foto retirada do site BBC.com

Leonard Cohen: reinventar-se era preciso sempre

Por que falar sobre  Leonard Cohen (1934-2016) e destacar o sentido do verbo reinventar. Para refletirmos juntos e chegarmos a conclusão que é o segredo do bem viver, seja na juventude ou na maturidade. Por ter sido Cohen, cantor, poeta, compositor, dono de uma voz inconfundível, envolvente, um exemplo do que significa reinventar-se.

Aos 71 anos, depois de passar seis anos meditando num mosteiro zen budista, descobriu que sua empresária e amante, Kelley Lynch, tinha zerado sua conta bancária e, portanto, comprometido todo o seu futuro na aposentadoria. O cantor que detestava os palcos e já estava 15 anos fora dele, aos 74 anos voltou a cantar e fez mais de 380 apresentações para cerca dois milhões de pessoas na Europa e EUA, arrecadando muito além do que Lynch havia roubado.

A intensidade e a alegria de Cohen no palco eram evidentes – ele pulava dentro e fora do palco, ajoelhava-se e despejava seu chapéu em homenagem aos seus músicos e visivelmente chorava em momentos climáticos. Não foram apenas a maratona, os concertos de três horas de duração recebidos com entusiasmo por críticos e fãs, mas a turnê também foi um sucesso comercial. De acordo com a Billboard Boxscore, Cohen arrecadou US $ 85,7 milhões em 147 datas que tocou na América do Norte, Europa e Austrália de 2008 a 2010 (cerca de 60% do itinerário da turnê); e de 2012 a 2013, sua Old Ideas Tour arrecadou US $ 63,4 milhões em 87 datas (aproximadamente 70% de seu desempenho total). Só em 2010, a turnê de Cohen foi maior do que as saídas de Elton John , Carrie Underwood e Rod Stewart, com um rendimento médio noturno superior ao de John Mayer ou Justin Bieber .

“Leonard era um soldado de verdade”, diz sua amiga de longa data e ex-cantora de apoio Jennifer Warnes. “Sua trajetória era para ter sucesso. Ele não ia sair nessa história.

Lynch acabou sendo condenada por um tribunal a pagar a Cohen US $ 9,5 milhões. Ela nunca pagou o dinheiro, embora tenha sido condenada a 18 meses de prisão por assediar e ameaçá-lo. Ao longo do caminho, Cohen descobriu que gostava da rotina da vida em turnê. “Estar de volta à estrada”, disse ele, “me restabeleceu como trabalhador no mundo”.

Sua apresentação final foi em Auckland, Nova Zelândia, em 21 de dezembro de 2013. Ele encerrou as coisas com uma capa do clássico dos Drifters, “Save the Last Dance for Me”. Mas, de acordo com Kory, mesmo em seu declínio final, Cohen falar sobre querer voltar ao palco. “Ele ficava dizendo: ‘Talvez possamos fazer mais alguns shows.’ Nunca houve um sentimento de ‘finalmente triunfei’, apenas um sentimento de gratidão. Leonard realmente se sentiu privilegiado por ter a oportunidade de compartilhar sua música todas as noites. ” Fonte: Billboard

As músicas de Cohen eram poesias muitas vezes melancólicas, em especial as lançadas no final de sua vida, que transitam entre o profano e o sagrado. Ele confessava que tinha um sentido tribal muito profundo. Canadense e de família próspera judia, o cantor cresceu frequentando uma sinagoga construída por seus antepassados. “Eu sentava na terceira fila. Minha família era decente. Eram gente de bem, pessoas que jamais negavam um aperto de mão. Então, nunca fui rebelde.”, contou em uma entrevista para David Remnick, publicada no Brasil pela Revista Piauí, Mais Escuro.

O filme Marianne & Leonard Words of Love foi lançado este ano e conta a história de amor entre o cantor e sua musa, Marianne Ihlen, na Ilha de Hydra, na Grécia, e ambos viveram em harmonia e liberdade sob o sol da ilha paradisíaca grega. Seu sonho era ser um escritor e poeta, mas com Marianne descobriu sua vocação para música aos 32 anos.

Reinventar é preciso

A necessidade de inventar-se, de buscar novos conteúdos para construir dentro de você  um novo ser, quando a vida impõe desafios ou mesmo quando ela está sem sal, inodora, sem graça, é fundamental para fortalecimento espiritual e físico. A condição de reinventar pode ser feita em todas as épocas, mesmo na juventude. Leonard Cohen fez isso o tempo todo.

 

 

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