Sommerset House - Foto del Trip Advisor

Somerset House: visita obrigatória quando a Londres turística fica para trás

Sei que Londres tem milhões de galerias de arte, de museus e de coisas para fazer. Se você quiser vir aqui e pensar que vai dar conta de tudo na primeira vez, esquece.

Ou você mora aqui pelo menos dois anos sem fazer nada e se dedica a visitar um lugar diferente por dia, ou você não vai conseguir.

Amo essa cidade.

Para quem sabe, há 12 anos vivi aqui por quase dois anos e desde que deixei Londres volto periodicamente para rever amigos e para fazer coisas que simplesmente não posso fazer em outra cidade.

No meu aniversário do ano passado estive aqui uma semana, infelizmente sem tempo de fazer muita coisa que eu gostaria porque estava acompanhada de gente que não conhecia bem a capital inglesa. Só que esse ano surgiu a oportunidade de voltar sozinha e planejar com cuidado as coisas que há anos que não faço.

Uma delas foi visitar novamente a Somerset House, um dos grandes edifícios históricos do Reino Unido que abriga diversos museus, restaurantes e cafés.

Construído no século XVIII pelo Sir William Chambers, o edifício foi destinado originalmente a ser sede de vários escritórios governamentais, sociedades cientificas e oficinas navais. A Somerset House está bem no centro da cidade, nas margens do Tamisa, mas não é o primeiro destino dos turistas.

Pode ser até engraçado, mas é um dos poucos lugares em que se pode encontrar ingleses em Londres.

Dito e feito, fomos David e eu na Somerset House com a intenção de ver a exposição da Courtland Gallery, que faz pelo menos uns 10 anos que não vou. Acabamos vendo outras duas exposições ali nas outras galerias do edifício.

Fotos da World Illustration Awards - Jaqueline D'Hipólito Dartora
Fotos da World Illustration Awards – Jaqueline D’Hipólito Dartora
World Illustration Awards

Começamos pela exposição “World Illustration Awards” que está situada na entrada principal de frente para o rio Tamisa e que apresentava as melhores ilustrações do ano ganhadoras do prêmio mundial de ilustração pela Association of Illustrators (AOI). É o sexto ano consecutivo que a Somerset House abriga a exposição e posso dizer que estou impressionada pela qualidade dos trabalhos que vi ali.

Com mais de 2300 participantes de 64 países diferentes, este ano a exposição “ Worlds Illustration Awards” apresenta 50 projetos selecionados em oito categorias diferentes, que vai desde a publicidade até design de livros e trabalhos editoriais.

Fotos da World Illustration Awards - Jaqueline D'Hipólito Dartora
Fotos da World Illustration Awards – Jaqueline D’Hipólito Dartora

Os trabalhos originais incluem murais, pôsteres, embalagens e livros infantis desenvolvidos por artistas dos Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Holanda, Coreia do Sul, Hong Kong e Israel. Encontramos também trabalhos de outros artistas de outras partes do mundo, todos com o seu toque singular que nos fazem viajar através do desenho.

A exposição é gratuita e vale muito a pena visitar se você quer conhecer algo mais que a típica Londres.
Fotos da World Illustration Awards - Jaqueline D'Hipólito Dartora
Fotos da World Illustration Awards – Jaqueline D’Hipólito Dartora
Fotos da World Illustration Awards - Jaqueline D'Hipólito Dartora
Fotos da World Illustration Awards – Jaqueline D’Hipólito Dartora

No mesmo edifício vimos que tinha uma outra exposição, essa vez mais interativa e quem sabe a que eu mais gostaria dado minhas inclinações pelo mundo dos aromas e do vinho.

O leitor não se equivoque, porque não fui a nenhuma exposição de enologia, mas sim de perfumes.

Uma exposição multissensorial que recorre a história do perfume e do porquê usamos perfume por intermédio dos seus 10 criadores pioneiros e com isso, nossas percepções mudaram radicalmente nos últimos 20 anos.

Decidimos não entrar porque nossa intenção era ir na Courtland Gallery, mas só a parte de souvenir da exposição já chamou a atenção em todos os aspectos. Parecia que em todo momento foi como se eu mergulhasse no mundo dos sentidos, sentidos esses que muitas vezes não prestamos muita atenção. Assim foi como eu descobri que adoro o vinho.

A exposição oferece a oportunidade de interagir com os aromas mais comuns dos perfumes recorrendo aromas florais, especiarias, frutas e verduras. E na loja de souvenir apresentava um leque de fragrâncias em que você cheirava e tentava descobrir o aroma.

Uma pena que nesses 4 dias não foi possível entrar na exposição, mas não podia deixar de citar ela sabendo que ela está ali e que muita gente pode ter essa experiência.

Finalmente chegamos a exposição que fazia anos que não visitava. Se trata da exposição permanente da Courtland Gallery, uma das poucas galerias de Londres que cobra entrada, mas que vale visitar só pelo seu acervo de arte impressionista.

A Bar at the Folies-Bergère (1882) – Édouard Manet

A galeria alberga esculturas de Degas, Rodin e quadros de Renoir, Pisarro, Manet, Montet, Van Gogh e muitos outros expoentes do movimento impressionista, além de pinturas que vão desde os séculos XVI até o século XX. São quatro andares de salas, cada uma dedicada a um século e algumas salas exclusivamente dedicada a um movimento. A entrada custa 8 libras e em média os visitantes levam umas 2 horas para fazer a galeria.

Se você visitar no inverno, pertinho do natal, a Somerset House também tem uma das pistas de patinação no gelo mais famosas de Londres. No verão, no mesmo lugar da pista têm fontes que brotam do asfalto mesmo. O edifício também dispõe de restaurante e cafeteria. Uma boa pedida para um dia chuvoso londrino.

Foto: David del Rio
Foto: David del Rio

Somerset House: visita obrigatória quando a Londres turística fica para trás.

Sei que Londres tem milhões de galerias der arte, de museus e de coisas para fazer. Se você quiser vir aqui e pensar que vai dar conta de tudo na primeira vez, esquece. Ou você mora aqui pelo menos dois anos sem fazer nada e se dedica a visitar um lugar diferente por dia, ou você não vai conseguir.

Amo essa cidade. Para quem sabe, há 12 anos atrás eu vivi aqui por quase dois anos e desde que deixei essa cidade volto periodicamente para rever amigos e para fazer coisas que simplesmente não posso fazer em outra cidade.

No meu aniversário do ano passado estive aqui uma semana, infelizmente sem tempo de fazer muita coisa que eu gostaria porque estava acompanhada de gente que não conhecia essa cidade bem. Só que esse ano surgiu a oportunidade de voltar aqui sozinha e planejar com cuidado as coisas que faz anos que não faço. Uma delas foi visitar novamente a Somerset House, um dos grandes edifícios históricos do Reino Unido que abriga diversos museus, restaurantes de cafés.

Construído no século XVIII pelo Sir William Chambers, o edifício foi destinado originalmente a ser sede de vários escritórios governamentais, sociedades cientificas e oficinas navais. A Somerset House está bem no centro da cidade, nas margens do Tamisa, mas não é o primeiro destino dos turistas. Pode ser até engraçado, mas é um dos poucos lugares em que se pode encontrar ingleses em Londres.

Dito e feito, fomos David e eu na Somerset House com a intenção de ver a exposição da Courtland Gallery, que faz pelo menos uns 10 anos que não vou. Acabamos vendo outras duas exposições ali nas outras galerias do edifício.

Começamos pela exposição “World Illustration Awards” que está situada na entrada principal de frente para o rio Tamisa, e que apresentava as melhores ilustrações do ano ganhadoras do prêmio mundial de ilustração pela Association of Illustrators (AOI). É o sexto ano consecutivo que a Somerset House abriga a exposição e posso dizer que estou impressionada pela qualidade dos trabalhos que vi ali. Com mais de 2300 participantes de 64 países diferentes, este ano a exposição “ Worlds Illustration Awards” apresenta 50 projetos selecionados em 8 categorias diferentes, que vai desde a publicidade até design de livros e trabalhos editoriais.

Os trabalhos originais incluem murais, pôsteres, embalagens e livros infantis desenvolvidos por artistas dos Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Holanda, Coreia do Sul, Hong Kong e Israel. Encontramos também trabalhos de outros artistas de outras partes do mundo, todos com o seu toque singular que nos fazem viajar a través do desenho. A exposição é gratuita e vale muito a pena visitar se você quer conhecer algo mais que a típica Londres.

No mesmo edifício vimos que tinha uma outra exposição, essa vez mais interativa e quem sabe a que eu mais gostaria dado minhas inclinações pelo mundo dos aromas e do vinho. O leitor não se equivoque, porque não fui a nenhuma exposição de enologia, mas sim de perfumes.

Uma exposição multissensorial que recorre a história do perfume e do porquê usamos perfume a través dos seus 10 criadores pioneiros, no qual mudaram nossas percepções radicalmente nos últimos 20 anos.

Decidimos não entrar porque nossa intenção era ir na Courtland Gallery, mas só a parte de souvenir da exposição já chamou a atenção em todos os aspectos. Parecia que em todo momento foi como se eu mergulhasse no mundo dos sentidos, sentidos que muitas vezes não prestamos muita atenção. Assim foi como eu descobri como eu adoro o vinho.

A exposição oferece a oportunidade de interagir com os aromas mais comuns dos perfumes recorrendo aromas florais, especiados e de frutas e verduras. E na loja de souvenir apresentava um leque de fragrâncias em que você cheirava e tentava descobrir o aroma.

Uma pena que nesses 4 dias não foi possível entrar na exposição, mas não podia deixar de citar ela sabendo que ela está ali e que muita gente pode ter essa experiência.

Finalmente chegamos a exposição que fazia anos que não visitava. Se trata da exposição permanente da Courtland Gallery, uma das poucas galerias de Londres que cobra entrada, mas que vale visitar só pelo seu acervo de arte impressionista.

A galeria alberga esculturas de Degas, Rodin e quadros de Renoir, Pisarro, Manet, Montet, Van Gogh e muitos outros expoentes do movimento impressionista, além de pinturas que vão desde os séculos XVI até o século XX. São quatro andares de salas, cada uma dedicada a um século e algumas salas exclusivamente dedicada a um movimento. A entrada custa 8 libras e em média os visitantes levam umas 2 horas para fazer a galeria.

Se você visitar no inverno, pertinho do natal, a Somerset House também tem uma das pistas de patinação no gelo mais famosas de Londres. No verão, no mesmo lugar da pista tem umas fontes que brotam do asfalto mesmo. O edifício também dispõe de restaurante e cafeteria. Uma boa pedida para um dia chuvoso londrino.

Orloj - Relogio Astronomico de Praga - Foto: Jaqueline D'Hipolito

O tempo – provando coisas novas

Julho está sendo um mês atípico. Por quê?

Porque nunca experimentei tanto e mudei tanto meus hábitos em um único mês. Será pela “jornada continua” que temos aqui na Espanha, não sei. Mas esse mês está se revelando uma surpresa a cada dia. Aqui na Espanha, nos meses de verão, muitas empresas aderem a chamada “jornada contínua”, ou seja, se trabalha todos os dias até as 3 da tarde e depois você pode ir para casa, dormir a famosa ‘siesta’ ou fazer o que quiser.

Claro que para isso trabalhamos mais durante o ano todo para compensar estas horas a menos que fazemos no verão.

Jornada contínua

Faz anos que tento aproveitar minha “jornada contínua” de forma diferente. Mas esse ano acho que tive um mês cheio de gratas surpresas. Como sempre fico em Madrid nos meses em que todos vão de férias, tento aproveitar meu tempo e fazer coisas que não tinha tempo antes. Para começar, pedi transferência de sede no meu trabalho, comecei um intensivo de francês, passei a fazer ‘Pilates’ três vezes por semana, fui escalar com amigos do trabalho, e na piscina na casa de outros amigos que conheci; fui na mesma exposição duas vezes e para arrematar, me convidaram uma noite para aprender a dançar ‘swing’ e salsa.

Uf…., o mês de julho não acabou e fico analisando a quantidade de coisas que provei, o tanto de gente nova que conheci e o novo mundo que se está abrindo dentro da minha velha Madrid conhecida.

É curioso, mas as vezes a gente pensa que a vida não muda, que nada acontece, mas nós somos os primeiros em não querer que nada mude. Continuamos levando nossa vida da mesma forma, realizando os mesmos hábitos cada dia e pensando que num passe de mágica algo inusitado acontece e muda a nossa vida. Isso pode até acontecer, mas a possibilidade é bem remota.

Para que as coisas mudem a gente tem que estar disposto a mudar. 

“Sejamos realistas, exijamos o impossível”.

Faz uns meses, depois que estive em Hamburgo, me inscrevi num projeto que quero levar a cabo em setembro na França. Para isso, vou  mergulhar de cabeça num universo de certa forma desconhecido, mas que sempre me fascinou. Eu sabia que para estar em setembro num país desconhecido e para fazer bem aquilo que eu vou fazer, tinha que estudar a sua língua e me preparar bem pra atividade que vou fazer ali. E foi assim que decidi ampliar todo meu leque de atividades e aproveitar cada minuto do meu dia como forma de preparação para esse desafio. E daí veio a surpresa. Conheci gente nova, no novo escritório e também nos cursos que venho fazendo, provei coisas diferentes e venho desafiando corpo e mente cada dia.

As vezes até penso que estou no melhor momento da minha vida: me sinto diariamente satisfeita com tudo que tenho feito e o muito que tenho progredido.

Dar um tempo

Ontem, falando com uma amiga, ela me disse o mesmo: que as vezes as pessoas precisam se dar um tempo, conceder-se o direito de provar coisas novas e de realizar algum projeto que estava guardado na caixinha para ver como é possível mudar sem sair completamente do seu dia a dia. Este ano estou realizando muitos desses projetos e estimulo a todos que façam o mesmo. Só no fato de você mudar o caminho que você faz diariamente para o trabalho já te desperta pra coisas diferentes. Você começa a observar mais coisas, ficar mais atento no trânsito, no semáforo, na paisagem, no cachorro, no vizinho. No dia a dia complicado da nossa vida tem milhões de atividades que podemos começar a sem precisar sair de casa. Você pode escrever, estudar, ler um livro, começar um jardim, desenvolver um blog, lixar móveis, ou seja, começar um projeto do nada só pelo prazer de desfrutar esse momento. Conheço muita gente que se propõe coisas diariamente e levam a diante como se o tempo não os impedisse de nada. E são pessoas extremamente ocupadas, mas que para fazer aquilo que sempre quiseram arranjam tempo.

Mário Quintana

Isso me lembra aquele poema da Mario Quintana sobre o tempo.

“Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo”.

Quem diria que depois de tantos anos utilizaria o poema que aprendi na aula de Língua Portuguesa do Colégio Estadual do Paraná como lição de vida. Durante muitos anos repito a mim mesma o mesmo: o que eu gostaria de fazer e como posso fazer para que isso dê certo. Eis que chegou o mês de julho e um verão prometedor: um mês que conheci muita gente nova; gente que comparte os mesmos gostos que os meus ou que às vezes me motivam a provar coisas que nunca pensei que pudesse fazer.

Nunca pensei que fosse capaz de dançar ‘swing’ ou salsa, fazer trapézio ou de escalar um muro de 20 metros. Nunca pensei que ia curtir fazer essas coisas: e a verdade é que estou adorando.

Como no Brasil também é época de férias, só que de inverno, por que não tentar algo diferente?! Não só pela atividade, mas também por aquilo que você pode descobrir, as pessoas que você pode conhecer e essa novo mundo que você pode encontrar.

O primeiro passo é o mais difícil, mas depois você não quer mais parar. Afinal, todas nossas atividades da vida começaram com um primeiro passo.

 

O tempo – Mario Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal… Quando se vê, já terminou o ano… … Quando se vê não sabemos mais por onde andam nossos amigos… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas… Eu seguraria todos os meus amigos, que já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim. Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo… Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

A Mulher que Chora - Pablo Picasso

Um dia você aprende

É curioso como as coisas que um dia você aprendeu na infância, às vezes reaparecem na sua cabeça sem pedir permissão.

De repente, assim do nada, algumas lembranças adquirem vida e começam a brotar no seu misterioso inconsciente e, de repente, não mais que de repente, lembramos de alguma aula que tivemos quando éramos criança, de algum poema que lemos ou costumávamos declamar, de alguma música, de algum momento especial em família.

Alguns deles nem tão especiais, mas que por passe de mágica, reaparecem como uma lembrança bonita e terna de um momento que parece que não teve importância nenhuma.

É engraçado pensar como esses momentos nos definem como pessoa. Às vezes tenho a impressão de ver meus professores diante de mim contando a mesma coisa. A única diferença é que a perspectiva das suas palavras, hoje em dia, é completamente diferente. Depois de muitos anos parece que vamos tomando consciência daquilo que nos disseram quando pequenos e vamos tomando rumos nas nossas vidas de acordo ou em desacordo com aquilo que aprendemos.

Na realidade não aceitamos tudo que nos ensinaram como um dogma.

Questionamos, processamos, depuramos  toda essa informação,  e junto às experiências adquiridas, pouco a pouco, vamos dando forma ao protagonista da nossa história.

Hoje de manhã, no caminho do trabalho, divagando no metrô, estava justamente pensando num poema atribuído a Shakespeare, mas que na realidade é de autoria de Veronica Shafttal, que o declamou no dia da sua formatura. Acho que vi esse poema pela primeira vez com mais ou menos 15 anos, da mão de uma professora de literatura que deve pensar até hoje que esse era realmente um poema de Shakespeare.

Pouco importa de quem é o poema. Desde o seu texto original até todas as suas alterações são bastante pertinentes e me tocaram fundo no momento que o li pela primeira vez.

Fiquei pensando na frase: “Não importa em quantos pedaços seu coração foi partido; o mundo não para, para que você o conserte”.

No meio da multidão do metrô, feita uma sardinha enlatada,  lia meu livro e pensava nessa frase, não atribuindo um sentido romântico, da dor do amor não correspondido, mas sim na dor do sentido da vida. Quantas vezes na vida, não rompem nosso coração? Quantas vezes nossos amigos, famílias, etc. já nos defraudaram?! Nos decepcionamos com os outros e com nós mesmos, por nossas atitudes, pelas atitudes alheias e sofremos. E ainda assim é preciso  levantar a cabeça e seguir adiante, porque como bem diz o poema “o mundo não para, para que você o conserte”.

É complicado falar sobre dores, porque cada um sabe o que sofre e como as sofre. Acho que a grande diferença está em como as encaram e as ferramentas que lhe deram para que as supere. Porque quando falamos de sentimentos, temos que entender que eles são singulares e nessa singularidade temos que aprender a gestiona-las sozinha. Quem sabe essa é a parte oculta do poema. Ou a extensão que eu atribuo. O mundo não para,  para que você o conserte e quem vai consertá-lo é você mesmo.

Não porque o mundo é cruel, não porque as pessoas não querem. Mas somente você é a pessoa capaz de entender o que está passando por dentro e saber na realidade o que está sentindo. Não mentir para si mesmo quem sabe é o grande desafio da humanidade, porque só assim um entenderá o que quer, o que sente e em que direção vai. E nessa direção, nosso aprendizado, o que aprendemos ontem e hoje é útil porque por vezes temos que voltar no caminho e buscar nossas ferramentas e armas para encarar o que vem.

Isso é como os desenhos animados dos super-heróis de quando éramos pequenos: cada um tem o seu poder e ele é intrasferível. Nietzche explica isso como ninguém. A teoria do super-homem deveria ser um imperativo em si mesmo.
Como todo mundo, meu coração já foi partido milhões de vezes.

Isso não é nada novo, porque por muito forte que um tente parecer todos sabemos que dentro de si leva tristezas e decepções. Faz parte da vida. Consigo também, se carrega momentos de felicidade, de êxtases, de diversão. Convenhamos que se a vida fosse feita só de tristezas metade da humanidade não estaria pelo labor de vive-la. E em vez de 7 bilhões de homo sapiens vagando pela Terra, teríamos não muito mais que 3 bilhões com tendências masoquistas para sobreviver essa maré de infelicidade. Porque convenhamos, tem gente que adora fazer da sua vida um drama.

Mas é lei de vida, as decepções vêm e o mundo não para, para que você as entendas e recobre sentido. Não temos mais remédio que seguir adiante, fazendo do dia -a-dia o melhor que um pode fazer. Por vezes vou entender situações passadas e superadas só anos mais tarde, quando num ataque de epifania tenho um insight sobre o ocorrido. Geralmente passa quando justamente tenho essas lembranças como hoje de manhã e aquilo que de certa forma já estava esquecido, recobra força quando um menos espera.

Devo ter nascido saudosista, não sei. Piegas quem sabe. Mas essa auto-terapia que me faço, por vezes, me ajuda muito a entender o meu entorno, o comportamento dos outros e meu mesmo.  E, como diz o poema, um dia você aprende. Aprende que aquilo que te ensinaram só vai servir de algo quando você toma consciência que é responsável pelo seu destino, responsável pelas decisões tomadas e responsável pela sua própria felicidade.

 

Um dia você aprende que…

Depois de algum tempo você aprende a diferença,

a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.

E você aprende que amar não significa apoiar-se,

e que companhia nem sempre significa segurança.

E começa a aprender que beijos não são contratos  e presentes não são promessas

E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante,

com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,

porque o terreno amanhã é incerto demais para os planos

e o futuro tem o costume de cair em meio a um vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que não importa o quanto você se importe,

algumas pessoas simplesmente não se importam…

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,

ela vai feri-lo de vez em quando

e você precisa perdoá-la por isso.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para se construir confiança

e apenas segundos para destrui-la,

e que você pode fazer coisas em um instante,

das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer

mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida,

mas quem você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram

escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos

se compreendemos que os amigos mudam,

percebe que seu melhor amigo

e você podem fazer qualquer coisa,

ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que devemos deixar as pessoas que amamos com

palavras amorosas,

pode ser a última vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes

tem influência sobre nós,

mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve

comparar com os outros,

mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo

para se tornar a pessoa que quer ser,

e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou,

mas onde está indo, mas se você não

sabe para onde está indo,

qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus actos

ou eles o controlarão, e que ser

flexível não significa ser fraco

ou não ter personalidade,

pois não importa quão delicada

e frágil seja uma situação,

sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas

que fizeram o que era necessário fazer,

enfrentando as consequências.

Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes

a pessoa que você espera que o chute,

quando você cai é uma das poucas

que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver

com os tipos de experiências que se

teve, e o que você aprendeu com elas,

do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você

do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer

a uma criança que sonhos são bobagens,

poucas coisas são tão humilhantes,

e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva

tem o direito de estar com raiva, mas isso

não lhe dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do

jeito que você quer que ame,

não significa que esse alguém não sabe amar,

contudo, o ama como pode,

pois existem pessoas que nos amam,

mas simplesmente não sabem como demonstrar

ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente

ser perdoado por alguém,

algumas vezes você tem que aprender

a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga,

você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos

pedaços seu coração foi partido,

o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa

voltar para trás, portanto, plante seu jardim

e decore sua alma,

ao invés de esperar que alguém lhe traga flores…

E você aprende que realmente pode suportar…

que realmente é forte,

e que pode ir muito mais longe depois de

pensar que não se pode mais.

E que realmente a vida tem valor

e que você tem valor diante da vida!

Nossas dúvidas são traidoras

e nos fazem perder o bem que poderíamos

conquistar, se não fosse o medo de tentar.

 

 

Texto original – poema original de Veronica Shaffstal

 

After a while

 

After a while you learn

the subtle difference between

holding a hand and chaining a soul

and you learn

that love doesn’t mean leaning

and company doesn’t always mean security.

And you begin to learn

that kisses aren’t contracts

and presents aren’t promises

and you begin to accept your defeats

with your head up and your eyes ahead

with the grace of woman, not the grief of a child

and you learn

to build all your roads on today

because tomorrow’s ground is

too uncertain for plans

and futures have a way of falling down

in mid-flight.

After a while you learn

that even sunshine burns

if you get too much

so you plant your own garden

and decorate your own soul

instead of waiting for someone

to bring you flowers.

And you learn that you really can endure

you really are strong

you really do have worth

and you learn

and you learn

with every goodbye, you learn…