Cartazes da Semana de Arte Moderna de 22

Considerações sobre Semana da Arte Moderna de 1922

O leitor também concorda que a Semana de Arte Moderna de 1922 não terminou?

Se analisarmos os desdobramentos que resultaram dessa Semana, sim, ela ainda não terminou.Há 102 anos, de 13 a 17 de fevereiro foi realizada a Semana da Arte Moderna em 1922. Tanto tempo se passou e os desejos de ruptura com o padrão existente, idealizados na época por jovens artista e intelectuais, são ainda pauta para debates e mostras, sobretudo nas artes plásticas e literatura.

Semana da Arte Moderna de 1922 não terminou. É o título de um livro escrito pelo jornalista Marcos Augusto Gonçalves, lançado em 2012, num Congresso da Revista Cult sobre jornalismo cultural. Recomendo leitura.

Marcos é colunista  da Folha de São Paulo. Foi editor da “Ilustrada”, do caderno “Mais!” e da “Ilustríssima”. Foi editor de Opinião e correspondente em Milão e Nova York.

 

“Estamos célebres! Enfim! Nossos livros serão lidíssimos! Insultadíssimos, celebérrimos. Teremos nossos nomes eternizados nos jornais e na História da Arte Brasileira”, escreveu o poeta Mário de Andrade, em carta endereçada a seu colega Menotti del Picchia. Comentário que faz parte da ‘orelha’ do livro de Marcos.O registro da empolgação de Mário é profética e como completa o autor, “a formação do movimento modernista em São Paulo, suas obras, seus personagens e sua crônica, foi exaustivamente  estudada nesses 100 anos do acontecimentos.

Outro livro maravilhoso que recomendo (adoro leitura de pesquisa para entender o ‘espírito do tempo’ e fazer uma análise crítica do acontecimento), chama-se  “Questões de Arte” ,  de Cristina Costa. O jeito bacana que ela trata um assunto acadêmico como ‘História da Arte’ faz o leitor viajar no tempo e flanar sobre o tema com um olhar mais ampliado e tentando entender o porquê da arte como uma linguagem social e política.

O Modernismo é uma consequência do ‘espírito do tempo’, sem dúvida, um momento,  pelo qual iniciava-se na sociedade ocidental grandes transformações com a ‘era industrial’ e as turbulências do entre guerras mundiais. A inquietude da humanidade refletida na alma do artista. Segundo Cristina Costa, o Modernismo no Brasil teve seu marco histórico com a Semana da Arte Moderna. “Vários artistas – músicos, literatos, poetas e artistas plásticos – entre eles Mário de Andrade, Anita Malfati e Menotti del Picchia organizaram uma manifestação no Teatro Municipal de São Paulo, por meio da qual defendiam a liberdade e o direito de experimentação artística, a necessidade de atualização cultural do país e a pesquisa de uma linguagem artística nacional.”

Se até hoje o assunto Semana de 22 gera polêmica cabe a cada tirar suas próprias conclusões. De um lado, a  colocação de que foi um movimento burguês, de elite, patrocinado pelos barões do café paulista e de outro, que São Paulo ‘puxou sardinha’ para si e impôs um reconhecimento de que tudo começou na “Paulicéia desvairada”. 

No entanto, para nós estudiosos e amantes das artes não importa e, sim, seus desdobramentos para chegar o que é a arte hoje. Marcos Augusto é soberbo na descrição de um tempo e em sua pesquisa histórica. A ideia dele não foi contar a verdade sobre a Semana de Arte Moderna, mas apenas mostrar o que mobilizou os artistas, pessoas, seus laços com a tradição e suas ambições de mudança.

Juca Mulato é um dos primeiros livros de poesia publicados pelo poeta brasileiro Menotti Del Picchia. Publicado em 1917, antes da Semana de 22, Juca Mulato lançou Menotti no mundo literário, sendo reproduzido em jornais de todo o Brasil, fazendo do autor um nome nacional.

“Sofre, Juca Mulato, é tua sina, sofre…
Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida
é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida…
Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito
é o mesmo que cravar uma faca no peito.
Esta vida é um punhal com dois gumes fatais:
não amar é sofrer; amar é sofrer mais”!

Mandinga - Menotti del Picchia - 1959

O Homem Amarelo é uma pintura da artista brasileira Anita Malfatti,  sendo uma de suas mais famosas. A obra foi parte integrante da Exposição de 1917 e da Semana de Arte Moderna de 1922.

Essa obra é a segunda versão, a primeira versão,  foi feita nos Estados Unidos  durante o período em que Anita esteve estudando. Foi feita em carvão e pastel, com o mesmo título e quase com as mesmas medidas.

“Para muitos de vós, a curiosa e sugestiva exposição, que gloriosamente inauguramos hoje, é uma aglomeração de ‘horrores’. Aquele gênio suplicado, aquele Homem Amarelo, aquele Carnaval Alucinante, aquela paisagem invertida, se não são jogos de fantasias de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado  vosso espanto. Outros ‘horrores’ vos esperam, daqui a pouco, juntando-se a esta coleção disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente virão revoltar aqueles que reagem movidos por forças do passado”.  Essas foram palavras de um dos organizadores do evento Graça Aranha. Fonte: Arte e ARtista

Artistas são seres visionários que se expressam em suas poesias, livros, telas, esculturas um período na história, inserindo suas angústias, alegrias  e rebeldias. 

O recado de Graça Aranha lido 100 anos depois representa o que a Semana foi para uma sociedade conservadora, tradicional, que necessitava romper com os padrões de um Brasil que vinha de uma história de Colônia, Império e uma República se consolidando. Infelizmente, o desejo infinito de liberdade dos artistas é quase uma utopia eterna. O autoritarismo ainda é uma constante no mundo e no Brasil, cujos governos oscilam entre a pseudo- democracias e ditaduras históricas. 

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Cantinhos adoráveis que somente gatos sabem achar com arte

Lugares incomuns garantem o repouso merecido para um gato folgado. A fonte de inspiração destas fotos (na minha opinião muito artísticas) que foram captadas  há alguns anos, cujo o protagonista foi nosso gato inesquecível: AmonRá. Essa fofura branquinha esteve com a família durante 16 anos para depois viver na eternidade. Era perfeito, lindo, de  porte nobre e pelo macio. Quando dormia muitas vezes parecia uma esfinge egípcia tal era a elegância do seu porte. Ãhhhmmm…. que saudades desse gatinho!

AmonRá permaneceu em fotos que nos trazem memórias singelas de sua presença em nossas vidas, minha e de minhas filhas. Agora elas, adultas e mães, também têm Pipoca, da Paula e Pudim, da Marcela, para brincar e fazer companhia como só gato consegue com aquela discrição e brejeirice.

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Embaixo de um banco.

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No carrinho antigo de bebê

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É muito sossego!

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Na TV antiga.

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No urso macio..

 

Cadê Amonrá!

Na pele macia!

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Que delícia que é ver bandinhas carnavalescas passarem em Natal

Infinidade de bandinhas carnavalescas tomaram conta de Natal, no Rio Grande do Norte. Quando elas passam a ordem é 'sacudir o esqueleto e ter samba no pé'...

Bom mesmo é exaltar nossos músicos e dar a eles espaço que merecem. Os músicos tocam, tocam seus instrumentos na raça, andando e brincando junto com o povo. As bandinhas carnavalescas animam o carnaval de rua e representam o mais genuíno de nossa cultura.

A turma da foto é a Banda Clarim Kids que animou a festa da criançada numa escola arretada da capital potiguar. 

Gostoso demais é sambar na praia e brincar com o povo que nada.Nada de nadar neste mar sem fim com muita coragem e condicionamento físico. Nesta turma entrei de gaiata como nadadora, ou melhor enganadora (ainda aprendiz e com fé e esperança que um dia troco o ‘e’ por ‘a’ – passando a (e)nadadora).   O Bloco do Mar sambou em brincou ao lado da Orquestra  de Frevo do Alexão e a organizadora, nadadora campeã potiguar Madalena Nunes não deu chances para tristeza e fez todo mundo ‘esquentar as canelas e sacudir o esqueleto’, como diz ela.

Madá e Humberto Maurício são os porta-vozes da turma de nadadores. Humberto criou a TV NPN…

Confesso que estou adorando fazer parte desse time, que acolhe gente que quer também comungar com o mar…

Os recados são todos por grupos de WhatsApp, um lado do bom da tecnologia que também foi motivo de desunião. Mas estamos evoluindo gente!

Mas a folia não parou por aí. Tem o tradicional Bloco dos Poetas que sai sempre da Praça dos Gringos. Nesse até a governadora prestigiou e Paula, minha filha não se conteve tietagem.

Nem condomínio ficou para trás. Alguns levaram a bandinha para animar o frevo ou samba refrescando o corpo na piscina. Genteee… Que delícia que ver a banda passar!

Carnaval é isso! 

É festa na rua.. E vou reproduzir aqui um texto lindo que resume esta festa importante no calendário do Brasil.

 

“No mundo cada vez mais individualista o carnaval assusta porque afronta a decadência da vida em grupo. Cria laços contrários a diluição comunitária, fortalece pertencimentos  de sociabilidades e cria redes de proteção social nas frestas do desencanto. A festa coisa de desocupados? Fale isso para trabalhadores e trabalhadoras da folia. O carnaval é também para muita gente, sobra-vivente, alternativa de sobrevivência material, afetiva e espiritual. O Brasil não inventou o carnaval, é certo. Mas o povo do Brasil vivenciou de tal forma o carnaval na pluralidade de suas  manifestações, que ocorreu o inverso. Foi o carnaval que inventou um país possível e original às margens de horror que historicamente nos constituiu. É perturbador para certo Brasil, individualista, excludente, sisudo, trancafiado, inimigo das diversidades, lidar com uma festa coletiva, alegre, inclusiva, diversa e rueira. Tenso e intenso,  com lâmina e flor, o carnaval assusta porque nos coloca diante do assombro da vida”.  Texto Luiz Antonio Lima. Retirado do Instagram Pedro Munhoz  oficial

carnavale - Carybé

Carnaval no Brasil é antes de tudo manifestação cultural

Não me canso de explicar para quem nunca viveu no Brasil,  que o nosso Carnaval não se resume apenas no desfile de escolas de samba do Rio de Janeiro. O carnaval brasileiro é na rua, onde o povo expressa sua alegria, com músicas e danças. É uma festa que manifesta a cultura de cada região de nosso país.

Ninguém coloca em dúvida o quanto é espetacular o desfile de escolas de samba na Marquês de Sapucaí, mas vale também ampliar nosso olhar crítico e entender o carnaval como expressão da arte popular.

A alegria de um povo que faz folia inspirada na música e também no folclore brasileiro. Um exemplo é o frevo, uma dança popular pernambucana muito apreciada no carnaval que foi considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2007.

O maracatu também de Pernambuco é uma dança de origem afro e surgiu no século XVIII como uma forma de manter viva a coroação do rei do Congo, após o fim da escravatura. Mais informações no próprio site (Maracatu.org).

Ôooo gente! Quanta poética artística desse povo pernambucano….

Os Bonecos Gigantes que representam personalidades famosas brasileiras e internacionais. São feitas de forma artesanal de barro, madeira e papel marché. Os primeiros bonecos, Zé Pereira e Vitalina têm 100 anos e para conhecer sua história basta clicar no nome.

Carnaval carioca

O carioca conhecido como o povo descolado que adora curtir praia e  bate-papo em bar, começa cedo com os blocos que saem semanas antes em bairros da cidade. Mas o mais apoteótico e espetacular é o da Marques de Sapucaí. O desfile das Escolas de Samba tem seu auge na terça-feira e termina na madrugada de quarta-feira de cinzas.

Já publiquei no PanHoramarte – ‘Carnaval no sambodromo contos de fadas brasileiro’ e volto a repetir o depoimento. Ele reflete também o meu deslumbramento e, portanto, Lyslane Costa me representa na opinião sobre o desfile do Sambódromo.

https://www.youtube.com/watch?v=S_O54zSrRyE

Quando assisto desfile das escolas de samba do Rio, fico a imaginar se existe, neste planeta, espetáculo que se equipare. Óperas e musicais, ofuscados por plumas e paetês, desaparecem em palcos tão mais nobres, coitados, tão pobres. E o que dizer da alegria? Das mais de três mil vozes, cantando felizes a história que escolheram contar? É com certeza o maior show da terra. 
Ai que orgulho me dá de ser deste Brasil. Seja desembargador, empresário, médico ou ator… tanto faz... a reverência é toda para a beleza das nossas mulheres que, tal como deusas vedetes, do alto de seus saltos, transitam ziguezagueando em rastros de purpurina.Que planejamento é este que reúne milhares em cadência tão perfeita. Ainda vou fazer parte disso tudo“.

É bem isso. Todos, naquele momento, têm o mesmo nível social e de importância, numa cadência só!

Carnaval do Sul

Aquilo que escreverei sobre o carnaval do Sul expressa uma vivência que não vai além do meu umbigo. Sempre estou em viagem. Porém, o que falam as ‘más línguas’ sobre Curitiba, onde vivo em parte, que é o mais fraco. Pouca animação!

A alusão é pelo estilo do povo de temperamento mais fechado pela imigração, composta, na maioria, de descendentes de poloneses e ucranianos. No final da década 70 surgiu a famosa Banda Polaca, criada por intelectuais e artistas da cidade. Era tão boa que acabou. Hoje temos os Zombie Walks. Os zombies parodiam a ideia de que o carnaval de Curitiba é um horror e saem em blocos fantasiados de monstros cinematográficos.

Carnaval mais perto da linha do Equador

Os carnavais do Norte e Nordeste do Brasil pouco posso comentar pelo fato que só participei do potiguar. Em Natal desviaram a festa da alegria para ser comemorada em dezembro com o CarNatal. Assim não competem turisticamente com as cidades, onde o carnaval é mais tradicional.

Porém, no período certo, o carnaval de rua também vive em Natal, muito mais com shows e espetáculos nos grandes palcos instalados perto de Ponta Negra e a presença de artistas de renome como Elba Ramalho e tantos outros. Alguns blocos saem pela praia durante os dias brincando e sambando.

É reconhecido pelos brasileiros que os carnavais de rua mais tradicionais do Brasil, certamente, são de Recife, Olinda e Salvador.  A capital da Bahia marca presença com os trios elétricos e seus famosos artistas e o tradicional Afoxé Filhos de Gandhy.

O afoxé Filhos de Gandhy, fundado por estivadores portuários da cidade no dia 18 de fevereiro de 1949, tornou-se o maior e dito o mais belo Afoxé do Carnaval de Salvador, na Bahia. … As cores dos colares são um referencial de paz e o afoxé enfoca Oxalá, que é o Orixá maior. Fonte Wikepédia.

Origem do carnaval

A origem do carnaval ainda é um mistério. Sabe-se que começou em regiões cristãs na antiguidade. Agora, confirmar que foi o catolicismo que disseminou a ideia será muito difícil. A festa foge às regras religiosas e é  exatamente contrário do que se prega, uma vida pelo decoro e a devoção.

Se analisarmos a própria palavra folia, tem origem em folle, em italiano follia, e pelo dicionário Devoto, significa: estado de alienação mental, loucura e demência.

Uma pista interessante nos dá o filósofo suíço Alain de Botton, no livro Religião para Ateus, quando conta sobre a Festa dos Loucos muito difundida na Europa, no período medieval.

O escritor, para justificar essa ideia, conta que o cristianismo medieval compreendia a dívida em que a bondade, fé e doçura têm com seus opostos. Uma dicotomia. Durante a maior parte do ano pregava solenidade, ordem, moderação, camaradagem, sinceridade, amor a Deus e decoro sexual, e, então, na noite de ano-novo, abria as portas da psique coletiva e dava início ao “festum fatuorum“, a Festa dos Loucos.

Segundo pesquisa de Botton, durante quatro dias, o mundo ficava de cabeça para baixo e cometiam as mais absurdas aberrações. Em 1445, a Faculdade de Teologia de Paris explicou aos bispos da França que a Festa dos Loucos era um evento necessário no calendário cristão, “para que a insensatez, que é a nossa segunda natureza, e inerente ao homem, possa se dissipar livremente, pelo menos uma vez ao ano”.