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É tempo de Bienal. São Paulo apresenta Incerteza Viva

Artistas se unem em São Paulo para tratar da Incerteza Viva que habita o mundo contemporâneo. É tempo para falar em arte ou a linguagem da arte traduzir o momento atual. Agora é a vez da mais antiga e tradicional do Brasil apresentar em sua 32ªedição um processo coletivo que começou há mais de um ano com o envolvimento de professores, estudantes, artistas, ativistas, lideranças indígenas, educadores, cientistas e pensadores dentro e fora do Brasil.

“Para que possamos enfrentar objetivamente grandes questões do nosso tempo, como o aquecimento global e seu impacto em nosso habitat, a extinção de espécies e a perda de diversidade biológica e cultural, a instabilidade econômica ou política, a injustiça na distribuição dos recursos naturais da Terra, a migração global, entre outros, talvez seja preciso desvincular a incerteza do medo”.

Os seus curadores querem destacar esse pensamento coletivo. A bienal paulista tem a curadoria do alemão, especializado em História da Arte, Jochen Volz e os cocuradores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México). A mostra acontece de 07 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, reunindo aproximadamente 340 obras de 81 artistas e coletivos e procurando refletir sobre as possibilidades oferecidas pela arte contemporânea para abrigar e habitar incertezas.

Em 2014, o tema da Bienal de São Paulo foi “Como…(..) Coisas que não existem” , o que está oculto e transgride como o aborto, a violência, a discriminação racial. Coisas que não existem… mas existem por baixo do pano.

img_0474No entanto, PanHoramarte chamou a atenção para a beleza natural exposta através dos vidros do Pavilhão, no Parque Ibirapuera, num artigo especial.  A anterior falou sobre “Iminências das Poéticas”.

Mas a mais polêmica dos últimos anos foi a bienal de 2010, com Bandeira Branca de Nuno Ramos, cujo tema central eram três  urubus-de-cabeça-amarela vivos  colocados na parte central do pavilhão e isolados com rede. O tema em questão era arte e política. Os animais causaram tanta polêmica que foram retirados do local.  O visionário artista Nuno Ramos colocou muito bem a questão política, pois para um bom entendedor meias palavras bastam.

Urubus têm um papel benéfico na natureza, considerando que se alimentam de animais em decomposição…

 

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Casinhas de bonecas à beira do Mozel

 

O rio Mozel, Mozelle em Francê e Die Mozel em Alemão, que passa pela Alemanha, França e Luxemburgo, certamente inspirou os contadores de histórias a compor e criar personagens com enredos mágicos.

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Pequenas comunidades, que vistas à distância, mais parecem casinhas de bonecas de um quarto infantil, que em plena primavera e verão desabrocham para o turismo.

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As águas do Mozel seguem toda a Europa Ocidental e desaguam no Reno, em Koblenz. A região é famosa pela produção de um saboroso vinho branco. O passeio é mais aproveitável quando feito de carro, parando nas pequenas cidades típicas, plenas de produtos artesanais e bons vinhos para degustar.

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A rota pode começar a partir de Luxemburgo, depois Shengen, conhecida pelo acordo internacional e seguir para Trier, na Alemanha. Uma cidade em que se fala alemão e francês e que foi fundada pelos celtas e conquistada mais tarde pelos romanos, que deixaram como herança para humanidade a grande Porta Negra.

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Também dar uma rápida passada em Cochen, uma cidade um pouco maior apesar de típica e conhecida pelo castelo localizado no alto da colina.

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O roteiro do Mozel é uma opção para o turista que aprecia a natureza, a paz das colinas, comida típica e história de um povo que construiu sua própria história no passado. As paisagens campestres e a beleza bucólica darão boas fotos, inesquecíveis lembranças de uma viagem tranquila, num mundo em que o tempo parou depois de um inverno rigoroso, para que seu povo possa desfrutar placidamente das estações do sol e das flores.

 

 

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Escritor inglês que vive exclusivamente de literatura

 

O escritor inglês Conn Iggulden, que é sinônimo de best seller no mundo, tem o prazo de 11 meses para escrever uma obra e assim que começa já define antes o final do livro. “No início escrevia sem planejar, mas quando comecei o primeiro livro de ficção histórica já sabia qual seria a última linha antes de terminá-lo e percebi com isso, que é mais fácil para trabalhar quando temos um prazo”, conta. Iggulden pertence ao seleto grupo de escritores que vive exclusivamente de literatura neste planeta.

Ele é autor de O Imperador, quatro volumes que relatam a vida do imperador romano Júlio César – já lançado no Brasil – outro mais recente resgatou a vida de Gengis Khan em O Conquistador. O escritor revela que para conhecer melhor a história do imperador mongol permaneceu um mês na Mongólia vivendo e conhecendo a cultura. “Quando imagino um tema, antes de começar a escrever visito o lugar e o povo e me mantenho conectado com as livrarias e bibliotecas em Londres, que me avisam quando encontram qualquer informação que irá contribuir para o meu trabalho”, afirma.

Para o autor de oito livros, escrever sobre ficção histórica não é a mesma coisa que produzir um livro sobre hobby, como o primeiro que escreveu em parceria com o seu irmão Hal. O títutlo da obra é “O livro perigoso para garotos”. “Eu e meu irmão trabalhávamos num galpão e era como um hobby que relatava o gosto por atividades como jogar bola de gude ou gostar de arco e flecha. Portanto, escrever sobre este tema possibilitava a condição de finalizar a tarefa diária da escrita e esquecer o assunto livro, bem diferente do que escrever sobre ficção histórica que se pensa no livro o tempo todo. Tem ele na cabeça de manhã à noite, até terminar”.

De qualquer modo,o escritor explica que adora histórias e reconhece que esta inclinação herdou do seu avô irlandês. “Ele era um autêntico “seánachai”- contador de histórias”, afirma. Ao começar a escrever sobre Gengis Khan, Iggulden sabia que precisava saber mais sobre os mongóis e o tempo que ficou convivendo com eles descobriu algumas referências únicas da cultura: cabelo preto, pele avermelhada, adoração total pelo cavalo e, com certeza, que tiveram os anscestrais americanos porque cruzaram o Estreito de Bering, provavelmente eram índios Apaches.

“A Mongólia é um lugar muito estranho e o povo perdeu a sua própria história. Para eles, Gengis Khan é considerado um herói porque unificou as tribos e formou uma nação, apesar de ter sido uma pessoa extremamente cruel”. Iggulden acredita que é inevitável a empatia que o escritor tem com o personagem que escreve e no decorrer da obra, por ser ficção, o autor faz uma escolha. “Quem não concorda com o ponto de vista deve mandar algo por escrito informando sobre o assunto. Prefiro que as pessoas façam isto. É uma forma também de demonstrar interesse pela obra”.

Eis alguns comentários sobre a série Gêngis Khan de blogs brasileiros. Para quem gosta de sagas históricas vale ler as séries do escritor britânico.

A entrevista de Conn Iggulden foi feita pelo PanHoramarte com base em uma palestra que participou do Salão de Idéias, em uma das bienais do livro de São Paulo há alguns anos. A reprodução da entrevista é válida para um país como o nosso, cujo o mercado de livros tende a crescer.

Iggulden foi acessível e simples, autografou os livros e fotografou com quem desejasse guardar a lembrança de posar ao lado de um escritor de sucesso. Nasceu em Londres e formou-se em inglês pela London University. Trabalhou como professor por sete anos, até a publicação dos Portões de Roma, primeiro da série O Imperador.

 

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Artista circense faz do malabarismo sua catarse

 

Ao apresentar um espetáculo de malabarismo, a artista italiana Emilia Tau estabelece uma conversa com a platéia sobre a importância da vida. É a sua catarse.

Mensagem

“A técnica para o artista é apenas um meio que deve surpreender ao ponto de abrir espaço para que, por intermédio dela possamos passar a nossa mensagem, seja ela qual for, política, ambiental ou social ”, afirma Emilia.

“Quando a técnica impressiona, é perfeita e forte, dá credibilidade para que possamos falar de tudo e provocar como ser humano o encontro com o outro”.

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Foto por Dario Torre
Circo

Emilia conta que o circo na Europa está vivendo um momento de muita efervescência, de um lado pela grande criatividade dos artistas e de outro pelas inúmeras possibilidades de trabalho, tanto em escolas de circo quanto em apresentações de espetáculos. Porém, em alguns países da Europa, o circo não tem muita força como é o caso da Itália.

A França e os países do norte são os que mais apreciam as artes circenses. Ela estará este ano participando da Convenção Européia de Malabarismo, que será realizada na Finlândia, em agosto.

Esta jovem italiana, que é formada em Direito Internacional e há mais de 10 anos se dedica às artes circenses, não pertence ao chamado circo tradicional, aquele que é administrado por uma família e apenas se apresenta sob uma lona. Ela faz parte do circo moderno que envolve a performance, teatro, música e outras formas de expressões artísticas.

“As artes circenses não estão mais restritas a uma habilidade técnica, sobretudo desenvolvem uma maneira de exprimir sentimentos”, diz ela.

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Foto por Anne Coudron
Dramaturgia

Sua dramaturgia está direcionada aos problemas do homem em relação ao mundo, no aspecto contemporâneo, no consumismo, no excesso de valores materiais. A artista usa a arte como uma catarse que a possibilita conectar-se com o público.

“Quando uma pessoa assiste um espetáculo alguma coisa se transforma dentro dela, mesmo que ela não entenda totalmente o que está sendo apresentado. “É um momento em que se fala de algo novo que pode ser capturado pelo público para que depois possa ser questionado e colocado em discussão”.

Cirque di Soleil

Para Emilia, o Cirque di Soleil é uma mutinacional que deixa um pouco de lado a poesia do verdadeiro circo, porém, funciona como um grande catalizador para mostrar às pessoas o que é o circo contemporâneo.

“Na viagem que fiz à Grécia conheci em diversos locais, muitos espaços reservados para o teatro na antiguidade e percebi o papel importante que ele teve na história desta civilização e acredito que sempre terá na evolução de uma cultura. É uma necessidade social. O método do circo é simples e aproxima as pessoas.”

Um exemplo, conta, foi o trabalho que desenvolveu na Índia com a Companhia Francesa Jonglorsion, de Jean Daniel Fricker, seu professor. Segundo ela, os indianos se identificaram muito com a técnica do malabarismo e isto os motivava a se aproximarem de nosso grupo.

Balcãs

Emilia Tau esteve na região dos Balcãs, Leste europeu, com o espetáculo World Autobigrafia , um projeto dela e do fotógrafo Bertrand Depoortére. A proposta foi de contar sobre a vida de uma forma lúdica a um povo que vivenciou a guerra. “O circo oferece condições de se aproximar de pessoas marcadas pelo sofrimento”.

O espetáculo apresentou uma visão do mundo, com projeção de super 8, registros de sons, sob a responsabilidade do fotógrafo Bertrand Depoortère, e a manipulação de objetos e antipodismo. O malabarismo com os pés, o que faz Emília, é originária do circo tradicional, mas era feito com cadeiras e objetos maiores. Ela faz com “pallina”, bolas pequenas.

A artista nasceu em Lecce, Sul da Itália e hoje vive na França. Considera a internet uma importante ferramenta de comunicação e contato, contudo, faz a ressalva, que hoje, apesar dos jovens aprenderem muito com a web, até a técnica do malabarismo via internet, o uso abusivo da ferramenta, poderá ser maléfica, viciar, quando utilizada exaustivamente. A artista finaliza dizendo que busca a simplicidade e acredita na igualdade entre as pessoas.