Bordeaux ou Borgonha?

São Paulo ou Rio? Madrid ou Barcelona? Carne ou peixe? Tem gente que sabe, tem gente que não, e tem gente que depende. Eu pertenço ao grupo dos depende.

E quando falam de vinhos, regiões vinícolas, nem se fala. Novo mundo ou tradição? Espanha ou França? Portugal ou Itália? Branco ou tinto? Monovarietal ou coupage? Malbec ou Merlot? Tempranillo ou Grenache?

E depende de que?

Depende de tudo ora. Do dia, da hora, do tempo, da ocasião, do preço, da região, do cardápio… e assim por diante. Sim; depende de tudo.

Para gostos, sabores; já dizia o ditado… e por que não muitos? Aqui não se trata de escolher um time de futebol, uma religião ou um partido político. Se trata de que a comida italiana é tão gostosa como a francesa ou a espanhola… é uma questão de experimentar.

Se tratando de vinhos então, a teoria é a mesma. Experimentar, experimentar e educar o paladar.  De todos os cantos, de todas as regiões, de todos os lugares. Quanto mais melhor. Só assim você vai começar a entender as diferenças de um vinho para outro sem se perder no meio de tanta informação e de tanta crítica.

Uns dizem que os Bordeaux são melhores, outros dizem que os Borgonhas.

Tem os que não abrem mão dos Riojas, dos alenteijanos, ou dos Alvarinhos. Mas a verdade é que para quem está começando, dá no mesmo. Enquanto você não começar a provar tudo o que você vê na frente, vai ser impossível criar um critério próprio.

Por exemplo: No verão de Madrid dificilmente tomo um tinto numa esplanada. Ou no inverno dificilmente tomo um branco. Um peixe geralmente pede um branco, carne geralmente pede tinto: mas a regra não é restrita. Você acomoda ela como você quiser. Isso é como arte: não gosta, não compra!

Mas quando você começa a gostar, cuidado pra não se arruinar!

Nos últimos dois anos estive viajando pela França nas regiões mais míticas de vinho do mundo: Bordeaux e Borgonha. A primeira dominada pela produção das uvas Cabernet Souvignon e Merlot, e a segunda pelas uvas Pinot Noir e Chardonay. Disputas à parte, eu fico com as duas. Mas para os franceses, não cabe dúvida. Ou você é de uma ou é de outra. Menos mal que sou de fora e não tenho que escolher.

Desde que eu fiz essas viagens, França abriu meus horizontes e se revelou como um país completamente desconhecido.

Bordeaux fica quase na fronteira com a Espanha, sendo destino turísticos de muitos espanhóis que vivem na capital. A parte da cidade, que leva o nome da região e do tipo de vinho procedente dali, esta zona está repleta de subzonas que se diferem basicamente pela sua variedade e forma de elaborar o vinho. O resultado: uma diversidade digna de ser provada, degustada e repetida quantas vezes forem necessárias.

Ali estão os famosos Margaux, Médoc, Saint-Emilion, Pauillac, etc., etc. y tal. Todos cortado pelos rios Garona e Dordonha. Entre o correr das águas dessa região na margem esquerda do rio Garona é onde se cultiva os vinhos que dão fama ao lugar. No entanto, Saint Emilion e Pomerol caminham na mesma direção; se já não alcançaram.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

Sai de Madrid de manhã e depois de 9 horas dirigindo, passando pelas mais belas paisagens do País Basco, Pirineus espanhol e francês, cheguei a Saint Emilion, uma das muitas regiões vinícolas da área.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

A cidade, super pitoresca, batizou o nome de uma das muitas denominações de origem da zona. Poder andar pela  cidade e ver que cada cantinho dela emana essa tradição foi uma experiência singular. Tanto é assim que o comércio local se dedica quase que exclusivamente ao vinho, e nas praças da cidade vendem mudas da variedade da uva Merlot. Levei duas mudas, uma está em Madrid e outra em Nanin, na Galícia. Uma pena que nenhuma das duas regiões têm a terra que tem  ali, nem o clima. Mesmo assim, foi como levar um pedacinho dessa região a minha casa.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

Provei vinhos excelentes, entre eles o Chateau de Ferrand ano 2005, uma das colheitas mais extraordinárias da região, que comprei uma garrafa e a tomei ano passado, 11 anos mais velho. Esse vinho foi um dos mais especiais que provei na minha vida. A experiência é digna de ser repetida.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D'Hipólito
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D’Hipólito

Outra viagem inesquecível foi quando estive ano passado na Borgonha, a região mais sibarita da França, em que a tradição e a reputação dos vinhos são inigualáveis. Os brancos da região são dominados pela uva Chardonay e os tintos pela uva Pinot Noir, o contraposto da Merlot.

Dijon. Foto Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto Jaqueline D’Hipólito

Cruzei de carro pela Borgonha afim de conhecer não só a história, mas também de viver uma experiência. E assim foi. Entre Dijon y Baune pude provar os vinhos da zona, suas diferenças, aprender um pouco mais e ver quão linda era essa região no centro da França. E com certeza umas das degustações para ficar na memória foi a que eu fiz no Château de Pommard, com vinhos especiais e únicos.

Chateau Pommard. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Chateau Pommard. Foto: Jaqueline D’Hipólito

A Borgonha é mágica. Não tem só beleza, mas também encanto. E com toda certeza sua reputação faz jus ao nome. Produtores do mundo inteiro direcionam sua atenção todos os anos a essa região para aprender o seu segredo, desvendar o mistério do seu vinho. Até na Espanha, muitos projetos bebem da sabedoria borgonhesa.

Borgonha. Foto Jaqueline D'Hipólito
Borgonha. Foto: Jaqueline D’Hipólito

É uma das grandes diferenças entre os vinhos do novo mundo e do velho mundo. A identidade dos vinhos borgonheses ou dos bordelenses não são só as castas, mas também a terra, o clima e a região, que no seu conjunto os franceses chamam de “Terroir”.  É aí, onde os maiores sommeliers do mundo distinguem a sua singularidade.

Borgonha. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Borgonha. Foto: Jaqueline D’Hipólito

Ali, uma parcela de vinhas corresponde a uma especificidade cercada por muros invisíveis. Cada parcela é batizada com um nome específico, que remonta as origens topográficas e/ou históricas. Foi com o passar do tempo, que os produtores da região foram aprendendo que cada parcela se podia atribuir características únicas, já que esta parcela não tem nada a ver com o que eles plantaram 15 metros adiante. Por isso, se disse que eles entendem do seu terroir como ninguém. Nem em Bordeaux os produtores são tão caprichosos.

Todo o vinhedo está dividido, com categorias mais diversas, que podem indicar a sua denominação de origem, a cidade, a região, a província ou a vila. No topo de toda essa classificação estão os Grands Crus, ou seja, “la crème de la crème” do vinho!

Dijon. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto: Jaqueline D’Hipólito

Como eu disse, para gostos, sabores… e também para bolsos. Porque convém dizer que a diferença de preço de um Borgonha para um Bordeaux é substancial. Mas continuo enfatizando que ambos são deliciosos: cada um para uma ocasião diferente.

Basicamente o que faz um vinho custar mais que outro sem dúvida é a sua forma de manuseio. No caso da Borgonha joga também a lei de oferta e da procura. Como a uva Pinot Noir é uma uva de difícil cultivo os produtores não plantam muito, senão que cuidam bem de perto aquelas que foram plantadas.

A parte de isso, tanto Bordeaux como Borgonha tem altos padrões  de manejo, muitos deles, quase 100% artesanais, mas nem todos os produtores seguem essa regra. E dai vem um dos porquês que um vinho da mesma região apresenta preços tão diferentes.

Uma dica, na hora de comprar vinho, é perguntar ou pesquisar sobre o processos e o manuseio do vinho. Se ele for caro e o seu manejo é quase inteiramente mecânico, você já sabe que o que você está comprando é a marca ou a estratégia de Marketing. E isso não significa que ele seja ruim. Tem muitos vinhos que mantém processos industriais que são perfeitamente aceitáveis e muito gostosos.

Agora, o exclusivo e feito a mão tem um preço. Principalmente na Europa, que a mão de obra não é barata. A regra se aplica para quase todas Denominações de Origem: RiojasAlvariños, Dão, Chiantis, Brunelos e Barolos.

Dijon. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto: Jaqueline D’Hipólito

E se falamos de França então, você tem ainda oportunidade de conhecer  e se deliciar com vinhos da Alsacia, Côtes du Rhone, Provence…

Próxima parada: Languedoc. Mas esta história fica para uma próxima vez.
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D'Hipólito
Chateau Ferrand. Foto: E.C.
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Já não vivemos no passado, mas sim no futuro…

 Quantas vezes deixamos de fazer coisas porque não temos tempo?!

Num dia desses em um feriado Madrid despertei com toda calma do mundo e fiz planos para ir ao museu.Como esse feriado apareceu de surpresa na minha agenda, não tinha nada programado e me deixei levar pela calma do dia.

Acordei cedo, li meu livro na cama com meu café, depois tomei meu café da manhã e, finalmente, fiz planos para ir ao museu.

Como a pressa não era a minha companheira pensei em ir de ônibus em vez de pegar o metrô. Geralmente dou um passeio pelo parque do lado da minha casa e ando até uma parada de ônibus um pouco mais longe só para me exercitar um pouco. Trato de observar as crianças, os adultos e os idosos, de ver como cada um desfruta do seu tempo.

Quando cheguei no museu, peguei o mapa e decidi quais as salas eram as mais importantes para mim, qual eu queria passar mais tempo e os quadros que eu queria rever.

O engraçado foi encontrar em todo lugar que eu fui, em todo momento, 90% das pessoas repetindo o mesmo gesto, usando as mesmas ferramentas para fazer exatamente a mesma coisas.

Estamos sucumbidos pela tecnologia: crianças, adultos, idosos, “pós-idosos”. Todos com o celular na mão, todos prontos para não perder um momento que pode ser crucial para eles. Só para mais tarde desfrutar em casa, quando finalmente o momento já passou.

É lamentável, mas assim caminha a humanidade.

Todos aprenderam a tirar fotos e a gravar vídeos, e passam pela vida sem querer perder um momento para recordar… já não se desfruta do momento atual, tudo é feito em vista do futuro.

Temos tantos vídeos e tantas fotos que somos incapazes de rever todas. De finalmente viver o momento que não vivemos porque estávamos muito ocupados fazendo vídeos e tirando fotos.

Antigamente os filósofos diziam que o grande problema das pessoas e o porquê não vivíamos intensamente, era por não passar muito tempo pensando no passado. Hoje eu vejo que as pessoas estão cada vez mais preocupadas no futuro. Queremos paralisar certos momentos para poder revive-los no futuro.

Quando entrei no museu, para rever as obras de pintores que me fascinaram levei uma decepção tão grande com o público. Ninguém mais é capaz de ir no museu e aproveitar o dia, em simplesmente admirar obras e ver de perto a pincelada o traço que tantos anos estudamos e aprendemos. Todos queriam tirar fotos das obras, como se não houvesse fotos suficientes na web, como se as fotos deles fossem melhor que as de um profissional, que das que estão nos livros de arte.

Fotos têm muitas por aí, mas poder ver de perto, ao vivo, e poder estar em contato com artistas que pintaram quadros 5 séculos atrás ainda é privilégio de muito poucos.

Deveríamos proibir o uso do celular em muitas ocasiões.

Deveria haver uma etiqueta, um protocolo para o seu uso.  Já é impossível fazer alguma coisa sem que alguém esteja às voltas com ele. Sinceramente é irritante.

Irritante ver que os teus amigos priorizam o celular, querem conversar com pessoas que não estão com eles no momento, como se fossem mais importante que quem está realmente com você.

Não se trata de demonizar a tecnologia, mas sim de fazer um uso sábio dela.

Estamos perdendo momentos cruciais da nossa vida porque estamos muito ocupados gravando, tirando fotos, respondendo whatsapp, ou verificando no Google se a Traviata foi baseada na obra de Alexander Dumas pai ou Alexander Dumas filho, só para ver quem tem a razão no debate.

Por que fotos?

Estar no museu com tantos vovôs e vovós que repetiam a mesma atitude dos seus filhos, com o celular na mão, me fez pensar: por que essas pessoas tiram fotos dos quadros?

Acaso pensam que amanhã vão desfrutar aquilo que “não” viram hoje. Para uma pessoa de 80/90 anos sinto muito dizer, mas não há muito amanhã para eles… ou começam a desfrutar o momento agora ou vão passar seus últimos anos pensando em rever fotos que nem sabem muito bem porque tiraram.

Não queria ser radical, más seria ótimo que começassem a proibir o uso do celular em muitos lugares, como fazem nos espetáculos ao vivo de teatro, ópera ou balé. Imagina entrar num restaurante e ademais de guardarem o teu casaco, guardam também o teu celular. Você não tem mais remédio que dar atenção às pessoas que estão comendo com você.

Quando saio para jantar com os meus amigos, ou convido eles a minha casa, geralmente brinco quando vejo que alguém está pegando o celular, que os celulares não estavam convidados para a janta. As pessoas riem e guardam em seguida.

Quem sabe essa seja a solução, fazer as pessoas verem que as tecnologias não foram convidadas a nossa vida. Se intrometeram, entraram sem pedir licença e cabe a nós colocar os limites nela.

Se vocês tiverem tempo essa semana de irem ao museu essa semana, tentem fazer o exercício de aproveitar cada minuto. Não viver no passado, nem viver no futuro, mas aproveitar os teus sentidos para desfrutar de uma obra, de uma instalação, de um happening.

Se puderem, deixem o celular em casa, ou apaguem. Curta o momento e, diga a si mesmo, que esse momento é seu e ninguém deve interromper.

Ilustraçao: Ana Matsusaki

Mudanças são possíveis se você as torna possíveis

Quantas vezes você pensou em mudar de vida, em encarar uma nova etapa, largar a família, o marido, o emprego, a cidade, o país e começar de novo.

Você disse que sim já de início ou pensou, pensou, pensou e desistiu?!

Mudanças são complicadas, mesmo quando parece que mal nenhum vai fazer. Pensa numa das mudanças que você fez na sua vida, que hoje parece tão banal, mas que no momento você teve medo.

Por que acontece isso?!

As pessoas são treinadas para ter medo. Desde de criança temos medo, talvez menos medo que agora. Pensa numa criança aprendendo a andar de bicicleta, a dar cambalhotas, a subir na árvore, a nadar. Geralmente eles se lançam, não ficam com medo e se caem, choram um pouco e depois vão e tentam de novo.

Hoje você fala para um adulto aprender a andar de bicicleta e ele morre de medo. E eu pergunto: medo de que??? De cair, de não aprender, de fazer o ridículo???

Outro típico exemplo é quando você bate o carro pela primeira vez, não sabe estacionar, ou tem um acidente. O medo se apossa da gente de tal forma, que em alguns casos passamos tempo sem tirar o carro da garagem, em dirigir, quando todos sabemos que tudo é questão de prática.

O pior é quando teus próprios amigos perdem a confiança em você, e te metem medo de pegar o carro de novo, não querem que você dirija. Por que isso?

O medo é o pior dos tabus para o desenvolvimento do ser humano.

Crescemos, viramos adultos e em vez de enfrentar a vida com coragem, nos escondemos detrás dos padrões estabelecidos para uma vida perfeita. Estudamos, fazemos faculdade, trabalhamos ou prestamos concurso público, buscamos um parceiro, casamos, temos filhos, compramos carro, casa, casa na praia e passamos férias onde todo mundo passa, e todo domingo vamos comer na casa dos pais e, para completar, alguma vez em cinco anos vamos à Europa extravasar em compras.

Se você não tem isso, nem tem perspectiva de ter ou você ainda é jovem ainda ou tá perdido!! Não tem coisa pior que quando você passa dos 30 e todo mundo quer saber se você vai casar, comprar casa, ter filho…

Se você disser que não, prepare-se para um batalhão de argumentos vindo de todo mundo; claro, claro… quem melhor que os seus pais ou os seus amigos para saberem o que mais tem convém?!

Gostaria de saber se todos os casais que eu conheço que fazem isso, quantos são realmente felizes?!

Nada contra esse modo de vida, e se as pessoas estão contentes com ele; adiante!!! Quem sabe os nossos pais, que viveram em tempos tão diferentes e não enfrentaram tantas mudanças de paradigmas como a gente hoje. Ou quem sabe é mais uma desculpa para resignar-se.

Escuto todos os dias as pessoas dizendo que os seus trabalhos não lhes motivam, mas não fazem nada para mudar. Depois de seis anos da empresa não querem sair sem o seu fundo de garantia na mão.

As pessoas estão realmente dispostas a desperdiçar o seu tempo assim?!

A troco de que? De um salário no fim do mês? Passar a semana inteira esperando chegar o fim de semana não é uma forma de viver – é uma forma de malgastar a vida.

O que eu quero dizer é que a vida não tem porque ser aquilo que eu, seus amigos, seus pais ou avós a definem. As escolhas, os gostos, os prazerem são individuais, sobretudo as escolhas.

De repente as pessoas percebem que tomaram a decisão errada, o caminho errado, e pensam que já é muito tarde para voltar. Não é não!!! Tarde é só se você estiver morto. Aí realmente não tem volta atrás.

Mas hoje: hoje você ainda tem tempo. E enquanto você não faz nada, você só está desperdiçando. Você é o protagonista da sua própria história: Se você não decide por ela, ela decidirá por você.

Acho que um dos exemplos de mudança que seguem comigo em minha vida é o da minha avó.

Meu avô morreu em 1997 e desde então minha vó pensou que nunca mais ia conhecer ninguém. Com setenta e muitos anos se apaixonou. Era seu primeiro amor. Se casou com 16 anos e sempre dizia que não sabia o que era sentir isso.

Levou uma vida plasmada nas regras do seu tempo que exigiam-lhe comportamentos e padrões completamente diferente do atual. E ela, melhor que muito jovem que tem por aí, soube se adaptar a essa mudança de paradigma, de costumes e soube buscar a sua felicidade.

Começou viajando por todo Brasil, aproveitando tudo o que podia fazer nesses anos.

Frequentava os bailes da terceira idade e tinha um monte de pretendentes na sua porta. Um dia, quando a estava visitando de passagem pelo Brasil me disse que tinha namorado. E não parou por aí: 6 anos mais jovem que ela.

Muita gente pensou que era muito velha para ter namorado, que o coração não podia resistir, que era complicado nessa idade. Muitos dos seus netos torceram a cara, mas não disseram nada: era a avó, e tinham que respeitá-la.

Dito e feito. Bastou ver a cara de satisfação que tinha ao encontrar aquilo que a fazia feliz que todos aplaudiram o mais novo membro da família. Em pouco tempo, os dois foram morar juntos. E eu passei a ter um “Vôdrasto”.

Minha vó morreu faz um par de anos e fico muito feliz e orgulhosa em ver que foi uma mulher à frente do seu tempo, soube enfrentar preconceitos em prol da sua felicidade.  Hoje quando vejo tanta gente querendo mudar de vida e sem coragem, sempre falo sobre ela, porque de uma forma ou outra ela mudou o destino que os outros traçaram para ela.

Tenho certeza que em algum momento ela vacilou, ficou com medo, teve ciúmes ou até mesmo se arrependeu momentaneamente. Mudanças requerem também muita dose de pragmatismo e cabeça no lugar: saber que nem tudo vai ser um mar de rosas, e que o caminho é longo e muitas vezes duro.

E se não der certo? Eu pergunto sempre, e se der certo?!

Se não der certo você pode simplesmente mudar de novo. A estrada da vida está cheia de bifurcações. Se o caminho não é o certo, vira a direita ou a esquerda. O que você tem a perder?! Já não estava dando certo mesmo!

Una mostra nel Museo della Lingua Portoghese

Scrivo con “tesão”. Con pasión o piacere?

Come spiegare in un’altra lingua il senso della parola “tesão” come noi brasiliani la manifestiamo con tutta sua identità e concetto. C’è in Brasile l’espressioni che sentirai come da nessun’altra parte.

Scrivo con “tesão”!

Interessante è  quel momento quando si formula un’idea, un concetto o una frase e subito rimana con la parola bloccata in bocca! Quella senza traduzione che lascia la mente completamente vuota e al fine, in un fragmento di secondo si aspetta incontrare il ‘treno di pensiero’  e di nuovo proseguire con il ragionamento.

Questo succede a me, tutto il tempo, soprattutto quando scrivo in altre lingue. Non solo è la mancanza di un vocabolario, ma anche le parole che nel nostro contesto suonerebbe molto bene, ma non in un’altra lingua.

Ogni paese ha le parole con personalità uniche!

Da quando ho iniziato ad esplorare l’universo delle lingue straniere, ho notato una mancanza di vocabolario e di espressioni che non esistono mai in altro idioma a causa del loro contesto socio-culturale. Bakhtin ha già detto che la lingua, il vernacolo di un paese è proprio dell’intorno.

Poi è certo che sarebbe inutile cercare parole con connotazioni completamente diverse in un paese che in un altro.

Un esempio di questo è successo quando sono arrivata in Spagna e ho cercato una parola similare a “tesão”. “Tesão”,  che letteralmente significa il desiderio sessuale maschile o femminile o addirittura erezione del pene, però anche  nel parlare portoghese tipico del Brasile significa  un desidero intenso, fuori del comune, una volontà o passione da una particolare attività. Mi ricordo troppo di un insegnante dicendo che dovevamo ballare con “tesão”.  Ciò ballare con molta volontà, con un intenso desidero.

Non sarò mai capace di trovare una parola equivalente nello spagnolo con il vero significato di “tesão” e  con la stessa connotazione.

Vorrei  tanto di esprimere i miei sentimenti riguardo la mia scrittura e l’attività e non l’ho trovato alcun modo di dire quello che volevo. “Scrivo con ‘Tesão” in spagnolo sarebbe “yo escribo con pasión” e in italiano più “mi piace scrivere”.

Pasión, è parola spagnola che significa letteralmente la passione, non è in grado di esprimere quello che sento quando dico “tesão”. Neanche la parola in italiano piacere non esprime il “tesão” brasiliano.

Credo che ci siamo incontrati diverse volte in questa situazione quando viaggiamo e cerchiamo di usare un altro linguaggio per esprimere quello che sentiamo nel nostro. “Saudades” non avrà mai lo stesso significato di “I Miss You”, “añorar” o “Murrina” o “Nostalgia”.

Perché ogni parola significa una sensazione molto particolare …

Come già parlo a molti anni altre idioma, molto spesso mi mancano le parole per esprimere quello che sento, quando arrivo in Brasile.

I miei sentimenti in portoghese non possono essere espresse in spagnolo così come i miei sentimenti in spagnolo può essere espresso sia in portoghese. Perché dopo tanti anni, ho anche imparato a pensare e sentire in questo linguaggio, che si esprime in modo molto diverso dal nostro modo portoghese.

Chi è capace di sentire in un’altra lingua,  un vernacolo particolare  e diferente del suo paese, inizia a capire su dimensioni di una cultura, la grandezza di ogni lingua, i suoi alti e bassi, i suoi difetti e le qualità.

Milan Kundera

Credo che uno degli scrittori che ne parlano magistralmente è senza dubbio Milan Kundera. In molti dei suoi libri, Kundera parla del mistero che si trova nel vocabolario delle lingue straniere.

Cercare il vero significato di ciò che sentiamo e esprimiamo in un’altra lingua, chiedendo che il nostro interlocutore ci ha capito, può essere un compito più complicato di quanto possa sembrare.

Uno degli esempi chiari che ci dà è nel libro “L’ignoranza”. Il romanzo plasma le vite dei personaggi che hanno vissuto in Francia per anni, esiliato dalla dittatura del suo paese, per tornare finalmente in patria: la Repubblica Ceca.

La trama parla di questo sentimento, questo paradosso degli personalità. Un esiliato mai si sentirà a casa, o dove è nato o dove ha deciso di vivere.

“In greco, per tornare si dice nostos. Algos significa dolore. La nostalgia è dunque la sofferenza causata dal desiderio inappagato di ritornare”
Gli europei e la definizione di nostalgia

Per questa nozione fondamentale la maggior parte degli europei utilizzano una parola di origine greca (nostalgie, nostalgia), così come altre parole con le radici nelle loro lingue nazionali: añoranza, dicono gli spagnoli; saudade, dicono i portoghesi.

In ogni lingua, queste parole hanno una connotazione semantica diversa.

A volta significano solo la tristezza causata dalla impossibilità di tornare al paese. La nostalgia del paese. La nostalgia per la patria.

Quello che in inglese si chiama homesickness. In tedesco: Heimweh. In olandese: Heimwee. Ma questa è una riduzione spaziale di questa grande idea.

 Islanda e la più antica lingua europea

Una delle più antiche lingue europee, l’islandese, distingue bene i due termini söknudur: la nostalgia nel suo senso generale; e heimfra: nostalgia della patria.

I cechi, oltre di usareno nostalgia, parola di origine greca, hanno una similare al significato di nostalgia nel suo proprio idioma, stesk, anche un verbo; la frase d’amore più commovente in ceco: styska se mi po tobe: sento nostalgia da te; Non riesco a sopportare il dolore dalla sua assenza.

In spagnolo, viene dal verbo añoranza añorar (avere nostalgia), che viene da enyorar catalana, derivato, questo, dal latino ignorare (ignora).

Come il Francese esprime la parola

Alla luce di questa etimologia, nostalgia appare come affetti da ignoranza. Tu sei lontano e non si sa che cosa sta succedendo con te. Il mio paese è molto lontano, non so cosa sta succedendo lì. Alcuni linguaggi hanno alcune difficoltà con nostalgia: il francese può esprimere solo dal sostantivo da origine greca e non hanno un verbo; Possono dire m’ennuie toi je, ma s’ennuyer  la parola è debole, fredda, in ogni caso molto leggera per una sensazione così male e intensa.

Tedeschi dicono …

I tedeschi raramente usano la parola nostalgia nella sua forma greca. Loro preferiscono dire Sehnsucht: desiderio ciò che manca. Ma la parola Sehnsucht può riferirsi sia a ciò che è stato come quello che non è mai esistito (una nuova avventura) e non implica necessariamente l’idea di un nostos; di includere nel Sehnsucht l’ossessione di ritorno, sarebbe necessario aggiungere un complemento:. Sehnsucht nach der Vergangenheit, nach der Verlorenen Kindheit, nach der ersten Liebe (desiderio del passato, ha perso l’infanzia, il primo amore) ”

Milan Kundera, lo scrittore ceco, vissuto in Francia per la maggior parte della sua vita, anche in esilio del suo paese la Repubblica Ceca. Nessuno scrittore oggi che ha raggiunto le mie mani ei miei occhi sono stati in grado di descrivere tanto magistralmente quella sensazione di impotenza che l’esiliato sente di tornare a casa, frustrazione e incapacità di esprimere ciò che si sente in tutto il mondo che vive.

“Che cosa è litost?

Un altro libro che Milan Kundera parla di questo abisso culturale, plasmato nell’assenza delle parole è nel libro “Il libro del riso e dell’oblio” che ha bisogno di ricorrere ad un significato ceco che non riesce a trovare in nessuna altra lingua.

Litost è una parola ceca intraducibile in altre lingue. La sua prima sillaba, pronunciata a modo lunghi e affilati, ricorda il lamento di un cane abbandonato.

Per il senso della parola, cerco in vano l’equivalente in altre lingue, anche se ho difficoltà a immaginare che si può comprendere l’animo umano senza litost.
 Faccio un esempio: lo studente stava facendo una doccia con la sua amica, anche una studente, sul fiume.

Era atletico, ma non sapeva nuotare. Non sapeva respirare sott’acqua, nuotava lentamente, la testa nervosamente sollevata sopra la superficie.

La studente era così irrazionalmente innamorata di lui ed era così delicata, nuotava quasi più lentamente a non intimidire lui. Ma, come l’ora del bagno era quasi nell’ora di fermarsi, lei ha avuto prendere un momento libero al suo istinto sportivo e si è guidata in una ‘crawl’ veloce alla sponda opposta.

Lo studente ha fatto uno sforzo per nuotare più velocemente, ma inghiottì l’acqua. E ‘stato diminuito, smascherato nella sua inferiorità fisica e sentì il litost.

Ricordava la sua infanzia malaticcia, nessun esercizio e senza amici, sotto lo sguardo eccessivamente affettuoso della madre e si è sentito disperato con la sua vita e con sé proprio. Tornando a casa da una strada di campagna, i due andavano ziti.

Triste e umiliato, sentiva un irresistibile desiderio di colpire lei. Cosa succede?, chiese. Lei sapeva benissimo che c’erano correnti vicino dall’altra parte e lui le aveva vietato di fare il bagno su quel lato, perché era pericoloso  l’annegamento – e gli ha dato uno schiaffo in faccia. La ragazza ha cominciato a piangere e avanti le lacrime ne sentì compassione per lei, la prese tra le braccia e la sua litost  è dissipata.

Allora, qual è il litost?

Il litost è uno stato tormentoso nato dello spettacolo della nostra propria miseria improvvisamente scoperta.

Le litost funziona come un motore a due tempi. Il tormento seguendo il desiderio di vendetta. L’obiettivo di vendetta è quello di ottenere che il compagno si rivela altrettanto miserabile. L’uomo non può fare il bagno, ma la donna che ha preso lo schiaffo piange. Loro possono quindi sentirsi uguali e perseverare nel suo amore.

Come la vendetta non può mai rivelare la sua vera motivazione (lo studente non può confessare alla ragazza che lei nuotava più veloce di lui), la vendetta deve fare affidamento su false ragioni. Il litost pertanto non può dissimulare un’ipocrisia patetica “.

Dibattito lessico

Nel dibattito lessico sul descrive i sentimenti, bene o male, può essere il tallone d’Achille di persone che parlano più di una lingua. Esprimere chiaramente quello che si sente è più complicato da quanto sembra.

Per esempio, qualcuno ha cercato di spiegare il significato della parola “Saudade” in tutta la sua essenza? Sono ancora cercando di scrivere in spagnolo la parola “tesão”.