??????????

Vozes indígenas ecoam em Brasília pelo seu direito ancestral a Terra Livre

Milhares de indígenas estão em Brasília desde o dia 23 de abril e permanecem até amanhã(26) clamando pelo seu direito a Terra Livre!

“Nosso marco é ancestral. Sempre estivemos aqui. Nossa diversidade é nosso futuro. Somos 305 povos em território brasileiro. Essa grande riqueza cultural e humana é um privilégio de poucas nações. Apesar da colonização. Apesar de inúmeras tentativas de extermínio, nós resistimos. E nos fazemos mais fortes em conjunto.” Site oficial ATL

A mobilização é contínua e quase sem trégua há mais de 500 anos pelo direito a ‘terra sem males- livre’. A grande utopia Guarani, povo que caminha rumo ao Leste  em  busca da ”terra sem males’.  Mais que um desenho estético e pleno de poética, é a simbologia da ilustração de Marcela Weigert sobre o Tocantins, colocando os povos indígenas, a água pura e o capim dourado como destaque para exaltar a ‘terra sem males’.  Ilustração feita para a publicação de um caderno sobre escravidão contemporânea, lançado em 2021, pelo projeto Escravo Nem Pensar.

Há 20 anos que o  ATL foi criado para dar visibilidade às reivindicações.  No entanto, até agora seus clamores não foram ouvidos e o marco temporal ameaça a vida das comunidades indígenas que vivem no Brasil. 

O Acampamento Terra Livre está acontecendo neste momento em Brasília e o presidente Lula deverá receber nesta quinta-feira (25) uma comitiva de 40 lideranças indígenas.  A Lula será entregue uma carta contendo a reivindicação   do movimento contendo 25 demandas. 

Mas eles não esmorecem nunca. Resistem sempre como povos da floresta.  E cada vez mais as vozes desses povos originários ecoam pelo mundo, por justiça e terra livre. Povos que se tornaram ‘estrangeiros’ em suas próprias terras.

 

O ATL de 2024 está sendo considerado uma  das maiores manifestações de todos os tempos no Brasil, dos povos indígenas. Povos que viviam antes da chegada do colonizador e perderam o  seu direito a terra. 

 “Presidente Lula, não queremos viver em fazendas! A proposta feita de comprar terras para assentar nossos povos afronta o direito originário de ocupação tradicional assegurado pela Constituição Federal de 1988 (…)

Em recente declaração do presidente Lula, foi mencionado que os governadores precisam de “um tempo” para negociar sobre as demarcações de terras indígenas. Mas e o nosso tempo, os tempos dos povos indígenas? Nosso tempo é agora, urgente e inadiável(…). Não podemos simplesmente dar um tempo enquanto nossos direitos fundamentais estão sendo negligenciados. O tempo que queremos é o tempo de ação imediata, onde cada segundo conta para honrarmos nossa ancestralidade e para proteger o futuro de nossas gerações e da humanidade”, fonte: site da ATL.

Em setembro (7 – 11),  as mulheres indígenas estarão marchando rumo a Brasília, com o importante recado:

A mãe do Brasil é indígena.

Com a importante missão de alertar  e lembrar a sociedade moderna que preciso dar um basta. As mulheres originárias propõem reflorestar, mas reflorestar primeiro as mentes dos humanos predadores. Elas acreditam que é possível começar  “Reflorestando mentes para a cura da Terra”.

As fotos e vídeos dos momentos da ATL em Brasília são de Rochele Fiorini, que se encontra na capital do país participando e dando apoio a mobilização.

Rochele atua há anos em instituições que trabalham em prol da causa indígena.

 

Pan-horamarte estará sempre ao lado de movimentos e pessoas que se mobilizam em projetos para salvar o planeta. Nada mais justo do que reconhecer que os povos originários foram e serão sempre os guardiões da natureza. 

Estamos ao lado das mulheres indígenas reflorestando mentes para a cura da Terra. Como escreveu o grande e genial Ailton Krenak em seu livro, Ideias para Salvar o Fim do Mundo,

Mais do que urgente colocar em prática as ‘ideias’ de Krenak e seguir o exemplo dos povos originários para salvar o planeta da barbárie humana!

IMG_4456-2

“Estrangeiros por toda parte” na Bienal de Veneza de 2024

Bienal das Artes de Veneza de 2024 coloca em pauta um tema que incomoda os europeus: refugiados e a herança da diáspora. Tim-tim! Um brinde para o curador, o brasileiro Adriano Pedrosa.

Pasmem! Depois de 130 anos de existência e considerada a mais antiga e importante bienal do mundo, uma venerável senhora sexagenária nas artes,  só agora na sua 60ª edição que decidiu abrir espaço a um curador sul-americano. Que resistência em sair da bolha!

Mais um brinde ao curador pela escolha do tema: Stranieri Ovunque – Foreigners Everywhere (Estrangeiros por toda a parte). Sem dúvida, para provocar reflexão e ampliar o pensamento crítico, em tempo de descolonização e da complexa situação dos refugiados que sofrem pelas guerras e perseguições e buscam uma vida melhor nos países do primeiro mundo.  

A 60ª Bienal das Artes de Veneza fará a entrega de premiação neste sábado dia 20 de abril e a partir  daí estará aberta para o público até o dia 11 de novembro. Adriano Pedrosa é diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo- MASP.

Mesmo que as más-línguas queiram assistir ou profetizar a decadência no prestígio do mais antigo evento do ocidente, a Bienal de Veneza nunca perderá seu glamour porque acontece dentro de uma cidade que é uma obra de arte a céu aberto. Sempre terá público!

Bienal das Artes de Veneza pode ser  irrelevante para alguns europeus, sobretudo italianos ultra-conservadores. É  desconfortável aflorar à memória, temas sociais como racismo, misoginia, colonização e descolonização, dos quais muitos de seus ancestrais foram protagonistas ou ainda agem assim.

 

Das inúmeras bienais de Veneza que visitei sempre viajei nos conceitos as vezes vanguardistas e com a plenitude da liberdades individuais. Mas as mais instigantes lidaram com temas complexos, guerras, autoritarismo e preconceitos.Obras cada vez mais  conceituais, com instalações efêmeras, que não deixarão vestígios num futuro, como no passado deixaram no mármore e nas telas, mas mesmo descartáveis como o mundo moderno, verdadeiras conexões com o espírito do tempo que nos fazem refletir sobre o papel da humanidade.

Em 2015, o tema foi Äll the world’s futures”-Todos os futuros do mundo. 

Neste momento o viés social começou a ser padronizado como tema exatamente como definiu a curadoria. 

Apesar dos enormes avanços no conhecimento e tecnologia, vivemos uma espécie de ‘idade da ansiedade’.E a Bienal retorna a observar  a relação entre a arte e o desenvolvimento da realidade humana, nas forças sociais, políticas, e nas buscas dos fenômenos externos”. — 
Shiharu Shiota- The Key in the Hand (2015)

A Bienal de 2015  é, portanto,  uma sequência da anterior, a de 2013, que  também se desenvolveu com mais poética.

 O “Palácio Enciclopédico” baseado   no sonho utópico do artista italo-americano de criar um museu que iria tomar 16 quarteirões em Washington, para  abrigar todo o saber do mundo. O grande ícone desta Bienal, foi a exposição da obra original do Livro Vermelho de Jung.

A tecelagem foi destaque na Bienal de 2017, Viva a Arte, Arte Viva.

Enquanto alguns grupos radicais no Brasil queriam sufocar a criatividade, fechar museus, Veneza, o berço das artes, exaltou o artista pela sua expressão máxima de liberdade.

Como a vídeo instalação do artista australiano, Tracey Moffatt, que apresenta imagens de artistas famosos. pasmos e assustados olhando as imagens de barcos de refugiados.

 

“Tempos Interessantes”foi a abordagem da Bienal de 2019. O título evoca a ideia de tempos desafiadores e talvez ameaçadores, mas as obras são um convite para ver e analisar o ser humano na sua complexidade.

A instalação Trojan  2016-2017, de Yin Xiuzhen,uma colossal escultura confeccionada com roupas usadas, argila e metal. A figura de uma mulher que se posta curvada.

 

A pandemia não permitiu que se realizasse a Bienal em 2021, que foi normalizado em 2022. O tema bastante sugestivo, “Leite dos Sonhos, que leva o nome do livro de Leonora Carrington, no qual,   a artista surrealista descreve um mundo mágico em que a vida é constantemente reinventada pelo prisma da imaginação e no qual se permite mudar, transformar, tornar-se diferente de si mesmo.

Belkis Ayón foi uma artista cubana e litógrafa. O seu trabalho foi baseado na religião afro-cubana, combinando o mito de Sikan e as tradições do Abacua, uma sociedade secreta masculina

Leite dos Sonhos foi um título que surgiu depois de diversas discussões com artistas de todo o mundo, quando emergiu persistentemente uma série de questões que não só evocam este preciso momento histórico em que a própria sobrevivência da humanidade está ameaçada, mas que resumem muitas outras questões que têm dominado as ciências, as artes e os mitos de nossa Tempo.

Uma Bienal realizada em tempo de guerra, Rússia e Ucrânia. A Rússia com o pavilhão fechado.

Qual será o papel da arte focada no tema  Stranieri Dovunque- Foreigners everywhere (Estrangeiros por toda a parte)?  o que nos apresentarão em obras e conceito?

O tema reserva um conteúdo muito significativo porque desde a antiguidade  a diáspora faz parte da história da humanidade. Infelizmente!

movimento artístico que buscou aperfeiçoar no delinear dos traços, os efeitos da luz

Invenção da fotografia motivou mudanças na arte. Impressionismo

Paisagens da primavera européia estarão sempre associadas às telas impressionistas, um movimento artístico que buscou aperfeiçoar no delinear dos traços, os efeitos da luz sobre a cor.

 A visão do impressionismo compreendia o velho, o novo, natureza e indústria, beleza e banalidade e marcou o início da era moderna na arte.

A invenção da fotografia certamente impulsionou as tendências deste movimento pictórico do século XIX e transformou o mundo.

Corot, Rosseau, Diaz de la Peña, Dupré a Monet, Pissarro, Sisley, pintores franceses do impressionismo, mostravam em suas telas o relacionamento que  tinham com a natureza e se empenhavam na  busca de uma  linguagem inovadora na arte pictórica que pudesse sobrepor-se  à fotografia na captura das imagens.

O impressionismo empurrou o pintor para fora de seu ateliê e lhe mostrou o mundo real que precisava ser pincelado e não aquele proposto pelos  delírios da aristocracia francesa e a competitiva e poderosa igreja católica européia (Itália, Espanha e Portugal). “ Escancararam as janelas e deixaram  entrar o sol e passar o ar”, escreveu Edmond Duranty em 1876, sobre as telas impressionistas. Ele era novelista e crítico de arte francês.

Da mesma forma outro crítico e também poeta, Charles Baudelaire, deixou registrada a sua indignação sobre a fotografia e arte em cartas enviadas aos seus amigos. 

 “Como a fotografia nos dá todas as garantias desejáveis de exatidão (eles crêem nisso, os insensatos!), a arte, é a fotografia. A partir desse momento, a sociedade imunda pôs-se à rua, como um só Narciso, para contemplar sua imagem trivial sobre o metal”, disse ele.

Mais adiante escreve que “ A cada dia a arte diminui o respeito por sim mesma, se prosterna diante da realidade exterior, e o pintor torna-se mais e mais inclinado a pintar, não o que sonha, mas o que vê. Entretanto, é uma felicidade sonhar, e seria uma glória exprimir o que se sonha; mas, que digo eu! Conhece ainda o pintor tal felicidade? O observador de boa fé afirmará que a invasão da fotografia e a grande loucura industrial são estranhas a este resultado deplorável? É permitido supor que um povo, cujos olhos se acostumam a considerar os resultados de uma ciência material, como os produtos do belo não acabe por ter diminuída, singularmente, ao fim de um certo tempo, sua faculdade de julgar e de sentir o que há de mais etéreo e imaterial?”, afirmou Baudelaire, durante o “Salão de 1859”. “O Público Moderno e a Fotografia./

Na antiguidade os pintores faziam o papel dos fotógrafos de agora e pela sua arte deixaram um testemunho da história da humanidade. O impressionismo é exatamente a transição entre a aceitação da nova tecnologia e a arte se adaptando às mudanças. A internet trará uma nova era para arte e a resposta está no futuro.

Como a fotografia nos dá todas as garantias desejáveis de exatidão (eles crêem nisso, os insensatos!), a arte, é a fotografia”. Baudeleire
A indignação do poeta, crítico, escritor do século XIX, Charles Baudeleire  já era o prenúncio de uma grande mudança na arte ocidental. Os artistas começaram sair de seus ateliers e buscar reproduzir as alterações e os efeitos da luz em suas telas. Nascia o movimento Impressionista.

Estação Saint-Lazare, 1877 - Claude Monet. Museu D'Orsay
DSC02179

Artistas serão vozes permanentes na memória histórica do Brasil. Ditadura Nunca Mais!

Arte e a cultura serão sempre alvos dos regimes autoritários. Por que?

Os artistas jamais se calam e serão vozes permanentes para lembrar –

Ditadura Nunca Mais!

Assim denunciaram e foram censurados, perseguidos, exilados e até torturados na época, grandes ícones da nossa música, compositores como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Velozo, Gilberto Gil, e artistas plásticos como Cido Meirelles, Artur Barrio, no cinema Glauber Rocha, atrizes como Bete Mendes, entre outros….

 Atriz, política e militante dos direitos humanos Bete Mendes, que figura entre as maiores estrelas da televisão brasileira, foi torturada e presa injustamente quando cursava Sociologia, na USP.  Hoje participa de mais de 20 movimentos em defesa das minorias e direitos humanos. 

 

Os depoimentos feitos por intelectuais, artistas, professores, poetas, escritores que integram o coletivo Estados Gerais da Cultura, não se perdem no tempo. Serão sempre  atuais para lembrar ao povo que é preciso resistir e defender a liberdade.

Estarão sempre em alerta para mobilizar  membros e simpatizantes e bradar em alto e bom som: “Ditadura Nunca Mais!” 

Precisamos resistir àqueles que ainda defendem essa atrocidade histórica que acometeu o nosso país nos “anos de chumbo” e defender as liberdades democráticas ontem, hoje e sempre”.

A foto que abre a matéria é uma instalação de Wolfgang Stiller,  Monges (2010), apresentada na Bienal Internacional de Curitiba, em 2013.  A arte de Stiller expressa o sofrimento físico e mental gerado pelos desgastes urbanos cotidianos.  A instalação representa um grupo de seres refugiados vivendo distantes dos conflitos da sociedade contemporânea.

“Brasil, país gigante

Dilacerado em pedaços de classe, de carnes, de aços inoxidáveis

projetéis, projetos mil

Voláteis, vapores, ares carregadores de palavras mastigadas nas campanhas.

E a dor do outro

e a morte do outro
e os outros

Quanto sangue, quanto abate

Quanto se sabe” ( Delayne Brasil – escritora e poeta – Grupo Poesia Simplesmente e EGC)

O cineasta Silvio Tendler,  na série Militares da Democracia, “resgata através de depoimentos e registros de arquivos as memórias repudiadas, sufocadas e despercebidas dos militares perseguidos, cassados, torturados e mortos por defenderem a ordem constitucional e uma sociedade livre e democrática”.

“Eles lutaram pela Constituição, pela legalidade e contra o golpe de 1964, mas a sociedade brasileira pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que, até hoje, buscam reconhecimento na história do país.”

Aos seguidores do Pan-horamarte recomendamos que assistam a série e conheçam os bastidores do  “golpe de 64”, no canal dos Estados Gerais da Cultura.

Silvio Tendler é um dos mais renomados documentaristas brasileiros e produziu filmes que são relatos e análises preciosas dos mais importantes momentos da história política de nosso país.  Filmes memoráveis como Jango, Os anos JK, Militares da democracia, Privatizações: a distopia do capital e O veneno está na mesa.

 

Sistema autoritário tortura, mata, oculta e censura pelo poder.

O AI-5 paralisou tudo”, dizia Glauber Rocha, refletindo sobre a situação de quase desespero em que se encontravam os artistas. Com o AI-5, ficou oficializada a censura prévia, repercutindo negativamente sobre a produção artística.  As primeiras manifestações de censura ocorreram no 4º Salão de Brasília, quando obras de Cláudio Tozzi e José Aguilar foram censuradas, por serem consideradas políticas. No 3º Salão de Ouro Preto, o júri sequer pôde ver algumas gravuras inscritas, que foram previamente retiradas. 

 

Certamente, aqueles que clamam pela intervenção militar sequer conhecem a nossa história. E mais ainda, pela alienação cognitiva desconhecem que numa ditadura militar jamais poderiam criticar a ação da justiça e as condenações das pessoas envolvidas nos ataques às instituições democráticas no dia 8 de janeiro 2023, assim com não teriam direito a um julgamento seguindo todos os procedimentos legais os que ativamente se envolveram com o ato. Simplesmente seriam brutalmente caladas. 

“Ditadura Nunca Mais” deve ser um mantra para todo o brasileiro!