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Capadócia é museu a céu aberto

Quem visita a Capadócia, localizada na longínqua região da Anatólia central, na Turquia, nunca mais a esquece. Um museu a céu aberto que traz nas rochas milenares histórias de outros mundos.

Uma região em que a natureza esculpiu durante milhões de anos uma das mais extraordinárias formações geológicas. Com o passar dos anos,  os povos que ali se instalaram cinzelaram esta terra vulcânica conforme suas necessidades. A rocha serviu de morada, local de trabalho e também de fé.

Desde a antiguidade, a Capadócia foi habitada por diversas populações que deixaram um número infinito de cidades antigas, que depois de descobertas contaram a história de diversas civilizações que passaram por ali. Foram encontradas inscrições Hititas e após queda deste império, a região foi dominada pelos  Frígios, Lídios e Macedônios. 

No período romano a região tornou-se área militar e durante o início do cristianismo as escavações dentro das formações rochosas contam o quanto foi importante o local para o desenvolvimento da religião cristã. Para se protegeram das grandes invasões vindas do Sul, os habitantes construíram seus mosteiros longe das grandes vias e no fundo dos vales

A partir do século VII, os persas vindo do Leste e os árabes do Sul arrasam a região. A população refugia-se nas cidades subterrâneas, escavando o tufo vulcânico que possibilita a oxigenação pelo labirinto de galerias. 

Visitar o local é se transportar a outro mundo, num passado remoto  em que as pessoas viviam coletivamente,  unidas por uma única crença: a palavra de Jesus. 

 

Göreme é a cidade que recebe os turistas. Possui um grande número de igrejas, refeitórios e salas de reuniões, todos escavados dentro das formações rochosas. O conjunto de escavações prova que no século XII existia ali um importante centro de vida monásticas.

Muitas igrejas apresentam afrescos com imagens do cristianismo e até hoje muitos sinais e temas são desconhecidos apesar das investigações. Como é caso do olho de Deus que se presume  esteja registradaoem alguns afrescos do século XII, num mosteiro rochoso. 

 

 

 

Nas paredes da Igreja de Santa Bárbara existem afrescos que os pesquisadores até hoje não conseguiram entender o seu significado. Os símbolos de cor vermelha (cruzes, triângulos, colunas, medalhões e animais indefiníveis) parecem ter sido traçados pelas primeiras pessoas que escavaram o tufo, como amuletos de proteção. São Jorge é muito popular na Capadócia e diversos afrescos o representam matando o dragão.

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‘Valentino’. Genio impareggiabile tra il cucito e l’arte

Valentino ha fatto un'installazione con i vestiti tutto bianco negli studi di Cinecittà. L'iniziativa mi ha ricordato un altro evento indimenticabile!

Era l’anno 2007 e il luogo Ara Pacis a Roma. La celebração dei 45 anni della prima collezione di Valentino è stata segnata come un evento unico nel mondo della moda e dell’arte. La sfilata si è svolta in un luogo iconico come Cinecittà, che Valentino presenta oggi la sua collezione couture inverno 2020/2021.

Ero a sistemare il mio archivio personale di foto quando ho trovato la mostra dell’artista della cucita e  le condivido con gli interessati e gli amanti della moda come arte. Mostrano in piccola scala, il genio e il talento del genio italiano della cucita.

Modelli inimmaginabili nella raffinatezza, eleganza e delicatezza nella suavità del tessuto, nel taglio esatto e perfetto, nei ricami, in tutti detagli che insieme sono vere opere d’arte.

Le donne famose nel mondo, da principesse europee, arabe, asiatiche, attrici, milionarie, hanno ispirato questo artista dell’ago e del taglio a creare forme che vestite nei corpi femminili le conducono in un universo di sogni ed incanto.

Invito il lettore, colui che si sveste dei pregiudizi e riconosce il cucito come espressione artistica, a godere della raffinatezza di Valentino. Entrare nel suo mondo magico dimenticando le frivolezze della moda a guardare con gli occhi di chi apprezza l’arte.

Questo meraviglioso a lungo nero l’attrice icona italiana Sophia Loren lo usato. La morbidezza del tessuto mostra una vestibilità perfetta completata dal ricamo e dal delicato pizzo che rifinisce lo scollo e la gonna.

Per decenni, Valentino è stato lo stilista preferito di queste donne famose che hanno popolato l’immaginario di diversi adolescenti e donne comuni da un capo all’altro del pianeta. Un mondo che esiste e e a noi è inaccessibile, quello delle celebrità.

I modelli creati da Valentino presente in questa mostra  avevano insieme una cartella o un video raccontando la storia personale di chi indossava, oppure la storia dell’evento in cui il modelo di vestito è stato utilizzato. Cerimonia di premiazione, festa della nobiltà, evento iconico, matrimonio reale

 

Questo è vestito a lungo in raso indossato da Elizabeth Hurley, attrice britannica che è stata a lungo anche pubbliche relazioni a livello mondiale per il marchio di moda e bellezza Estée Lauder. L’attrice ha utilizzato molti modelli della famosa “V”, che ha persino sfruttato il suo marchio per creare accessori e altri oggetti di scena femminili.

La mostra ha presentato circa 300 vestiti da lui progettati, quasi tutti modelli a lungo. Valentino fonda la sua prima casa nel 1959, nell’elegante Via Condotti, a Roma. Nel 1960 conosce Giancarlo Giammetti, divenuto successivamente socio e amministratore di Casa Valentino.

 

 

Però la fama ha conquistato nel 1962, quando partecipò alla sfilata a Firenze, a Palazzo Pitti. Era ancora giovanissimo e la conferma è stata dell’ultimo minuto a presentare la collezione l’ultimo giorno, e anche così, con condizioni sfavorevoli alla sfilata, il trionfo è stato tale che i grandi compratori americani hanno lottato tra loro per acquistare gli abiti del più giovane stilista italiano. 

Giusta la scelta il luogo come Ara Pacis a celebrare i 45 anni dal lancio della sua prima collezione. Il posto racchiude più di duemila anni di storia, è affascinante e ha dato alla mostra un aire di nobileza. Il tempio della pace e dell’armonia

 Ara in latino significa altare. Un altare che l’imperatore Augusto dedicò alla pace. Uno spazio che trasuda potere, conquista e allo stesso tempo ci infonde a una sensazione di armonia.

Ilustração de Lucas Tanuri - Marca Dandô

Dandô sintoniza-se com cantadores e tece uma rede poética de afetos

A alma de Katya Teixeira agiganta-se quando começa a falar do Dandô. Há sete anos a cantora e compositora começou a tecer esta rede de músicos e cantores em todos os recantos do Brasil.

“A alma agigantar-se’ é certamente a metáfora mais apropriada para definir Katya Teixeira quando expressa seu entusiasmo ao falar de um dos projetos hoje de maior integração musical no Brasil. Um projeto que encanta pela riqueza da diversidade sonora de diferentes lugares  quanto pelo patrimônio cultural que oferece. 

O Dandô, circuito de música Dércio Marques, foi idealizado pela cantautora, paulista de nascimento, de mãe mineira e pai alagoano, embora tenha se consolidado com o apoio de muitos, artistas, instituições, produtores culturais, mobilizadores locais que gostam de arte, sobretudo a musical neste imenso país.

 O trabalho foi de ‘formiguinha’, outra metáfora, mas também necessária para reforçar o sentido da genialidade deste circuito que se estabeleceu, na verdade, como uma Rede de Afetos ( como refere-se Katya) na “forma de que a música é uma representação do dia a dia das pessoas, de como fortalece como identidade brasileira, de coletivo”.  

Os primeiros passos do Dandô foram dados muito antes de existir como rede propriamente. Lá pelos idos de 2000, a partir da experiência e andanças de Katya Teixeira pelo Brasil afora.  

Ao final, hoje o Dandô reúne cantadores e músicos de várias gerações, estilos e culturas de diferentes lugares do Brasil e dos países parceiros da rede.

foto via internet - Museu do Cerrado

 “Dandô vem do linguajar popular brasileiro dos “pretos velhos”. Dandar, andar, dar os primeiros passos”.  As pessoas mais velhas tinham no passado o hábito de falar “danda neném, danda até mamãe”.  O circuito batizou o projeto com uma poética popular e também em referência a canção de João Bá e Klécius Albuquerque “Dandô – Circo das Ilusões, que junto com a canção “Roda Gigante”, de Guru Martins formam uma outra canção chamada Canto dos Ipês Amarelos, gravada por Dércio Marques nos anos 80.

A ideia do circuito é muito simples sempre pensando na realidade local e possibilitando espaços mais acolhedores para trazer para perto  pessoas que não têm o hábito de ir a concertos.  Certamente que a vida de Dercio Marques (1947- 2012), cantautor, que mapeou o Brasil e interagiu com as diversas culturas foi a fonte de inspiração para compor a estrutura do Dandô.

A dimensão de Dercio também é gigante. Ele trabalhou com personalidades como Marcus Pereira (1930- 1982) , criador do selo musicol independente e que lançou nomes como Cartola e Clementina de Jesus no mercado fonográfico. 

“Sou cria de Dercio e de sua irmã Doroty, também ligada a música e hoje dedica-se a trabalhar com crianças em condições de vulnerabilidade na Chapada dos Veadeiros”, afirma. Deles, ela tirou esta vontade de conhecer as raízes de nossa cultura, claro, sem contar que na própria família descobriu um tio, grande pesquisador de cultura popular. 

Bastou ter um perfil que gosta de promover mobilizações, além de entender que a arte é uma forte ferramente de transformação social, para abrir caminhos e “dar voz a quem dá voz, no caso a classe artística que não tem o devido reconhecimento de como esta função é importante. 

 

 

O ‘dandar’ de Dandô foi quando a cantora percorreu em um ano parte do Brasil, sete cidades e cinco estados, para depois criar definitivamente em 2013, o circuito como  é conhecido até hoje. Com a ressalva, que tentou buscar apoio nas leis de incentivo à cultura e devido a dimensão do projeto  tornou-se inviável pelo alto custo.

Então, foi criada a rede afetos e em pouco tempo já eram realizados 230 shows por ano. Tudo feito de maneira colaborativa, respeitando a realidade local. O artista paga a passagem para chegar na primeira cidade e depois se apresenta em mais três ou quatro vizinhas. A comunidade ocupa-se em preparar o show. “Tudo é feito em parceria, sempre solidária, quase como uma ‘quermesse’ de igreja que começa do nada, na qual cada um contribui como pode”. 

O circuito é eloquente em seu conceito e tem como alvo o despertar as pessoas para o coletivo como um todo.  “É um despertar do sensorial, da consciência coletiva e que estamos nos distanciando com o passar dos anos”. A ideia é sensibilizar o maior número de pessoas e aumentar a rede. Se cada um que gostar trouxer mais um, a tendência sempre será de expansão desta rede de parceria, confiança e afetos, para um interagir poético.

 

A artista reconhece  que o mais  extraordinário desta ideia de interação musical é a adaptabilidade. Uma característica muito importante. Além de ser uma rede de afetos, sobretudo é de confiança, considerando que as pessoas abrem suas casas para acolher os artistas que estarão se apresentando no local.

“Você não tem ideia de quem é esse outro. Sabe apenas que é um artista.  A pessoa chega na tua casa e você abre a porta  o recebe ou você sai da tua casa e bate lá na fronteira com Uruguai ou outro país, interior do Brasil, cidade grande ou pequena”.  

Para ela isso é utópico, no entanto real, é acima de tudo ter certeza para o cantor que alguém vai recebê-lo e que ele se reconhece nesta pessoa.

O alicerce do circuito é a música, mas também envolve várias linguagens de arte. Fotógrafos, atores, poetas, educadores, trabalhadores do campo, artistas visuais, participam desta rede que  é mais que um projeto de espetáculo, “é um projeto de semeadura para se reconectar como coletivo, como humanidade”.

Dandô ganhou o prêmio Brasil Criativo e Prêmio Profissionais da Música e foi tema de um artigo feito por um brasileiro e apresentado no Canadá sobre o circuito musical, com o título Utopia dos artistas. Lá perguntaram a ele: Utopia não é algo impossível e vocês já estão fazendo? Portanto, é uma utopia pura que se tornou realidade.

 

Todos anos, a estrutura organizacional do Dandô realiza encontros de reflexão com os artistas que fazem parte da rede, para avaliar o que deu certo, o que não deu.  Já foram realizados seis encontros  e não se limitaram apenas ao Brasil, mas em vários países da América do Sul, Portugal, França.

No Brasil, são cinco coordenadores e estas pessoas não têm um posto hierárquico, mas são vozes que promovem a organização para um agir rápido com as atividades e situações.

“É viral no melhor sentido”, reconhece a cantora reforçando sua adaptabilidade, agora na pandemia com a realização de vários encontros online.

 

Ao começar estes escritos sobre Dandô criei a metáfora  ‘alma agigantar-se’ quando Katya fala sobre o circuito.

Pudera! 

É um projeto que deu certo, mas de dimensão continental.  Katya Teixeira acreditou no seu sonho e fez da utopia pura, realidade. Assim como milhares de poetas e cantadores fizeram ao longo da história da humanidade.

 Uma página apenas é pouco para inserir todo o significado de Dandô, como um encontro de canto e vozes, ou melhor de talentos em todos os segmentos da arte. Seria um livro ou uma tese para contar sobre a riqueza cultural de sua história.

Dandô é um exemplo a ser seguido pela sua concepção poética. O solidário sentido de dar as mãos e mostrar  o que de mais puro, belo e artístico existe dentro do homem.  Um bálsamo nestes tempos sombrios.

Cantemos e acreditemos que ainda existe esperan

 

patente

Quino deixou como legado Mafalda e suas cismas tão atuais

Quino despiu-se de seu corpo humano e deixou este mundo para transitar em esferas mais elevadas, certamente. Mas Mafalda permanecerá conosco, com suas dúvidas e inquietações.

 A personagem foi criada pelo cartunista argentino, Joaquim Salvador Lavado, mais conhecido como Quino, que morreu nesta quarta-feira (30), em Mendonza, aos 88 anos. As tiras sobre as reflexões  de Mafalda encantam jovens e toda uma geração das décadas de 60, 70, 80 e seus questionamentos nunca perderam a atualidade, infelizmente.

Como este da foto que representa Mafalda sonhando:  “Querem parar já com esse barulho e deixar a humanidade dormir em paz?!” , em referência a motosserra cortando uma árvore.  Qualquer semelhança a assuntos que  afligem brasileiros no momento é mera coincidência.

A nossa homenagem ao gênio visionário que criou no desenho uma personagem tão simples e singela, em preto e branco e com pensamentos tão avançados. Seu humor é inteligente e ideológico e as tiras de Mafalda foram traduzidas para 26 idiomas e a menininha foi eleita  como uma das 10 argentinas mais influentes do século XX, apesar de ter um corpo de papel.

 

 Os mesmos problemas sociais, ambientais e políticos que inquietavam os pensamentos da Mafalda, a menininha precoce, crítica, lúcida e enfática, continuam a tirar o sono daqueles cidadãos que torcem para que o mundo seja um lugar melhor para se viver.  O mundo segundo Mafalda, no Paço das Artes, em São Paulo, foi uma das exposições mais completas e interativas de Quino no Brasil. 

Aproveitando um flagrante ao lado da menina. Meus 15 minutos de fama.

A inesquecível mostra no Paço das Artes começava com o carro do pai de Mafalda, um típico funcionário público e sua mãe uma dona de casa dedicada. 

 

Quino foi perspicaz em criá-la nos anos de chumbo. Num período em que a Cortina de Ferro e os EUA estavam se digladiando para mostrar quem tinha mais poder. O comunismo cinzento e a democracia capitalista e colorida e era assim que pintavam o cenário do mundo. Num tempo em que a maioria dos países das Américas, tanto Central e quanto do Sul estava subjugada a um ditador ou nas mãos de militares.

O ilustrador argentino criticava severamente regimes autoritários sem perder o bom humor e a elegância. Mafalda, a danadinha da menina precoce, nunca perdeu a atualidade e está presente até hoje nos corações de gente de todas as idades.

Quando perguntaram para Quino, em uma entrevista, se ele era de esquerda ou de direita.  A resposta foi uma pergunta: De que lado bate o coração?

O pai é um corretor de seguros e o seu trabalho lhe permite cobrir os gastos da família e economizar um pouco para umas férias modestas. Diz que não se importa com dinheiro, mas está sempre preocupado para que não lhe falte. 

Raquel, sua mãe, terminou virando uma dona de casa sem outra ocupação e passa os dias limpando, enquanto o marido está fora trabalhando. 

Quando se casaram, a mãe largou os estudos. Diz que foi para cuidar da filha. Mafalda acha que foi por falta de vontade de continuar a estudar.