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Tributo a Tomie Ohtake

“Tomie Ohtake demonstrou que o tempo para ela não se traduziu em envelhecimento e superação de suas próprias expectativas

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Ela provou que quando se tem alma de artista é possível manter a jovialidade e a licença poética para produzir a ousadia no melhor sentido da arte contemporânea”. PanHoramarte homenageia a artista publicando um trabalho de pesquisa realizado pela editora do site em 2006, para Escola de Música e Belas Artes do Paraná, em que faz uma análise de uma de suas obras “Sem Título- 2000”, que integrou a mostra Na Trama Espiritual da Arte Brasileira.

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“Sem Título/2000” está dentro do campo ampliado da escultura. Extrapola a questão do objeto tridimensional. Não tem mais lugar fixo e a base é a própria escultura. Não é mais monumento, pode-se dizer que tem um pouco das obras da LandArt. É paisagem, não é a paisagem. O expectador caminha no trabalho.

Leveza

Tem uma relação vaga com uma das esculturas de Picasso – Construção de arame – semelhante a uma grade, concebida pelo artista em 1929. Com o detalhe que na obra de Tomie a forma está mais livre, não está presa ao chão e foge da geometria racional do concretismo puro. Segundo Rosalind E. Krauss, em “Caminhos da Escultura Moderna” , pág.160, a obra de Picasso: (….) Revela que a transparência concreta da grade tridimensional é essencialmente a mesma que a transparência conceitual da figura clássica, que, embora maciça em vez de aberta à penetração visual, embora monolítica em vez de construída a partir de uma rede de linhas, tem também como premissa o entendimento elementar da relação racional entre estrutura e superfície.(….)

Tal obra apresenta também a leveza do movimento nas curvas que lembram os móbiles de Calder. (…) Os móbiles de Calder (iniciados em 1932) atingem, em sua forma desenvolvida, um equilíbrio delicado o bastante para ser perturbado e movimentado pelo vento, por correntes de ar que percorrem o ambiente em que estão suspensos ou pelo toque de alguns de seus observadores. (….)

(…) Além disso, o desenho de Calder assegura a capacidade de qualquer um desses braços lineares girar em relação aos demais, uma vez que o encadeamento inteiro é feito para se movimentar. (…) Rossalind Krauss. Caminhos da Escultura Moderna.

Assim se apresentam as curvas da escultura de Tomie ao observador, com a capacidade do movimento, porém, sem um ponto fixo para estabelecer o movimento, diferente de Calder. Não um móbile suspenso por um ponto, mas algo que se entrelaça e se movimenta num vai e vém como as ondas do mar. Um mar lúdico e envolvente.

“Sem Título/2000” traz o novo milênio com uma visão Zen de mundo, harmonia e movimento contínuo. É uma obra neoconcretista porque abre novas possibilidades, diferentes da rigorosa disciplina que originou o movimento concretista.

(….) “Os problemas se recolocam. Os neoconcretos retomando a questão da forma significativa que os concretistas abandonaram voltados para os puros problemas de estrutura e tensões cromáticas, rompem com o conceito tradicional de quadro e escultura e propõem uma linguagem efetivamente não-figurativa, isto é, cuja expressão dispensa um espaço metafórico para se realizar. A obra neoconcreta realiza-se diretamente no espaço, sem os apoios semânticos convencionadas na moldura (para o quadro) e na base (para a escultura)”. Ferreira Gullar. Etapas da arte contemporânea – do Cubismo à Arte Neoconcreta.

“Sem Título/2000” tem semelhanças com os “Bichos/ 1962” e “Trepantes/1965”, movimento em que Lygia Clark deixou explícita nos seus não-objetos móveis, a que deu o nome metafórico de “bichos”. (…) Aqui, LC abandona a madeira e passa a utilizar o metal, em chapas que se articulam com dobradiças – as quais funcionam como a espinha dorsal da estrutura. (…) E três anos depois cria os “Trepantes” que são obras que se acoplam em objetos e locais.

(…) Esses movimentos implicam o deslizar das placas uma nas outras, no aparecer e desaparecer de formas, planos e vazios, como se se desse o nascimento e a elaboração sucessiva do espaço e da forma. Detida em determinada posição, a estrutura nos comunica aquela mesma sensação de transparência e de tempo acumulado que sentimos nos contra-relevos.

Aqui, entretanto, as conotações táteis se somam à solicitação motora e, se atendermos a essa solicitação, se movermos a estrutura e a transformarmos, já uma segunda contemplação se nos oferecerá mais rica de conotações: a nossa própria experiência motora aderiu à estrutura e é como se nos tivéssemos vertido nela: contemplamo-la agora não mais como uma coisa exterior a nós, mas como um produto também de nosso esforço, da nossa ação: a obra torna-se, até certo ponto, também obra nossa”.(…)

Turbulência discreta

Em síntese, a obra de Tomie Ohtake que esteve exposta no Museu Oscar Niemeyer e foi objeto de análise deste trabalho se refere ao campo ampliado na escultura. Na busca do novo, Tomie tem conseguido criar um diálogo com o público e se integrar no seu cotidiano, descobrindo sentimentos e oferecendo emoções.

A escultura quando tocada se movimenta e desperta o imaginário do expectador. Os aros brancos balançam no ritmo das ondas. A obra – como bem define Paulo Heerkenhoff, é um campo de instabilidade em busca de repouso. “Talvez como um mar agitado de Hokusai. Ou como a turbulência discreta das pinceladas curvas de sua pintura”.

Enfim, Tomie Ohtake demonstrou que o tempo para ela não se traduz em envelhecimento e superação de suas próprias expectativas. Ela prova que quando se tem alma de artista – mesmo com 86 anos, época que concebeu a escultura – que é possível manter a jovialidade e a licença poética para produzir a ousadia no melhor sentido da arte contemporânea.

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Nascida no Japão (Kioto/1913), Tomie chega ao Brasil aos 21 anos para visitar o irmão e acaba ficando por circunstâncias de guerra, casando e constituindo família aqui. A artista só começa a se dedicar às artes plásticas a partir dos 40 anos de idade. Tomie durante todos estes anos produziu para arte brasileira um conjunto de obras com características próprias que apresentam a essência, a delicadeza nas formas e os detalhes  da cultura da terra em que nasceu, com a mescla da ginga, da sensualidade tropical do país que adotou para viver o resto de seus dias.

(…) “Leitora assídua do filósofo Daisetz Suzuki, que divulgou a disciplina Zen no pós-guerra, Tomie acabou por incorporar alguns desses conceitos orientais na própria vida e no método de produzir arte. Em sua trajetória, a pintora integrou-se ao ambiente cultural do país e adotou a cidadania brasileira”.

Atenta ao mundo e concentrada em sua obra, a artista desenvolveu um grande círculo de relações. Também visitou as cidades coloniais de Minas Gerais, colecionou objetos da cultura popular e da cultural material indígena. Em visitas à Bahia, fez amizade entre artistas e recolheu material do candomblé. Esse conjunto de questões metafísicas tece, a partir da obra, Tomie, uma trama espiritual da arte brasileira, que inclui diversos artistas do Paraná. (…) dados retirados de matéria sobre Museu Oscar Niemeyer, no dia 28 de abril de 2004, na Agência de Notícias, do Governo do Estado: www.pr.gov.br

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Vermelho

Sensual e leve como nas Dobras da Alma ou no Vermelho – de acordo com a análise feita pelo curador da exposição no segmento em que se colocou a obra – uma metáfora, as dobras da alma apresentada por uma japonesa que vive num país oposto ao seu, colorido e dissonante.  É assim que a obra ‘em Título/2000”se apresenta com suas curvas envolventes, concebida na entrada do novo milênio.

Sem Título/’2000 – que como diz a artista: “Não coloco título na obra porque a pessoa fica muito impressionada e fica pensando no título e não na obra” traz o subjetivismo do neoconcretismo, em que a participação do observador é fundamental e abre discussão para o campo ampliado da escultura. Nesta escultura introduz material industrializado e a proposta se integra ao espaço para o observador interagir com ela.

O presente trabalho do módulo “Escultura” apresenta uma das obras da Tomie e ressalta sua personalidade artística forte dentro do mundo contemporâneo.

 “Basta levar uma vida com transparência. Acordar e dormir em paz. E trabalhar com afinco, amor e sonhos”, confessou Tomie numa entrevista. Para o curador Paulo Herkenhoff, Tomie Ohtake já inscreveu suas marcas na arte brasileira.

 

 

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Louvre ainda é o museu mais visitado do mundo

Entrar pela pirâmide de vidro que dá acesso ao Museu do Louvre, em Paris, na capital francesa, é embarcar numa viagem no tempo por intermédio de obras de artes.Um dia é pouco para desfrutar dos tesouros artísticos reunidos na França, muitos dos quais usurpados de povos que foram derrotados, a maioria pelas guerras napoleônicas, em tempos remotos.

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Portanto, independente da forma como foram conquistadas estas obras estão reunidas em um só espaço expositivo e a humanidade só  tem a agradecer o governo francês pela preservação destes tesouros de valor inestimável e que são testemunhos da história universal.

Exibart publicou:

“O Museu do Louvre, em Paris, França, confirma novamente que foi o museu mais visitado do mundo em 2014. Mais 9 milhões e 300 mil visitantes cruzaram a pirâmide de vidro nos últimos 12 meses, 100 mil a mais do que em 2013.  Segundo o relatório ‘The Global Attractions Attendance Report’.

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Os visitantes estrangeiros foram responsáveis por 70 por cento das vendas de bilhetes e no topo desta lista estão os turistas americanos, chineses, mas também italianos, ingleses e brasileiros. Além da grande atração, a sempre Mona Lisa, a segunda obra mais visitada foi a Vitória Alada de Samotrácia, descoberta recentemente e restaurada graças ao crowdfunding.

Se.gundo fontes oficiais do Museu, mais da metade dos visitantes têm menos de 30 anos de idade.  Estamos na espera da abertura de Abu Dhabi, previsto para 2015?” 

Louvre de Abu Dhabi

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Louvre Abu Dhabi

Louvre Abu Dhabi é um museu que atualmente está em fase de construção em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos. Inicialmente a inauguração estava prevista para 2012-2013, mas atrasos têm levado a prever uma nova data,  2015. Será um dos componentes de um gigantesco bairro cultural que está sendo construído na  ilha de Saadiyat, junto a outros três museus e a um centro de entretenimento.

Em 7 de março de 2007, o Museu do Louvre em Paris, anunciou que associaria o seu nome ao deste novo museu, como parte de um acordo de 30 anos entre a cidade de Abu Dhabi e o governo francês. O museu, desenhado pelo arquiteto francês Jean Nouvel, terá uma área total de 24 000 m² e o custo da construção está estimado entre 832 e 108 milhões de euros.

Está previsto que o espaço exiba obras de arte de todo o mundo, focando principalmente as pontes entre a arte ocidental e a arte oriental; no entanto, é um projeto que tem originado grandes controvérsias no mundo da arte, dado que têm surgido muitas objeções relativamente à legitimidade dos motivos financeiros do Louvre que originaram o acordo. (Texto retirado da Wikepédia

Publicado originalmente no Exibart

 

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Ausência de arte nos subterrâneos da Capadócia dificulta estudos

Ausência de afrescos nas paredes subterrâneas dificultam estudos do local

A ausência total de afrescos, pinturas, esculturas nas paredes das cidades subterrâneas da Capadócia, Turquia, dificulta estudos por parte dos historiadores de arte sobre a origem dos locais. As surpreendentes escavações feitas em tufos vulcânicos, que podem atingir entre oito e nove andares, poderão ter existido como cidade subterrânea durante o cristianismo ou foram criadas como medida de segurança durante a ameaça das invasões árabes na região.
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Estas cidades rupestres, com seus túneis estreitos, suas chaminés de ventilação, as suas salas e corredores, representam pelo que são, sem dúvida, admiráveis obras de arte do mundo antigo.

Estima-se que existam muitas no subsolo da Capadócia, porém as mais conhecidas são as de Kaymakli e de Dreinkuyu, que se encontram entre Nevsehir-Nigde.
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Cristianismo

A ideia de que foram construídas por medida de segurança pela população cristã se baseia no fato de que os árabes não ocupavam o território, apenas pilhavam e incendiavam as cidades conquistadas e depois se retiravam do local. Sendo por isso que a população cristã procurava um refúgio provisório, escondendo-se então nestas cidades.
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Túneis

Os sistemas de encerramento de túneis pelas pesadas mós de pedra deslizantes, os andares comunicando-se entre eles por estreitas passagens, as chaminés de ventilação e os túneis secundários de fuga, revelam uma astuciosa estratégia de defesa em caso de alerta. As salas eram construídas em diferentes dimensões, atelies de produção vinícola, dormitórios, refeitórios, igrejas, em suma, tudo que é necessário para a vida cotidiana.
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Kaymakli

A cidade subterrânea de Kaymakli, que se encontra a 20 quilômetros a Sul de Nevsehir, foi aberta ao público em 1964 e cobre uma superfície de 2,5 quilômetros quadrados, provavelmente com sete ou oito andares. O vasto labirinto possui estábulos no primeiro andar, que coloca a hipótese de existirem outros andares inferiores ainda não desenterrados. A ausência de pintura nas paredes e a falta de expressões artísticas impossibilitam os historiadores de datarem o período de construção.

A Capadócia, localizada na Anatólia Central, na Turquia, é uma das regiões mais antigas do mundo. Em uma de suas cidades, Çatalhöyük, foi encontrado um afresco datado de mais de seis mil anos a.C., reproduzindo num primeiro plano as casas e ao fundo um vulcão expelindo lavas.
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A formação geológica da Capadócia é resultado de duas forças naturais opostas. A primeira é o período de formação devido às erupções constantes dos vulcões da Anatólia Central que bombardeavam a zona de lava, de tufo e de outros elementos vulcânicos recobrindo os arredores. A segunda é o período de destruição causada pela erosão no fim das atividades vulcânicas.

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Um verão na capital da República Tcheca.

Estilo sóbrio e fechado

O estilo sóbrio e fechado das pessoas que vivem em Praga, na capital da República Tcheca, compensa na medida em que o turista começa a sentir a alma da cidade no verão.Praga desabrocha como uma flor e celebra o sol com música por toda a parte. É uma metrópole, não pelo potencial industrial, mas pela diversidade de cultura e de povos que se estabeleceram no local ou estão de passagem.

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Muita música

A agenda de concertos de músicas clássicas e óperas está completa por mais de dois meses nas imponentes igrejas, grande parte barrocas,  e   nos teatros – alguns com arquitetura e decoração da Belle Époque” . O virtuosismo é uma constante nas apresentações. São músicos de Orquestras Sinfônicas e cantores da melhor qualidade artística.

Talentos à parte também encontramos pelas ruas se apresentando popularmente para os caminhantes afoitos. Praga é uma pequena Paris, ainda melhor, com o aconchego de uma cidade pequena.

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Ponte Carlos

Passar pela Ponte de Carlos VI, com suas 30 esculturas barrocas (sacras) é uma experiência interessante, principalmente pela simples razão de o espectador  questionar o porquê  das obras estarem enegrecidas pelo tempo e algumas com teias de aranha. Desleixo ou falta de dinheiro para restauração, não foi possível descobrir.

A resposta com certeza está inserida na sua trajetória histórica. Praga está localizada no leste europeu e fez parte dos países da “cortina de ferro”(1948-1989) e segundo relato dos habitantes, muitos prédios e obras que lembravam a burguesia e o fausto foram abandonados e  quase à ruína.

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No entanto, este aspecto enegrecido de sua arquitetura e algumas obras que pedem limpeza dão um tom kafkaniano à Praga, talvez à propósito. Talvez ao mostrar a paisagem sombria da ponte que dá acesso aos quarteirões, de um lado Mala Strana e de outro o Josefov, bairro Judeu, o turista poderá imaginar a tortura existencial de Franz Kafka, escritor tcheco, quando circulava pelas ruas de sua cidade natal, num inverno rigoroso.

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Kafka  vivia atormentado por temores e crises existenciais  que eram provocadas pela relação neurótica  entre pai dominador e filho sensível e por uma  vida limitada dentro de um  serviço burocrático, situações  que resultaram em uma de suas mais conhecidas obras, “Metamorfose”, pela qual descreve a sensação de se transformar em uma barata.  Sentir  Praga com este olhar é se transportar para o mundo de Kafka. Para quem admira o escritor vale a pena visitar o Museu que mantém documentos e a história dele.

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Mas a Praga atual oferece ao visitante também a possibilidade de ampliar o olhar para enfoque mais alegre e mundano. Para isto  basta aproveitar a diversidade de eventos musicais e desfrutar de todos os pontos turísticos que fazem a história da cidade.  Torre Astronômica (Orloj), um prédio com um enorme relógio que foi construído em 1410. É o terceiro relógio astronômico  mais antigo do mundo e o único que ainda funciona. Mais dicas sobre os diversos podem ser achadas na internet em sites. Mais fotos de Praga no mariweigert.blogspot.com