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Destruição de Ain Dara coloca a violência acima de qualquer valor

Certamente historiadores, arqueólogos e todas as pessoas do bem estão de luto pela perda parcial de Ain Dara, a 7 quilômetros de Afrin, no Curdistão, norte da Síria, pelos ataques aéreos turcos neste final de janeiro. Mais uma vez a violência lidera os valores morais de uma humanidade que não evolui em plena era da tecnologia. Um homem sem passado não tem futuro. Ain Dara faz parte de um complexo de templos neo-ititas, construído pelos arameus há mais de 3 mil anos.

A destruição do templo é uma violência que pode ser comparada ao ataque à cidade de Palmira e Aleppo, pelas mãos dos fundamentalistas islâmicos.

Segundo o arqueólogo Michael Danti, entrevistado pelo Exibart, italiano, o ataque mostra uma mudança de tática que pode comportar uma futura e significativa destruição dos bens culturais nos meses próximos, em uma região que contem uma alta densidade de sitios arqueológicos.

A denúncia do ataque foi feito pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que publicou uma foto da destruição e também foi confirmado pelo Ministério da Cultura local, no Facebook.

Em teoria o bombardeio seria para atingir Afrin, cidade vizinha, um antigo vilarejo da Síria Setentrional.

UNESCO

“As antigas aldeias do norte da Síria, perto de Afrin, estão incluídas na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO em condições de perigo desde 2013.

Conhecido por suas esculturas de leões de basalto colossais e finamente esculpidos, Ain Dara tem uma estreita semelhança com a descrição bíblica do Templo de Salomão, o primeiro templo judeu em Jerusalém, e forneceu aos arqueólogos informações valiosas sobre como poderia ter sido edifício perdido.

O Departamento da Antiguidade da Síria denunciou o ataque afirmando que ‘reflete o ódio e a barbárie do regime turco contra a identidade síria e contra o passado, presente e futuro deste povo'”. Fonte Exibart e Artnet.

 

Baía Formosa, Rio Grande do Norte

Natureza pródiga de Baía Formosa

O nome ‘Baía Formosa’ define muito bem o espetáculo natural que o criador pincelou num canto de mar do extenso litoral do Rio Grande do Norte. O por do sol então é algo difícil de descrever. Fantástico, encantador, monumental… 

Palavras, apenas palavras que não dizem exatamente o que o coração sente quando comunga com a beleza que o Universo nos oferece de graça!

Baía Formosa é uma desses lugares paradisíacos, onde antes vivia uma pacata comunidade de pescadores. Isso antes da novela da Flor do Caribe exibida há alguns anos pela Globo. Depois disso, o pequeno trecho do litoral potiguar entrou no mapa turístico brasileiro.

O lugar é uma pequena fração das extensas e maravilhosas praias nordestinas que oferecem ao turista, quase o ano inteiro, águas mornas, areia branca, muito sol, frutos do mar e muita água de coco para nenhum freguês colocar defeito.

Turismo cresce e a terra é sem lei

Apesar algumas boas pousadas na região, o lugar carece de restaurantes, bares, principalmente à noite. Nada é sofisticado e sente-se o improviso nos serviços que são oferecidos em alguns locais. Inclusive, nas construções como mostra o deck de uma pousada  na foto. Um risco!

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Durante o dia é mais fácil saborear um bom peixe à moda brasileira e carne de sol em meia dúzia de restaurantes na beira da praia. ‘Meia dúzia’ é força de expressão para dizer poucos. O gaúcho Neves é um deles. Luz de Candieiro serve bem e tem um bom preço. Seus funcionários são gentis e acolhedores.

Mas para o turista menos exigente aos bens de consumo a natureza compensa as faltas. As praias são maravilhosas!

Exceto o perigo dos carros e bugues trafegando na areia, colocando em risco a circulação dos banhistas, sobretudo as crianças porque os motoristas, com medo de atolar, passam em alta velocidade nas areias fofas. Exceto também a mania que algumas pessoas têm de achar que todo mundo gosta da música que elas gostam e um som de mau gosto martela nos teus ouvidos e retira o prazer de escutar o barulho das ondas quebrando na areia.

O que vale no passeio

As  pousadas são boas e situadas no morro com panoramas naturais inesquecíveis. Os preços são acessíveis e a comida é boa e de baixo custo. Baía Formosa está localizada a 90 quilômetros de Natal. Portanto, é possível passar um final de semana diferente com muito mar e caminhadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

Andy Wharhol - Sopas Campbel

Um ano sem…

Sim, vim aqui despertar o desafio. O desafio de um ano sem… Sem que? Sei lá. Você que sabe.

Enfim, complicado. Acabo de ler uma matéria de Camila Carnielli que se propôs a passar um ano sem comprar roupa. Nos tempos que correm, tarefa quase impossível. Cheguei a pensar em fazer o mesmo, mas já estou fazendo exceções para calcinha e sutiã.

Curiosamente ano passado, sem ter colocado o desafio, foi um ano que praticamente virei sem comprar quase roupa. Nos últimos meses cheguei a comprar mais e de certa forma estas compras despertaram meu consumismo. Ainda que esteja feliz com todas as prendas, se elas não estivessem no armário também não ia fazer grande diferença.

Consumismo

A questão do consumismo é uma questão complicada de abordar. Não quero ser a pessoa demagógica que transmita a ideia que o consumismo é ruim e deve ser combatido. Não gosto da demagogia e tento combatê-la com ideias equilibradas. As ideias demagógicas só ajudam a reforçar os estereótipos e extremismos, seja de um lado ou de outro. Quando todos sabemos que a vida não é preta ou branca, e a linha entre o certo e o errado, entre o bem e o mal é tão estreita que temos sim que cuidar com aquilo de disseminamos e pregamos.

Agora bem, quando li essa matéria na revista Vida Simples, tenho que dizer que gostei muito do desafio como um bom exercício. Se trata de uma pessoa, a própria autora do artigo, que se propõe passar um ano sem comprar roupa como forma de reflexão. Não porque o consumismo é mal, mas porque o que ela estava consumindo não era o que ela queria ou se definia como pessoa. Para encontrar essa pessoa que estava dentro da caixinha ela teve que fazer uma escolha, que lhe ajudasse a chegar a essa conclusão.

Às vezes paro e penso que deveria fazer o mesmo. Com as roupas, com os sapatos, as bolsas, ou qualquer coisa que está tirando a gente do foco. Quem sabe, se nos propormos a esse desafio “Um ano sem…”, possa ser um bom exercício para pensar se realmente o que temos em casa é realmente necessário.

Faxina anual

Todos os anos, antes do ano novo, faço sempre uma limpeza geral na casa. A ideia é limpar cada cantinho, abrir as janelas, deixar o ar correr e tirar absolutamente tudo que não é necessário e não se usa mais: doar roupa, sapatos, livros, e tudo aquilo que só faz volume em casa. E me dói encontrar alguma peça de roupa que comprei e nunca usei… e chegar à conclusão que só comprei por mero consumismo.

Por outro lado, também gosto de ver as boas compras, aquelas peças que me lembro quando comprei o muito que as uso diariamente.

Seria um bom exercício passar um ano sem comprar futilidades para pensar em aquilo que realmente é necessário. Uma das coisas que adorei do exercício da Camila, é que isso a ajudou a pensar nos seus valores e naquilo que a define. Deixar de comprar por uma temporada ajudou-a colocar as ideias em ordem.

Em uma das minhas livrarias preferidas em Madrid, me lembro que tinha um texto impresso em uma das estantes que me chamou muito a atenção. O título do artigo era Como fomentar a leitura?, artigo publicado no jornal El País em 2015. A texto dizia:

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“Somos una sociedad mercantil que necesita, para seguir existiendo, consumidores y no lectores. La lectura inteligente y detenida puede alentar la imaginación y fomentar la curiosidad y, por lo tanto, hacer que nos neguemos a consumir ciegamente. Es por eso que Christine Lagarde, ardiente defensora de las sociedades de consumo, cuando era ministra de finanzas durante el Gobierno de Sarkozy, dijo a sus conciudadanos que se quejaban de la crisis: “Trabajen más y piensen menos”Madame Lagarde sabía muy bien que un pensador nunca sería un buen consumidor”.

Quem sabe essa é uma das claves para deter o consumismo irracional e compulsivo. Ler pode ser uma das claves. Outro, pode ser o exercício da Camila. Para os menos radicais, um pequeno exercício pode ser perguntar várias vezes se o que você está comprando é realmente necessário.

Nem bem, nem mal

O consumismo não tem porque ser mal, desde que seja consciente e meditado. Compramos porque realmente queremos, precisamos e vamos dar uso ao que se compra, ou por mero desejo de adquirir o bonito e levar para casa.

Eu confesso que seria legal entrar no exercício da Camila. Um ano sem comprar roupa pode me ajudar a colocar as ideias em ordem e quem sabe potencializar a minha economia. Agora cuidado: cuidado para não substituir um consumo por outro. Porque no final o exercício vai ladeira abaixo e quando você vê está gastando com outra coisa.

É curioso, mas até hoje acho que não tenho televisão em casa por isso. Quando me mudei de apartamento cheguei a pensar em comprar uma TV e até fui atrás de uma. Cheguei a conclusão que uma TV não me aportava em nada e só ia fazer volume na minha nova casa.

Se eu queria ler mais nesse ano não podia comprar um objeto que captasse minha atenção e passasse por cima dos meus objetivos.

Pensemos qual é o objetivo do exercício que pretendo alcançar fazendo isso: gastar menos, descobrir minha identidade, definir-me melhor como pessoa, viver com menos. Dependendo daquilo que você se proponha, “Um ano sem…” pode incluir várias coisas.

Mas mais que nada, busquemos o consumo inteligente.

Composição - Jean Helión. 1934

A coleção de Peggy Guggenheim

A coleção de Peggy Guggenheim( 1898-1979) é um delírio para todo amante da arte moderna do século 20. Visitá-la no Pallazzo Vernier dei Leoni, em Veneza, Itália, é entrar no passado, percorrer  a história da arte ao vivo e a cores nas obras de Picasso, Max Ernst, Marc Chagall, Man Ray, e outros artistas que  testemunharam uma época efervescente e desejosa de mudanças…

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A paixão de Peggy Guggenheim deixou um legado inestimável para estudiosos pesquisadores, historiadores, amantes da história da arte no Ocidente. Envolve cubismo, surrealismo e expressionismo abstrato. Ela foi a mais importante colecionadora e mecenas de sua época.

Era de família rica de Nova York. O pai morreu no naufrágio do Titanic em 1912 – Benjamim Guggenheim e sobrinha de Solomon Guggenheim que idealizou a fundação que hoje existe em diversas partes do mundo, com os famosos e arrojados em arquitetura, museus Guggenheim.

Veneza

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Sua coleção está preservada na Sereníssima, na beleza arquitetônica do Palácio Vernier. Construção de 1748, inacabada, assinada pelo arquiteto Lorenzo Boschetti.

Peggy teve uma vida cheia de glamour e diversos maridos. Viveu entre Londres, Nova York, Paris e Veneza, onde terminou seus dias.

Obras

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Pablo Picasso – Buste d’homme en tricot trayé. 1939.

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Marc Chagall- A Chuva. 1911

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Salvador Dalí – Sem Título. 1931

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Amedeo Mongliani – L’Femme en blouse Marine. 1916

 

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Alexander Calder – Brincos para Peggy Guggenheim. 1938.

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Andy Warhol – Flores. 1964.

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Marchel Duchamp – Bôite-en-valise. 1941.

Essa é uma pequena demonstração das obras que existem nesse palazzo maravilhoso. Pollack, Tanguy, Men Ray,Vasily Kandisnky, Marcel Duchamp, e muito mais.

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Ao visitar uma coleção como a de Peggy Guggenheim o espectador tem a oportunidade de se transportar no tempo, atingir a memória histórica, viver cada momento de criação de uma obra, percebendo o olhar do artista no instante em que nasce a obra. Se passar por Veneza e gosta de arte, não deixe de conhecer esse importante acervo que faz parte da história da arte do mundo moderno europeu e americano.