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Tecnologia e arte em ‘Acordo Global’

A tecnologia cada vez mais faz da arte uma mistura de prazer e pensamento crítico. ‘Global Agreement”(Acordo Global), do artista francês Neil Beloufa, trata da interferência das mídias sociais na vida moderna. A instalação,  que se encontra exposta na Bienal de Veneza, consiste em uma série de entrevistas em vídeo via Skype com jovens soldados – homens e mulheres – de diferentes países.  Beloufa instalou um conjunto de dispositivos de treinamento semelhantes as encontradas em academias que funcionam como estações de visualização de uma série de vídeos.

As estruturas são rígidas e ao mesmo tempo atraem o observador que se interessa em assistir aos vídeos. Para assistir é necessário sentar-se em almofadas e encostar a cabeça no dispositivo, aquele que mais parece um aparelho para exame oftalmológico, e uma vez em posição, com movimentos restritos e de certa forma numa posição desconfortável, o espectador confronta-se com rostos pré-gravados exibidos no estilo de bate-papos em vídeos para dispositivos móveis.

A instalação “Acordo Global” é uma alegoria do ambiente virtual. A interessante posição desconfortável que o artista coloca o espectador para participar do ‘pseudo’ bate-papo com o entrevistado no vídeo,  é  irreverente. Nos faz sentir parte da obra, com a sensação do entrevistado estar falando com você, quando na realidade a conversa foi elaborada e idealizada entre o artista e os entrevistados.

Talvez você viva mesmo em tempos interessantes!

 

 

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Jardim artificial de Hito Steyerl é a parte lúdica na Bienal de Veneza

A  vídeo instalação ‘This is the Future’ tenta integrar o espectador a um jardim que na realidade não existe porque é pura tecnologia. No entanto, é a parte mais lúdica da 58a Bienal de Veneza 2019, mas um lúdico um tanto desolador..A ampla sala montada com passarelas, telas de projeção e paredes de smart glass é o jardim que a artista austríaca Hito Steyerl decide encontrar depois de escondê-lo no futuro para protegê-lo.

O visitante percorre este jardim mágico, repletos de flores digitais que brotam, florescem e murcham sem nunca existirem de verdade. Embora estimule o espectador, que caminha  pela passarela, a harmonizar-se com o mundo pela beleza das flores, não o acalma porque as flores não existem e não podem existir porque residem no futuro e ele não está escrito, segundo a artista.

“Hito Steyerl se pergunta se a “Inteligência Artificial” tem a capacidade de predizer o futuro, a resposta é um claro não. Ela só pode fazer ressoar resultados prováveis do que é previsível. Em uma época em que o mundo da arte fica de ‘boca aberta’ diante da primeira obra de arte realizada pela IA e o mercado da arte a legitima o status, Steyerl levanta questões sobre o papel que desempenhará em nossas vidas”. Bienal de Veneza

Hito Steyerl é um cineasta, artista visual , escritora, inovadora em ensaios documentário. Seus principais tópicos de interesse são mídia, tecnologia e circulação global de imagens. Steyerl é PhD em filosofia pela Academia de Belas Artes de Viena . Atualmente, ela é professora de New Media Art na Universidade de Artes de Berlim , onde co-fundou o Centro de Pesquisa para Proxy Politics , juntamente com Vera Tollmann e Boaz Levin.  Fonte:Wikipédia

 

 

 

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Artistas chineses na Bienal de Veneza expõem o poder

A instalação Trojan  2016-2017, de Yin Xiuzhen,  as obras Dear – 2015 e   Can’t help myself ambas ,de Sun Yuan e Peg Yu, são leituras do poder no mundo moderno, na 58a. Bienal de Veneza 2019. Trojan é uma colossal escultura confeccionada com roupas usadas, argila e metal. A figura de uma mulher que se posta curvada, à primeira vista, ao visitante que percorre o Arsenale.

Na realidade, a ideia da artista é dar destaque aos inúmeros indivíduos que usaram aquelas roupas e que se afogam em uma época de homogeneização, lembrando-nos ao mesmo tempo da poluição e do consumismo incessante associados à indústria de roupas.

Dear

A grande poltrona branca confeccionada em silicone é ameaçadora em seu conceito permanecendo protegida por paredes de Plexiglas. Por que ameaçadora?

Porque  lembra o poder, o autoritarismo, a repressão. Isso quando um tubo de borracha colocado no meio da poltrona começa a receber sopros de ar altamente pressurizado e acaba chicoteando o entorno, num barulho ensurdecedor.  A obra Dear é inspirada num poltrona imperial romana que também é a poltrona de Abraham Lincoln,  no Lincoln Memorial,  EUA. Entre uma periódica erupção e outra, o que mais chama a atenção é a poltrona inerte em sua imponente posição.

Can’t help myself

Uma construção robótica que está constantemente tentando deter um líquido vermelho. “Não posso me ajudar” é uma obra impressionante e nos remete a violência e a tentativa de não deixar vestígio.

Um braço mecânico está protegido por parede de  plexiglás e move-se para conter um líquido viscoso muito semelhante ao sangue. Ao fazer isso, ele executa ações que não são apropriadas para ele, como dançar, arranhar, apertar as mãos e até mesmo apertar. A maneira completamente desajeitada com que ele se move faz o “sangue” espirrar nas paredes de proteção.

 

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Shilpa Gupta deu voz aos poetas presos e silenciados por suas crenças

A instalação sonora “For In Your Tongue, I Can Not Fit -100 Jailed Poets”, no Arsenale, na Bienal de Veneza 2019,  é visceral. Atinge a sensibilidade do espectador e o faz pensar naqueles que lutaram e morreram por suas crenças. Essa é intenção de Shilpa Gupta, artista indiana, ao dar voz aos poetas presos e silenciados por suas poesias e crenças. São 100 folhas impressas espetadas em barras de metal, acompanhadas por microfones e a gravação dos poemas.

É uma obra profundamente sensorial, eloquente, pelo ambiente projetado pela artista que pesquisou poetas desde o século VII até os dias de hoje. Entre as poesias encontra-se a do poeta de Immadadin Nazimi, do Azerbaijão, que viveu no ‘século XIV e foi esfolado vivo em Aleppo.

Na medida que visitante se aproxima do microfone é declamada a poesia que consta na folha impressa. Os idiomas são variados, árabe, turco, inglês, indiano e russo. A obra destaca a fragilidade e vulnerabilidade de nosso direito à liberdade de expressão hoje em dia – e a bravura daqueles que lutam para resistir. Ao longo de uma hora, cada microfone, por sua vez, recita um fragmento das palavras dos poetas, faladas primeiro por uma única voz e depois ecoadas por um coro que se desloca pelo espaço.

 “O título da obra é inspirado em um poema do poeta do século XIV conhecido como Nesimi, nascido no que é hoje o Azerbaijão moderno e executado pelas crenças religiosas expressas em sua poesia que contrariam as doutrinas contemporâneas dominantes. Este é um dos vários poemas históricos incluídos na obra (com os primeiros datando do século VII). A grande maioria dos poemas, no entanto, decorre do século XX até os dias atuais, refletindo o envolvimento particular do artista com a ascensão do Estado-nação e as lutas sociais e políticas relacionadas à autodeterminação e acesso à democracia e aos direitos humanos”. Fonte: Architeraldigest

Shilpa Gupta nasceu em Mumbai, 1976,  e diz que a sua pratica é muito fluída e que trabalha com o cotidiano. Usa desenho, fotografia, vídeo, escultura, som e performance.