábitos são  totalmente diferentes do nosso modo de vida ocidental. Um país com belas paisagens, rico em cultura e que vive em aparente tranquilidade sob o comando de um rei de uma dinastia que vem há mais de 600 anos. Durante muito tempo foi protetorado francês e também espanhol.

Num pequeno trecho adiante da praia mais tradicional encontramos um bar com todos os  serviços que tínhamos direito. Menos bebida alcoólica. As mulheres vestiam burkini e até hijab, europeias com biquini e todos convivendo e desfrutando da beleza natural do local. Uma trecho de mar precioso e tudo muito barato.

A criadora do biquíni islâmico é a estilista australiana de origem libanesa Aheda Zanetti. “Eu tive a ideia em 2004, enquanto observava minha sobrinha jogar netbal. Os modelos são os mais variados e coloridos, juntando com a alegria delas desfrutando a água.

Quando a estilista fala em alegria, vale destacar o prazer que as mulheres marroquinas tinham em brincar na água. Observei uma delas na água e a alegria era tal, no mergulho e nas brincadeiras de curtir as delícias de um banho de mar, que pareciam crianças e sem se importar com a panarada que boiava enquanto elas brincavam e riam de uma forma pueril.

A pergunta é Burkini ou Biquini?. 

Na minha opinião cada qual no seu “quadrado”,  principalmente se a decisão de cobrir o corpo seja da mulher e não do homem ou da igreja. Mas cá pra nós, irrita ver os marmanjos de calção, na total liberdade e as mulheres presas a certos preconceitos. 

Daí entendi os olhares quando passei com o meu biquini – estilo senhora e minha filha com o próprio biquininho dela. Uma senhora de mais idade, vestindo seu burkini olhou-me sorrindo carinhosamente como se dissesse pelo brilho do olhar: admiro você pela coragem e determinação!

Sem constrangimento, Marcela de biquini num espaço natural livre totalmente, no qual o criador não estabelece regras e todos são iguais.
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Quando as mulheres não tinham espaço na arte

Para comentar sobre o papel da mulher no passado durante a semana do Dia Internacional da Mulher , o PanHoramarte coloca em pauta a conquista das mulheres no mundo das artes, que historicamente, em períodos anteriores ao século X VIII, no Ocidente, era território exclusivo dos homens.

Mulheres corajosas em suas posturas diante da sociedade hostil às suas produções artísticas, como a artista veneziana, Rosalba Carriera (1673-1757), que contrariando os costumes da época, se retrata despojada da peruca tradicional, expondo seus cabelos grisalhos e estabelecendo uma áurea de luz próximo à cabeça significando a força do intelecto nas mulheres.

Artemisia Gentileschi, artista italiana nascida em Roma, em 1593, foi provavelmente a primeira mulher a enfrentar preconceitos ao levar a um tribunal e condenar o homem que a violentou. Pelo personagem feminino que representou na história, a coragem e o talento que permearam a carreira desta jovem italiana do século XVII, homenageamos todas as mulheres, em seu dia. Seja o exemplo de Artemisia um estímulo para as mulheres prosseguiram na luta contra a violência, desigualdade e discriminação social. Leia sobre a artista aqui

 

Rosalba

Rosalba viveu em pleno florescer do século das Luzes na Europa, Iluminismo – 1.700.

Essas informações fizeram parte de minha aula de crítica de arte da professora Orietta Rossi Pinelli, na Universidade Sapienza, em Roma.

Em sua tese, transformada em livro, “Le Arti nel Settecento Europeo”(sem tradução para o português), a professora lamenta a falta de dados, para análise, sobre as produções artísticas das mulheres em anos precedentes a 1700.

Tão somente a partir do século XVIII que as mulheres começaram a ter oportunidades maiores com suas obras e criações.
Orieta cita além de Rosalba Carriera, também Giulia Lama, MmeVigée-LebrunAngelika Kauffamann, algumas das pintoras que alcançaram “um certo sucesso pessoal quando não a riqueza, obtendo a estima dos intelectuais da época”, escreve.

Segundo a pesquisadora italiana, não era fácil ser aceita na academia,salvo se eram mulheres, filhas ou irmãs de artistas homens.

“Quando conseguiam entrar, tinham que aceitar restrições, como a de ser proibida a frequentar as aulas de nu artístico, indispensáveis para formação artística e para em seguida conseguir encomendas públicas.”

Angelica Kauffmann

Angelica Kauffmann – foto wikipédia.

Angelica Kauffmann (1741-1807), por exemplo, teve coragem de se opor a esta limitação. ” No decorrer do século, algumas mulheres foram capazes de interpretar ainda mais os seus papéis em primeiro plano, algumas à sombra da coroa, como Mme Pompadour (1721-1764) ou Mme du Barry (1743-1793), outras foram protagonistas absolutas da cena europeia, como a imperatriz Catarina da Rússia (1729-1796) ou Maria Teresa da Áustria (1717-1780), todas vivendo no século das Luzes. Essas mulheres usaram de seu poder em favor da arte e da cultura”.

Luta

Desse modo, ao visitar o passado é possível observar que não foi em vão a luta das primeiras feministas da história da arte no Ocidente, que quebraram tabus de uma sociedade exclusivamente masculina. Mulheres que se rebelaram ao destino imposto: casamento,maternidade ou convento, ou uma vida fútil de cortesã da corte.

Por outro lado, no Brasil, a arte estava dando os primeiros passos com a corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro.  Nenhum nome feminino se destacou num período em que o país importava artistas da Europa para suas produções artísticas. Nada foi encontrado. Caso conheçam alguma artista brasileira dessa época nos avisem!

panoramica

Você conhece a “nossa” Dubai?

O título é apenas uma provocação para falar da "nossa" Dubai, na praia de Ponta Negra, em Natal. Fique claro que não tem nenhuma semelhança com a Dubai, dos Emirados Árabes.

Dubai de Ponta Negra recebeu este nome porque os nadadores inspiraram-se na original árabe por ser no mar e  ser  grande, certeza. Mas a “nossa”, plataforma flutuante a 500 metros da praia e próximo ao Morro do Careca, é sinônimo de reunião, descanso temporário e comunhão com natureza e está  perto de um incrível santuário ecológico – o Morro do Careca, que é hoje o cartão de visita da capital potiguar.  Um local com uma energia incrível, uma enseada tranquila capaz  de purificar corpo  e alma. 

Agora Dubai é nossa queridinha. Ela faz parte da gente  e nós fazemos parte dela e ela já virou ‘point’ e vai ser ponto turístico daqui a pouco.” Madalena Nunes  –  que representa  nadadores  de  Ponta Negra (ANPN)

“O sucesso plataforma dá-se pelo tipo de mar de Ponta Negra, tranquilo, muito pacífico. No pé do Morro, então, é uma piscina”, explica a nadadora que coleciona troféus como campeã de natação ao longo de sua carreira. À parte ao seu trabalho como corretora imobiliária, Madalena ainda encontra tempo para agitar e mobilizar a turma de diversos grupos de nadadores de Ponta Negra  para realizar eventos, inclusive festas e até brincar no carnaval.  

Madalena Nunes - foto ANPN
Foto cedida pelo nadador e idealizador da TV NPN, Humberto Maurício.

Além de Madalena, muita gente que gosta de interagir mostra o que de melhor o grupo faz. Humberto Maurício , nadador movimenta agita a galera com a  TV NPN que tem canal no Youtube. 

TV NPN cobriu a entrega de prêmios para quem nadou de  7 e 14 km por mês.

Madalena também conta a história como começou e não foi de agora. Começou com um  grupo chamado  Poseidon. Nadadores sempre foram motivados a realizarem percurso nas praias de Natal já há décadas. Mas o  movimento intensificou-se com o WhatsApp, no qual a interação serviu para criação de  diversos outros grupos. O trabalho é coletivo e  cada qual busca o grupo que  se afina mais sempre  com  o objetivo de nadar. Antes da Dubai tinham jangadas ancoradas a 500 metros, cada grupo com a sua e a dos nadadores chamava-se Catamarã. O problema que era de madeira e tinha problemas de manutenção e a “gente se ralava nela”, conta Madalena. A solução era construir uma base de plástico, blocos como lego. A ideia quem teve e apresentou foi o Cézar, que dirige o CTF – Centro de Treinamento de Esporte, em Ponta Negra, para quem tem interesse de aprender a nadar e outros  esportes.  Da ideia para concretizar foi um vapt-vupt, uma vaquinha para angariar grana e comprar os bloco ( como legos). Na época custou 12 mil reais e foi suado e conquistado a partir das doações de nadadores e interessados. 

Turma de nadadores que participaram do aniversário da Dubai
Turma das mulheres nadadoras - Madalena de azul

No dia 18 de fevereiro a Dubai completou cinco aninhos de instalação. A festa foi com direito a bolo  e um relax. 

Os nadadores e amigos de Ponta Negra, Cosimo, Adilson Costa e Humberto Mauricio gentilmente cederam as imagens e vídeos para ilustrar o artigo e mostrar aos leitores a dimensão  desse movimento em prol da saúde e do bem estar.

Os  grupos de nadadores, de stand up e as escolas instaladas nas próximidades da praia são, sobretudo guardiãs dessa enseada maravilhosa.

Agora vou contar um segredo a vocês: eu ainda não conheço a Dubai. Fiz duas tentativas e me percebi com braçadas desordenadas, fôlego de dar dó e medo do mar. Estou num processo terapêutico , ops … de aprendizado de técnicas naquela escola pertinho do Morro. Isso porque tudo começou com Talita Smith, a osteopata que, entre um toque e outro numa dor insana no pescoço, simplesmente me colocou no grupo dos nadadores. Me senti poderosa e lá fui me aventurar a chegar na Dubai, achei que nadando cachorrinho e boiando ia a qualquer lugar neste mar pacífico. 

Mas o meu corpo não foi pacífico comigo.. rsss. Aí lembrei do meu amigo Flávio Cunha na Olímpica Piscina que tornou hilária a forma como aprendeu a  nadar.Assim, numa boa rindo das minhas limitações  tratei de resolver os entraves sem acanhamento. Eu chego lá na Dubai porque já me apropriei do “nossa”. Ora vejam só! 

E você?

Não se acanhe…

Se ainda  não conhece a “nossa” Dubai e  curte nadar e desfrutar do balanço das ondas do mar, achegue-se…….. A Dubai te espera!