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Arte de fazer rir da palhaça cheia de graça

O palhaço e a palhaça são uma graça. A imagem deles é sinônimo de alegria e ternura.  Por que não valorizar a palhaça também? Tanto no masculino quanto no feminino, ambos merecem todo o nosso respeito e admiração. Nossa homenagem em seu dia – 10 de dezembro.

São grande intérpretes na arte de fazer rir, o que é hoje uma tarefa difícil de realizar num mundo bombardeado pelas más notícias, complexo e conturbado. 

Com dia ou sem seu dia, o palhaço jamais será esquecido porque nos remete à magia do circo. À alegria e à ternura. “A criança que não brinca não é criança. Mas o adulto que não brinca perdeu para sempre a criança que vive dentro de si”. Pablo Neruda.

Levar o palhaço a sério

Esse dia instituído em 1981, por empresa de eventos em São Paulo, e agora aceito em todo o Brasil, me motivou a escrever sobre os palhaços que conheci quando trabalhei divulgando Convenções de Malabarismo em Curitiba. Confesso que foi um tempo muito gostoso. Leve e cheio de Cortejos e espetáculos!

Há quem defenda o “Clown” – o palhaço que deve ser levado a sério e que não é só para criança, que usa o humor como ferramenta para destacar questões políticas e sociais. Um canal de abertura social.

Só palhaços? Cadê a palhaça?

Então, nesse devaneio sobre artes circenses e seus animadores me dei conta que destacamos muito mais a figura masculina do palhaço. Mas as palhaças existem e fazem graça com muita graça.

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Cito as que conheço: a Palhaça Baratinha- (Camila Cequinel), uma extraordinária artista. A precursora da Escola Trip Circo, em Curitiba, no Paraná.

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Quando entra no palco cativa o público pela desenvoltura de sua performance.

Sombrinha

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Sombrinha tem olhos brilhantes que encantam as crianças. Não fala quase nada, mas seu trabalho corporal aliado a um figurino original é o suficiente para atrair as crianças grandes e pequenas. Ela seu marido, o Palhaço Alípio, estão sempre fazendo arte. Além de praticarem o bem. Conheci Alípio pela minha filha Marcela quando todos nós sonhávamos em mudar o mundo, com a arte de fazer rir dentro dos hospitais.

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Se os sonhos não alcançaram as estrelas, a alegria que os dois distribuíram acreditando naquilo que fazem já bastou para melhorar a vida de muita gente. Se visitarem o Facebook do Rafael Barreiros, neste fim de ano, o Palhaço Alípio,  verificarão que lá está ele fazendo graça no Cotolengo, uma instituição social de Curitiba.

 Botero, Picasso, Chagall

 O circo - Marc Chagall

O circo – Marc Chagall

Nas artes plásticas, o circo e o palhaço foram temas de muitas telas famosas. Não tem quem resista a beleza colorida do palhaço e do universo lúdico do circo. Botero, Picasso, Marc Chagall foram um deles.

Fernando Botero
Fernando Botero

Fernando Botero, o artista colombiano famoso por pintar pessoas em tamanhos desproporcionais e volumosas, foi enamorado pelo circo no México, durante o período em que passava os meses de inverno da Europa, onde vive há muitos anos.

Nada mais delicado do que terminar um texto com poesia e navegando por essa web infinita encontrei a singela poesia de Pedro Martins:

O Palhaço
 
Ele sorri…
E o seu sorriso contagia
Ele… É o porta voz da alegria
Nessa arte, um verdadeiro doutor
Fazendo mímicas, caretas
Malabarismos, piruetas
Distribuindo o elixir do bom humor
Que ameniza as feridas 
De nossas efêmeras vidas
Com a cara pintada
E a cabeleira postiça
Fica irreconhecível
Disfarce necessário
Para tornar-se hilário 
Um Ser humano especial
Que traz nas veias
O poder de espantar as coisas feias
Personagem fascinante
Ousado e cativante
Que nos invade o coração
De forma inesperada
E nos momentos que ali fica
A única coisa que reivindica
É a nossa gargalhada…

Pedro Martins – 2011

 

 

 

 

 

 

 

 

Galaxy K - Wang Kaifang. Aço inoxidável folheado a ouro 24k.

China emerge na Bienal de Curitiba

China emerge no cenário da capital paranaense, mas desta vez é pela arte contemporânea e não pelo poder econômico. A Bienal Internacional de Curitiba, na edição de 2017 homenageia o país que fez parte da Rota da Seda no passado e hoje é o emergente que mais deu certo da sigla BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) no contexto mundial.

É na penumbra do Olho, no Museu Oscar Niemeyer, que luzes dirigidas destacam as obras  selecionadas pelo Governo chinês para serem apreciadas pelos brasileiros . Obras que expressam ainda que de forma sutil, valores estéticos de uma China, com suas imemoriais raízes taoístas, nas pinturas sobre seda, nas esculturas feitas com minúsculas peças e nos precisos e calculados desenhos geométricos. Sem instalações ousadas tão comum na poética artística contemporânea.

Transgressão de Wang Chengyun

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Sem a transgressão crítica como a do artista chinês Wang Chengyun, que na Bienal de 2013 apresentou a China transformada pelo “fast-food”, ou melhor deformada na fisionomia, numa gigantesca tela intitulada Grande Utilidade – Comer /2012. Chengyun viveu na diáspora e depois de 15 anos retornou ao seu país e encontrou um povo ansioso e inseguro diante das transformações sócio-políticas.

Antípodas

Em Antípodas (opostos em localização), o tema proposto pela curadoria da Bienal de Curitiba  para essa edição, a mostra Vibrations é oficial e na busca do contemporâneo comportado traz embutido os valores tradicionais da cultura chinesa: a seda, alegoria, lendas e símbolos.

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Wang Kaifang Photos: Billie Feng

Em Galaxy K, o artista Wang Kaifang, emprega o ouro brilhante para expressar a missão misteriosa e a energia milagrosa do ouro e inspirar o público a refletir sobre a verdadeira essência do universo terrestre e espiritual.

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Boyish, tinta sobre seda, trabalho de Yang Kai.

 

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Artista Huan Wei, obra Hu Mei. Seda.

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Liang Shaoji, Window. Madeira e casulo em seda.

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Jian Jiangbo, China Market Project, fotografia.

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Detalhe do trabalho de Wu Jian’an, Sevem Layered Shell. Couro bordado com fio de latão e seda.

A mostra Vibrations, mesmo inserida num evento contemporâneo, carrega a memória de uma cultura milenar ainda presente na essência de um povo, cujo poder do país se lança com voracidade à conquista do futuro.

Larmes d'or - Anne Marie Zylberman

Lágrimas de emoção fortalecem a nossa existência

Quem já chorou emocionada (o) ao assistir um filme ou expressou um sentimento de amor profundo pela chegada ou partida de alguém com lágrimas? Saiba que essas lágrimas de emoção temperam com uma pitada de ternura nossas doces lembranças e fortalecem a nossa existência aqui na terra. 

Chorar de emoção é maravilhoso e as pessoas deviam praticar esse exercício para não provocar “flacidez espiritual”(termo de Erwin Gröeger). Jamais conter a água que sai sem pedir licença pelos olhos para lubrificar nosso coração amoroso.

Chorar assim não envelhece renova nossas células

Já chorei tantas vezes, de tristeza, de alegria, mas muito mais de emoção. Em natais em família, em despedidas, em etapas vencidas … aquelas como formatura, casamento, nascimento, filmes de histórias fortes, tudo é motivo para deixar as lágrimas saírem à vontade.

 Se envelhece..  Não me importa. O motivo é muito justo e as marcas adquiridas em meu rosto, cada uma, têm histórias e ganhos de experiência e sabedoria.

Mãe não chore!

Numa ocasião especial, quando minhas filhas ainda eram pequenas, chorei tanto de emoção que elas assustadas pediam: “mãe não chore!” Eu respondia: “ Não se assustem, não estou triste”.

– Me deixem chorar! Não sabem o que é chorar de emoção, meninas?

É deixar que a nossa sensibilidade suba à superficie e se revele a nós.

Já perceberam que se contemos o choro parece que aquilo tudo que sufocamos dentro da gente  se transforma numa incômoda bola de “não sei o que” na garganta, e começa a subir e descer até conseguir se esconder em algum lugar desconhecido do nosso corpo,  endurecendo cada vez mais nossos músculos.

Creio que é assim que começamos a adoecer.

Nunca vou esquecer como chorei no casamento da minha primogênita. Nas outras já estava acostumada com a situação.  O choro foi descontrolado na metade do caminho enquanto entrava na igreja para início da cerimônia.

Exatamente no momento em que se entra com pompa até chegar no altar em que todos os amigos te observam. Um vexame ou uma emoção só para quem conhecia os fatos de minha vida. Choraram juntos comigo.

Só lembro que desabei em chorar e que num fragmento de segundos passou pela minha mente os desafios que passamos eu e minha filha até chegar ao ritual de passagem para uma outra etapa da vida dela. A cada lágrima desabalada que lavava o meu rosto (adeus maquiagem) uma história carregava: da mãe que ficou sozinha para criar três meninas.

Uma despedida

Outro momento emocionante que ainda me recordo foi em uma despedida depois de ter visitado uma amiga que estava vivendo na França.

Quando eu e minha amiga Sil nos abraçamos para nos despedir  não me contive as lágrimas. Elas começaram a descer pela minha face. Olhei sorrindo  para esta amiga de tantos anos, que também já estava com os olhos marejados de lágrimas…

A minha estada em Strasburgo, França, onde Silvane viveu por uns anos com seu marido francês,  Michel, foi um retorno aos bons momentos de amizade vividos ao longo de 30 anos. Minha amiga conseguiu romper barreiras culturais e conquistar o seu sonho de estudar no exterior, e mais…  com o destaque de isto acontecer na maturidade!

No percurso dessa jornada encontrou um novo companheiro e esse fato transformou o que era para ser de passagem para algo mais longo do previsto.

Portanto, naquele momento de despedida, as lágrimas de emoção traduziram sentimentos de saudades por saber que fisicamente não nos veríamos tão cedo, pela distância territorial e pelos momentos  que partilhamos juntas.

Água que transmuta a energia que carregamos dentro da gente

É, sem dúvida, belo, maravilhoso, transformar em água salgada toda a linguagem cifrada de nossos sentimentos e deixá-la fluir por esse líquido. A água bendita que transforma a energia, lágrima bendita, que pela qual percorre a gama de sentimentos em poucos segundos.

Chorar de emoção encanta e fortalece a nossa existência!

La testimonianza da Frans Krajcberg

Muore a 96 anni l’artista Frans Krajcberg . Pittore, incisore, scultore e artista, Krajcberg trasformò in arte la violenza distruttiva dell’uomo nelle foreste brasiliane. Le sue opere sono silenziose e scioccanti testimonianze dell’azione dell’uomo su preziosi ecosistemi al pianeta.

La sua voce si ha silenziato, ma l’eco della sua indignazione sarà sempre presente nelle sue opere. Rimarranno per raccontare la storia.

“Non ho nessuno nella mia vita. L’unica passione che ho è per la vita naturale. ”

Frans Krajcberg era un cittadino polacco. Arrivò in Brasile nei primi anni ’50 traumatizzato dall’Olocausto – quando perse l’intera famiglia.

Le sue opere sono state create dall’uso di alberi, arbusti, materiale trovato in una natura devastata da un incendio o dalla deforestazione.

Biennale di San Paolo

Ci sono state otto edizioni delle Biennali di San Paolo che hanno dato spazio alle opere di Krajcberg. Nella prima, nel 1951, ha lavorato come un aggiustatore.  Nell’ultima, 32a. – Incertezza Viva – l’artista era presente con un’installazione di 400 metri quadri nella sezione di recupero del paesaggio.

(abilitare in italiano)

Le opere di Krajcberg sono alerti!

Sono nato in questo mondo chiamato natura.

Ma è stato in Brasile che ho avuto un grande impatto su di me.

L’ho capito. Qui sono nato una seconda volta.

Mi sono reso conto di essere un uomo e

partecipare dalla vita con la mia sensibilità

il mio lavoro, i miei pensieri. Mi sento bene così.

Ad eccezione degli indiani, venivamo tutti da fuori

e ho bisogno di foreste selvagge, ricche e vivaci,

di colori vibranti, crescendo liberamente.

Le foreste dell’Europa non mi fanno sentire emozione

e l’intolleranza europea continua a preoccuparmi.

Mi sento ebreo perché lo sono.

principalmente perché mi fanno così, ma non sono religioso.

Disprezzo il fanatismo dei nazionalismi e delle religioni.

Sono sempre stato un internazionalista,

e la natura mi ha reso planetario. “

 

Frans Krajcberg

In: Frans Krajcberg.

Rio de Janeiro, MAM, 1992.p.13