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Rio Opará para os índios sob a benção de São Francisco

Um rio tão grande que parece mar

A  admiração que o italiano Américo Vespúcio sentiu em 1501  ao se deparar com a grandiosidade do rio São Francisco era certamente semelhante a das pessoas que hoje visitam a sua Foz, em Alagoas.

As águas do antigo Opará ( rio e mar para os índios Caetés) eram talvez até mais impressionantes e fizeram com que o navegador italiano acertasse e fosse justo ao homenagear o santo da humildade e da natureza e denominar todo aquela beleza natural com o seu nome.

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Velho Chico

Muita coisa mudou no Velho Chico de há 500 anos até os dias atuais, porém suas águas ainda continuam sagradas para a população que vive de seus benefícios.  Ele é um dos mais importantes rios do Brasil e da América do sul banha diversos estados –  Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas – e tem sua nascente em Minas Gerais.

O passeio à Foz, que está próxima ao município de Piaçabuçu, em Alagoas, mostra um Brasil verdadeiramente franciscano, de gente simples e orgulhosa de seu grande rio que oferece vida e alimento.

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Arnica

“Esta vendo aquela planta que cresce em quantidade, ali na margem esquerda de quem segue em direção a Foz”, aponta o guia a um tapete verde que cobre grande parte da margem do rio, quando o barco passa por perto.

“É Arnica”, afirma.  “A terra é de um  alemão que descobriu que a planta crescia igual mato aqui”, confidencia. Arnica é o grande remédio do traumatismo, pouco importa qual seja o órgão lesado. É uma medicação vendida em farmácias na tintura-mãe, dinamizada em Homeopatia e por um laboratório alemão que segue os princípios da Antroposofia.

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O passeio turístico é realizado por diversas agências de turismo de Maceió e oferece um percurso de barco de Piaçabuçu até perto do encontro das águas. Realizá-lo é a oportunidade de presenciar um espetáculo da natureza inesquecível.

Depois de conhecer a beleza e a riqueza do rio São Francisco é possível imaginar o assombro do italiano Américo Vespúcio ao navegar pela Foz deste gigante há 500 anos.

É um rio-mar como denominavam os índios Caetés. Opará já existia e sempre existiu antes de ser franciscano, por isso é brasileiríssimo com a benção de São Francisco.

Olhar Crítico

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Inquietude é o sentimento presente entre as pessoas que vivem nas cidades ribeirinhas. A preocupação é com a transposição do rio e a complexidade do projeto que poderá afetar as regiões nos componentes  ambientais, econômicos e sociais.

“O mar já está entrando para dentro do rio”, denunciam os moradores, comentando os efeitos do assoreamento.

As pessoas que vivem próximas à Foz não aguardam com tanta ansiedade a transposição como o povo que vive no sertão e sofre com a  seca. Nos passeios turísticos os guias falam sobre o projeto e comentam que a obra é para beneficiar apenas 3% da população carente atingida pela seca, os maiores beneficiários serão os latifundiários e usineiros.

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Prejuízo

O projeto de transposição do rio São Francisco consiste em desviar em 1% do volume de água para  canais que irão percorrer algumas regiões mais áridas de Pernambuco e Paraíba.

Um projeto que já está atrasado, dando prejuízo aos cofres públicos e com falhas técnicas. Os questionamento maior é sobre a energia elétrica que irá consumir para bombear a água do São Francisco para chegar aos canais, que segundo os técnicos poderá afetar o fornecimento de energia para o todo o nordeste.

Como sempre no Brasil as obras faraônicas são debitadas na conta da população.

Itaipu foi assim, Belo Monte será e a transposição também estará dentro dos mesmos parâmetros. Os interesses são escusos e beneficiam sempre os mais fortes.

Com isso, o Brasil perdeu tesouros insubstituíveis como foi Sete Quedas, com Itaipu, que por mais que se divulgue a importância de uma Hidrelétrica deste porte, os opositores e cientistas que se posicionaram contra na época (ditadura) não tiveram espaço para questionar o que hoje estamos percebendo, Itaipu é mais importante para o Paraguai do que para o Brasil.

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Frida Kahlo e artistas mexicanas surrealistas numa mostra inesquecível

Frida Kahlo Conexões entre Mulheres Surrealistas no México”  foi uma mostra  inesquecível. Apresentada em São Paulo,  não se prendeu somente às obras de Frida Kahlo (1907-1954), que são apenas 20, das 143 que produziu em toda a sua curta vida, mas dimensionou a artista dentro do surrealismo, com mais 15 mulheres todas entrelaçadas na trama do período na história da arte e na cultura nativa mexicana.

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Mulher Saindo do Psicanalista – Remédios Varo (1908-1963)

Na leitura de PanHoramarte é a mostra que oferece um percurso mais interessante, talvez mais completo, sob o ponto de vista do período histórico e do movimento artístico, comparando com as outras duas descritas e visitadas em 2014, em Roma e em Curitiba (fotografias) que focaram diretamente na vida de Frida Kahlo e sua contribuição para a história da arte. Ambas aconteceram em meados de 2014.

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Arista Viajando Incógnita (1943) – Leonora Carrigton(1917 – 2011)

O destaque dado pelo Instituto Tomie Ohtake, com a excelente curadoria de Tereza Arcq apresentam um conteúdo enriquecido sobre Frida Kahlo, oferecendo assim ao público mais informação e obras sobre o mesmo tema.

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Trajes de gala Tehuana e Nahus-Zapoteco

A produção surrealista das mulheres mexicanas é misturada às suas raízes culturais “diferente dos países onde essa expressão já está mais domesticada”, como se refere o texto de apresentação do Instituto Tomie Ohtake. Sem dúvida, a poética surrealista elaborada por essas mulheres é tramada em fios que se conectam com a identidade e autorrepresentação, o corpo feminino, maternidade, família,a influência da cultura mexicana, o pensamento mágico, a exploração do inconsciente e mundo dos sonhos.

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Altar da Madona Dolorosa. Maria Izquierdo. 1946

Mulheres ousadas e criativas que viveram num tempo em que a rigidez moral as anulava ao ponto de se envergonharem de pronunciar palavras como nádegas, “era a coisa que eu me sento”, como pernas, “a coisa com a qual ando”. Mulheres que imprimiram na sua arte os seus anseios e sonhos em períodos conturbados da história universal ( Segunda Guerra), no México (pós-revolução).

É importante assistir o vídeo-documentário, com depoimentos de amigos e pessoas que conviveram com Frida Kahlo. Isso deve ser feito antes de visitar a mostra. A partir daí, entre “esculturas, pinturas, fotografias, documentos, registros fotográficos, catálogos e reportagens, o observador se conectará com a poética das artistas e entenderá o legado que elas deixaram para a humanidade.

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Moisés e o Abraço Amoroso. Frida Kahlo.

Entre as obras de Frida Kahlo podemos apreciar Moisés e o Abraço Amoroso, vários autorretratos, com macacos, com trança, na cama e com Diego Rivera no pensamento. É uma pena que não estão telas contundentes em que artista transfigura a sua dor em cores e símbolos, como a Arvore da Esperança se Mantém em Equilíbrio ou Coluna Quebrada, que se encontram no Museu de Olmedo, no México.

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Autorretrato com trança. Frida Kahlo. 1943

Quanto as mulheres surrealistas, algumas fizeram parte do movimento em Paris, por intermédio de seus companheiros, outras foram descobertas pelos surrealistas num evento internacional sobre o tema, no México, em 1940, “utilizaram a sua obras como meio de exploração e catarse psicológica e espiritual”, escreve a curadora. “As artistas representadas aqui demonstram que as mulheres eram criadoras independentes e audazes, tendo elaborado linguagens e discursos imaginativos e inovadores”.

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Remédios Varo. Carroça.

A questão mais importante da mostra, que permanece até janeiro, como define o Instituto Tomie Ohtake é a enigmática rede de espelhos de Frida Kahlo, que amplia, com um acervo expressivo, a visão e o entendimento do público no bem traçado trabalho elaborado pela curadora.IMG_6252

 

 

 

 

 

 

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The red in the Japan pavilion. Obsession or fascination…

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Interesting was entering the Japan pavilion, at the 56th. International Exhibition of Arts of the Venice Biennial and be welcomed by The Key in the Hand installation, from the artist Shiharu Shiota, after being visited other pavilions and artwork, almost all requiring of our look the conjecture and profound concepts. The vibrant color of the Japanese pavilion, the poetics of the work, wether by the obsession or the fascination, provoked me, left me without thinking at first.

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The keys, which are the starting point in the installation conpcept, were at first, only interspersed objects to the mesh, red wires woven in various directions and united into one connection under two rustic wooden boats. When I observed the keys, effectively, the result of donations of the whole world, awakened from the trance, of those minutes that I was not thinking…

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The Japan Pavilion stands out for the range of its concept and not by the work be “beautiful and free effect”, as defined by the jornalist Sheila Leimer. “The keys connects us with others and the boats transports people and time”, explains Shiharu Shiota. So simple and able to lift us to meditation, to the act of staying with the mind free of thoughts. This is the motto.

Perhaps by the anguish of facing the social problems of “All the World’s Future”, prepared by the Nigerian curator Okwui Enwezor, the Japanese installation of the artist welcomed me, teased me. It presented the contemporary with vibration and red, which refers to something that is intense, beautiful or painful. The rustic wooden boats mean that the direction can be marked by simplicity.

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The red of Shiharu Shiota reminded me the red of Tomie Ohtake (1913-2015) on screens I will never forget. His work in red vibrates and causes as much as the Shiota’s red. An obsession or fascination?

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Te atreves a sonhar?

Então vamos lá. Acho que acordei inspirada. Pra escrever sobre sei lá o que… mas enfim, vamos escrever.

Sabe essas manhãs que você acorda e pensa que realmente a sua vida tem sentido. Pois é, ela tem! E o sentido dela é diferente para cada um. Porque cada um determina o sentido que vai dar a vida. Pra maioria das pessoas o sentido da vida poder ser crescer, buscar trabalho, casar, comprar casa, ter filhos e buscar a estabilidade, mesmo sabendo que ela é ilusória e que a cada minuto da vida as coisas mudam. Pra outros, como por exemplo foi pro meu irmão e pra namorada foi encontrar o que realmente lhes motivavam como profissionais e como pessoas. O Rômolo e a Nã (meu irmão e a sua namorada) são pessoas que não diferem o trabalho da vida pessoal. Afinal de contas, tudo é vida né; mesmo no trabalho ou em casa, você está vivendo a cada minuto.

Na verdade pra mim também nunca teve diferença. Tanto no meu trabalho como na vida pessoal tento crescer como pessoa, e buscar trabalhos e carreiras que realmente me motivam. O certo é que nem sempre podemos fazer o que gostamos, mas posso garantir que me diverti muito servindo cafés e trabalhando em setores que não são o que eu realmente gosto e quero.

Talvez o segredo seja viver com pouco, mas encontrar nesse pouco algo que faça a diferença pra você.

Tenho uma amiga  que depois de 8 anos trabalhando num banco, com um bom salário (mais bem um super salário), estabilidade e tudo mais que sonha um espanhol de classe média, resolveu deixar tudo para dar aula. Me lembro no dia que ela tomou essa decisão. Delia, é como ela se chama, me dizia: “Eu não quero viver só nas férias ou quando saio do banco, quero viver antes, durante e depois”.  E não é que ela se deu conta que vida não se pode separar.

Ela traçou seu plano de mudança, começando pela casa, depois recortando gastos e por fim, pedindo demissão. Foram mais de 6 meses de mudança mas agora ela já tem tudo. Trabalho na Universidade (ganhando bem menos), um aluguel acorde com o que ganha e saindo menos. Sua filosofia: viver com menos mas vivendo… cada minuto.

Conheço muita gente frustrada com o seu trabalho, e tenho que confessar que buscar uma  vocação é realmente difícil. Eu mesma não consegui ainda encontrar um trabalho que seja realmente significativo… pra mim, pros meus valores e pra tudo aquilo que eu acredito. E confesso que admiro muito as pessoas que largam tudo, da noite pro dia, pra dedicar-se aquilo que gostam.

Na época em que estive buscando trabalho e tinha muito tempo pra nadar navegar pela internet, encontrei o canal no You Tube chamado  Continue Curioso. Era um programa de 15 minutos mais ou menos que falava sobre a mudança radical de vida de algumas pessoas. As entrevistas contavam como bateu o insight e como tiveram que enfrentar todos os preconceitos da sociedade pra se dedicar ao que eles realmente gostam e como tudo isso deu resultado.

Pra mim foi algo inspirador. É inspirador ver que muita gente não se encaixa a esse modelo de vida pré-fabricado pela nossa sociedade. E a verdade é que cada um tem que buscar a sua praia. E elas não são iguais pra todo tipo de pessoa. Eu, sinceramente não podia viver sem uma casa…  como faz meu irmão e a Nã… mas confesso que adoro as mudanças e por mim passaria a minha vida cada ano em um país diferente. Adoro viajar, principalmente de mochila, buscando uma experiência real do lugar onde vou. E não tenho fricote; escolho os destinos mais impopulares, busco sempre fazer CouchSurfing ou Airbnb e aparte de conhecer o turístico, ir a outros bairros mais residenciais pra ver como as pessoas vivem e comer o que elas comem.

Mas pra quem não sabe qual é a sua praia qualquer coisa vale. Pode se afundar em frustração ou também pode pedir ajuda. Anos atrás, o filosofo Alain de Botom criou em Londres e hoje também em São Paulo a School of Life (tradução literal – Escola da vida), justamente pra casos como esses. A School of Life reponde as questões existenciais do ser humano, ou seja, tudo aquilo que não aprendemos na escola. Os temas variam mas os mais populares são “ Como encontrar um trabalho que você ame” e “ Como equilibrar trabalho e vida pessoal”. Nas aulas se explicam que vida realmente não vem com manual de instruções, mas eles tentam ajudar as pessoas a buscarem sentido a vida respondendo a questões básicas que geralmente nunca foram perguntadas ou respondidas. Pode soar de primeiras charlatanismo, mas a verdade é que os cursos tem muito mais de filosofia que autoajuda. Vale a pena conferir; eu fiz já dois cursos em Londres em pretendo voltar.

https://www.youtube.com/watch?v=lFFcR9qjjkE

Admiro muito a Delia, a Nã, meu irmão por perseguirem aquilo que lhes motiva. Como eles, existem tanto outros exemplos. E isso é algo que tento explicar todos os dias aqui na Espanha, aos meus amigos e conhecidos mais próximos. A vida não se separa em trabalho e lazer. Você decide como faz a separação.

Somos responsáveis pelo destino que traçamos, e protagonistas das nossa própria história. Se não somos capazes de decidir, outros farão por nós. Por que então não dar uma chance aquilo que você realmente acreditou?

Te atreves a sonhar?