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“Amazônia é o lugar mais perigoso para os cidadãos indígenas”

O alerta não se refere a vida selvagem da floresta Amazônica. O alerta está registrado em uma das obras do artista indígena peruano Rember Yahuarcani, que pertence a clã Almeni, da Nação Uitoto, da Amazonia setentrional, no Peru

A tela em acrílico sobre tela, 2023, chama-se “O território dos avós”. Rember é também ativista e escritor. Suas obras representam o universo onírico da floresta e seus habitantes e baseiam-se nas narrativas da mitologia uitoto e suas tradições, por meio de técnicas artísticas ocidentais.

 Rember Yahaurcani, Jardel Esbell ( 1979-2021), Daiara Tukano, dentre tantos outros, usaram e usam a arte para chamar atenção sobre o papel dos povos originários na preservação da Terra. Yahaurcani esteve na Bienal de Veneza de 2024, assim como Jaider Esbell em 2021, com obras que apresentam cenas, cujos desenhos lúdicos nos convidam a fazer uma imersão nas narrativas cotidianas dos povos da floresta e a partir daí  nos provocam e nos fazem pensar, ver e  sentir o mundo com suas diversas crenças.

A obra intitulada O Rio – 2024/ acrílico sobre tela, é de extrema sensibilidade ao trazer para contemporaneidade a diversidade sutil na evolução das espécies no planeta.

 “No princípio só existia água e escuridão- sobre ela florescia a árvore da abundância – a árvore se transformou em humano e agora o rio respira  desolado e agonizante…”

Esta maravilhosa tela, Os avós, é uma representação onírica de nossos ancestrais. Rember traz para mundo moderno a poética delicada e cheia de símbolos, tão características dos povos que vivem em harmonia com a vida natural.

“La técnica de Rember Yahuarcani sorprende a todos, como a Christian Bendayán, que narra cómo ha ido evolucionando cada detalle en las obras del protagonista de #ElCantoDeLasMariposas., fonte Youtube. O canto das Mariposa é um filme documentário peruano, estreado em 2020,  dirigido por Nuria Frigola Torrente e protagonizado pelo artista Rember Yahuarcani, tendo como localização principal a Amazonia peruana e colombiana. É um filme que mostra uma viagem nas origens da cultura amazônica e a essência da arte nesta região.

O que acham vocês destas telas tão cheias de mensagens para mundo moderno? Somente quem convive e sente a energia da terra é capaz de representar a beleza poética existente neste universo maravilhoso!

Consciência Negra….. meu coração!

Vim de um mundo e de uma época, na qual escutava falas cheias de preconceitos e que isso fazia parte do meu "dia a dia branquelo" ouvir piadas de "gosto ruim" como diz minha filha.

Mas só fui entender isso quando cresci e principalmente quando nasceu em mim a mãe que sou.

Quando levei minha filha na pediatra pela primeira vez, perguntei a médica qual era a cor dela, já que não entendia se era branca, parda e precisava preencher a carteira de vacinação. Ela me respondeu com todo ar de seu puro saber e (des) conhecimento: Ela é branca!!! Você não enxerga isso por que é branca demais, mas ela é branca, sem dúvida!

 

O tempo passou, minha filha cresceu e com ela vieram os mais lindos traços da menina negra que ela é. Sou uma mãe branca de uma linda menina negra. Linda mesmo, com os cabelos cacheados mais lindos do mundo! Apaixonante de ver e se cuidar!

Com ela entendi o quanto eu tinha que aprender sobre o que é ser negra na sociedade em que vivemos, em que infelizmente o amor não é o principal tema para as pessoas.

Eu estou a cada dia aprendendo com ela por meio do amor e a preparando para que ela siga em frente na sua vida, oferecendo amor por onde passar. Acreditando na forma linda dela e se mantendo firme diante de questões que possam surgir e emanando amor por onde estiver.

Que ela siga em frente com sua força e singularidade, continuando ensinar o amor, assim como faz comigo a cada dia. E também possa transformar qualquer coisa em amor, do jeito singular dela. 

Hoje ela sabe tanto que é uma linda menina negra, e que muitas vezes me diz: “Mamãe, queria muito que você tivesse um cabelo cacheado igual ao meu”. Ela ama quem ela é! É de cabe(lo) que se trata…. é o que cabe, é amor, é de amor próprio!

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Impressionante mapeamento que mostra “Estrangeiros em toda parte”

Uma das instalações mais marcantes da 60. Bienal de Veneza é "The mapping journey project di Khalili ( O projeto de mapeamento da jornada de Khalili).

A instalação da artista franco-marroquina, Bouchra Khalili levou três anos para ser elaborada e trata exatamento do tema da Bienal – Estrangeiros em toda parte. Em oito imensas telas, a artista apresenta a jornada feita por refugiados e cidadãos apátricas da África Setentrional e Meridional, do Oriente Médio e da Ásia Meridional 

Essas telas dispostas em um dos grande salões do Arsenale ( antigo estaleiro de Veneza), prendem a atenção do visitante que acompanha a rota  feita por pessoas em direção a diferentes lugares da terra, a maioria fugindo de guerras, de uma vida miserável e muitas vezes em busca de um sonho.

 Isso me faz lembrar da eterna migração do povo indígena Guarani que caminha sempre rumo ao Leste – “Em busca da terra sem males”.

As jornadas para são as mais imprevisíveis. As pessoas não são identificadas na fala, apenas relatam por onde passaram, quanto tempo permaneceram no local ou se deu certo. Em uma das telas, cujos depoimentos e as rotas traçadas são contínuas e repetidas, uma certa pessoa conta que saiu de uma pequena cidade na Ásia e foi para Itália, ficou um tempo clandestinamente e precisou sair porque não tinha documentos. Um amigo na Espanha disse que em tal cidade conseguiria os documentos e ele traça a ida até o local. Lá ficou um tempo e sentiu saudades de sua mãe, sem dinheiro e sem emprego decidiu retornar a cidade natal.

 

Resumindo, o projeto consiste em mostrar, pelo mapa, o trajeto emocionante de pessoas que aventuraram-se a viver em outro país, quase sempre ilegalmente.

Sem entrevistas e elenco dirigido, a obra é baseada apenas na escuta das viagens idealizadas e interpretadas pela narração dos que colaboraram com a artista. 

Cada um dos oito vídeos é composto a partir de um plano fixo, sem cortes, concentrando-se sobre um mapa e uma mão com uma caneta traça ou desenha, em tempo real, as tortuosas e perigosas viagens feitas através dos anos. 

 

Um pequeno trecho retirado de um dos vídeos, para que o leitor tenha  a ideia do significado da obra. Bouchra Khalili dedica-se há anos no projeto e na Bienal de Veneza  apresenta também a Série Constelação, que é o capítulo conclusivo do mapeamento.

A Constelação Série II reformula e ilumina as videoinstalações poeticamente ao referir-se a astronomia antiga, com raiz na mitologia.  

São oito serigrafias que traduzem as viagens narradas e lhe dá forma de constelações. 

Khalili convida o espectador a projetar-se ativamente nas constelações e imaginar outros modelos de associação da rota que foi uma jornada tortuosa e perigosa.

A 60.Bienal das Artes de Veneza termina no dia 24 de novembro, isto é no próximo domingo. Porém, independente do encerramento da exposição presencial na Serenisssima, ainda vamos explorar e falar muito das obras, dos artistas e dos conceitos propostos nesta edição da Bienal- Estrangeiros em toda parte – um tema atualissimo.

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Mais do que nunca todos unidos em defesa da Casa Comum

O Mutirão em Defesa da Casa Comum estará junto com a Campanha da Fraternidade de 2025. Marcela Weigert Braga é quem ilustra as peças de comunicação do Mutirão para este trabalho.

Um orgulho para nós da editoria do ‘Pan-horamarte’. 

Marcela foi a criadora da marca do site, é minha filha e tem como objetivo principal ilustrar projetos de cunho social, como direitos humanos, educação, saúde, socioambientais, entre outros.

“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado”

A ilustração foi publicada na Revista Casa Comum,  na reportagem que trata dos preparativos para a Campanha da Fraternidade de 2025. A revista é trimestral e circulou durante o seminário nacional da campanha realizado em Brasília, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no final de setembro, e está à disposição para leitura neste link: Revista Casa Comum

“A ideia da arte foi mostrar a importância de todos(as) unidos(as) – pessoas, fauna, flora, e São Francisco -, cuidando da Terra, seja na cidade ou no campo. A imagem faz referência ainda ao Cântico das Criaturas, poema de São Francisco de Assis que completa 800 anos em 2025 e que expressa uma profunda conexão com os elementos naturais – vistos como irmãos.” Fonte – Revista Casa Comum

O Mutirão em Defesa da Casa Comum irá realizar cursos gratuitos para capacitar animadores(as) e multiplicadores(as) para a defesa e o cuidado da Casa Comum, proposto pela Campanha da Fraternidade de 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31).  O primeiro já está acontecendo,  28 de outubro a 12 de dezembro.  O curso é online gratuito, mas cada participante deve assumir o compromisso de multiplicar a formação recebida para sete novas lideranças, que, por sua vez, devem mobilizar outras sete pessoas em suas localidades, multiplicando, assim, o efeito e alcance da formação. 

Marcela também ilustrou o Mutirão pela Democracia que é parceira do Casa Comum. Aliás, o Mutirão pela Democracia foi o que inspirou o conteúdo do curso de formação de multiplicadores para o cuidado pela terra.

“O novo curso foi inspirado pelo Mutirão pela Democracia, iniciativa da Revista Casa Comum em parceria com o Projeto Encantar a Política realizada no início de 2024, com base nas reportagens da 8ª edição da Revista Casa Comum – que pautou o tema Reencantar a política: pela mobilização das urnas e das ruas – e também na Trilha de Saberes.”

 

“É uma alegria, agora, o Mutirão estar junto com a Campanha da Fraternidade, pois acredito que teremos um bom espaço e público para avançarmos no estudo dessa temática, da defesa da Casa Comum”, manifestou Jussara Seidel, pedagoga e uma das coordenadoras do curso, durante o evento”‘. 

Marcela cada vez mais avança no cumprimento de sua meta definida no momento em que recebeu o seu diploma de terceiro grau, na Universidade Tecnológica do Paraná. “O meu desenho será utilizado para ajudar a construir um mundo melhor”, afirmou. Em seu currículo já estão vários projetos importantes como Escravo Nem Pensar, da Repórter Brasil, Semana Nacional de Educação, entre muitos.

Para nós do Pan-horamarte, é com satisfação que divulgamos seu trabalho e suas ilustrações. Exatamente, a proposta da marca e programação visual do site criada por ela. Este olho que tudo vê e em sua pupila o @ que na contemporaneidade é o símbolo que começou tudo e provocou a disseminação das informações, globalizando o mundo. A espiral resume-se na multiplicação dessa gama de assuntos que tem como missão: Porque a vida é arte e porque viajamos nesta poética!