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Vi e não esqueci: estátuas vivas em Barcelona

Uma pitada de saudosismo na série "Vi e não esqueci" . Nada melhor do que aproveitar o que guardamos na memória com doçura e alegria. Vale compartilhar. Nesta edição as 'estátuas vivas'.

Inúmeros temas personificados por artistas de rua transportam as pessoas,  por alguns instantes,  a um mundo lúdico  no movimento  massificante   – corre-corre -  nas ruas de  grandes cidades. 

“Estátuas Vivas” de La Rampa, em Barcelona, quando estive pela primeira vez (2009), foram um espetáculo de criatividade e cor para os meus olhos.    Inúmeros temas personificados por artistas rua transportam as pessoas,  por alguns instantes,  a um mundo lúdico  no movimento  massificante   – corre-corre -  nas ruas de  grandes cidades. 

Já foi uma tendência no mundo todo divulgar o “estatuísmo”,  prática na qual o fazer artístico consiste em interpretar um personagem imóvel, com figurino apropriado e perfeição em detalhes

O mote desta interpretação é chamar atenção do transeunte para que se volte e ofereça uma moeda e com isso a estátua se move e faz um reverência ou outro movimento de acordo com o seu personagem

Mais uma fonte de renda para os artistas de rua? Talvez. Porém, a origem das estátuas vivas está ligada do teatro como expressão artística.

A primeira menção de uma  performance semelhante a essas estátuas foi na Grécia Antiga. Para tornar-se mais visível o ator no teatro grego, que deu origem ao teatro ocidental, usava sapatos de plataformas altíssimas, túnicas amplas e máscaras, de tal forma que, quando permaneciam parados por muito tempo, também representavam estátuas.

Em Barcelona, o espetáculo é alegre e colorido. A criatividade corre solta pela La Rampa que agrega todo tipo de personagem,  de ficção, soldado, fadas, frutas, flores até ídolos como Ronaldinho, que é interpretado por um brasileiro, André, que está há cinco  anos vivendo na cidade.  A competição entre os artistas é grande, por isso tudo é válido quando a proposta tem como foco o entretenimento ou a conquista de alguns trocados a mais das pessoas que apreciam a apresentação.

* Isso em 2009 quando o nome Ronaldinho estava no auge. Memóriasss…..

Boi de Reis, Flávio Freitas - artista portiguar

A tradição do Dia de Reis em Natal, RN

A tradição cristã de celebrar o Dia de Reis em Natal, capital do Rio Grande do Norte, começou há muito tempo. Os artistas potiguares adoram reproduzir o tema em suas telas.

O dia 6 de janeiro é feriado para alegria dos natalenses que curtem o folguedo de tradição cristã. A celebração remonta da construção da Fortaleza dos Reis Magos.

“A festa de Santos Reis é tida como a primeira manifestação religiosa da capital potiguar. Surgiu junto com a construção da Fortaleza dos Reis Magos, datada do ano de 1598. A festa se popularizou com a chegada das imagens dos Magos, em 1753, presente da Coroa Portuguesa à Capitania do Rio Grande do Norte, cuja padroeira é Nossa Senhora da Apresentação.” Fonte: Tribuna do Norte.

Nivaldo do Vale o artista potiguar que assina a tela ao lado, faz  questão de explicar com todo o orgulho de quem cultua as festas tradicionais, que as vestimentas dos três personagens do folguedo popular jamais mudarão e que cada estado brasileiro dá um nome diferente a esse folguedo que no Rio Grande do Norte é Boi de Reis, mas pode ser Bumba-Meu Boi ou Folia de Reis.

 
Boi de Reis, do artista naïf potiguar, Nivaldo do Vale. Foto Mari Weigert

Folguedo Reis de Boi tem sua origem no teatro popular medieval da Península Ibérica.[1] Trata-se de um auto em homenagem aos Santos Reis, unindo a temática dos reisados ao auto do Bumba-Meu-Boi. Apresenta-se em 6 de janeiro, dia de Reis, e se prolonga até 3 de fevereiro, quando ocorre a festa de São Brás.[2] O número de integrantes varia entre doze e vinte, que formam alas com muitos personagens, dentre eles o Boi, Pai Francisco, Catirina, Doutor, Ema, Vaqueiro e Urubu.

Os marujos vestem calça azul marinho ou branca com filete lateral vermelho ou azul, camisa branca ou colorida de mangas compridas, faixa de fita azul ou vermelha sobre o peito e chapéu de palha revestido de morim e adornado de espelhos, flores e fitas. Os grupos saem para visitar algumas casas na cidade, diante das quais cantam o “Abre portas”, anunciando o nascimento do Menino Jesus. Depois entoam as seguintes marchas: “Marcha de entrada”; “Descante”, com ritmo marcado pelo pandeiro; “Marcha de ombro”; Baiá”; “Marcha de roda”; “Marcha do Vaqueiro”; “Marcha de chamada do Boi”; “Marcha de chamada dos bichos” e “Canto de retirada”. Na apresentação os marujos cantam e dançam acompanhados de Mãe Catirina, que envolve o público na dança. Depois vem o Vaqueiro, que negocia com o dono da casa a venda da bicharada, fixando para cada bicho um valor de significado simbólico – por exemplo, o Boi representa fartura – que é explicado durante a venda.

Fechada a negociação, o vaqueiro solta a bicharada para dançar e brincar com as crianças e demais assistentes. A instrumentação musical inclui sanfona, violão, pandeiros e chocalhos e os cânticos são de autoria dos próprios componentes que, em geral, satirizam acontecimentos políticos e religiosos da comunidade. Fonte : Wikipedia

Odaíza de Pontes Galvão, a Dona Iza, é viúva do Mestre Manoel Marinheiro, e assumiu o legado do Auto do Boi de Reis. Sempre ativa junto ao Mestre, herdou não apenas o seu saber da montagem do Boi, figurinos, adereços e personagens, mas o ritual, a dança, os cantos e as loas. Antônio Francisco é  membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o poeta cearense Patativa do Assaré. É unanimidade entre os estudiosos da cultura popular. 

O Boi Pintadinho é um grupo  tradicional de São Gonçalo do Amarante, que foi considerado pelo historiador Câmara Cascudo como o berço da cultura popular do RN.  São 25 integrantes em um manifesto que gira em torno da morte e ressurreição do boi. Já a Associação das Rendeiras de bilros tem 23 anos, fundada pela mestra vó Maria de Lourdes de Lima. Estão no cenário cultural desde a fundação da vila, mantendo umas das grandes tradições do artesanato potiguar. A Sociedade de Danças Antigas e Semidesaparecidas Araruna  iniciou suas atividades em 1949 quando o Mestre Cornélio (seu fundador) utilizava o quintal de  casa para os ensaios do grupo. Djalma Maranhão e Cascudo foram grandes incentivadores do Araruna, tendo sido o primeiro que doou o local para construção da atual sede do grupo, localizada a Rua Miramar, no bairro das Rocas. Fonte: PordentroRN

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Vamos dançar na luz e seguir o brilho do sol! Adeus 2021

Vamos dançar na luz e alimentar a esperança de viver num mundo melhor. A foto simboliza para mim 2021.

Apesar do ano ter sido sombrio em muitos aspectos, em outros mostrou que acima de tudo a esperança de viver num mundo melhor é a mola mestre para seguir em frente.

Se perdemos a nossa capacidade de sonhar, perdemos tudo. A foto acima feita em 2010 num fim de tarde em Florianópolis é apenas uma simbologia da minha parte, para dar sentido ao que representou 2021. A luz e a sombra que os artistas tanto buscam na sua perfeição.

Um ano difícil para a humanidade, cuja força letal de um inimigo invisível mostrou que o homem é um ‘cisco’ nesse infinito universo. 

Por isso, sinto preguiça, juro, de fazer um retrospectiva do que foi bom e ruim para nós. Esta cheio disso pela internet afora. 

Acho que estamos cansados e precisamos parar e ficar no vazio um pouco. Acredito que todos se sentem assim, devido a avalanche de notícias e informações que nos envolvem diariamente.

Por isso, simbolicamente, convido a todos a dançar num facho de luz e tentar seguir o brilho do sol. Talvez consigamos manter o equilíbrio e cumprir o nosso papel neste planeta azul.

Que tal começar 2022 assim!

 

foto by Mari Weigert
Composição VIII - 1923 Vassíli Kandínski

‘O poder oculto da música’

Juro que num primeiro momento um vazio imenso tomou conta de minha mente sem inspiração para falar sobre sonhos e utopias neste período em que fraternidade está em pauta.

Porém num segundo  momento decidi escrever escutando música e por acaso apareceu a composição de ‘Tocando em Frente’, de Renato Teixeira. Uma poesia cantada de uma beleza incrível, música antiga, mas tão atual em frases, como “sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha e seguir em frente”….

Pronto! A música conectou-se à minha pauta sobre o período do Natal. Sim… só nos resta seguir em frente e acolher esse Brasil de luto e devastado por um governo truculento e destruidor de identidades culturais.

O título “O poder oculto da música” é de um livro de David Tame, que recomendo leitura.

Improvisação 33 - 1913 / Kandiski

Mais adiante ao procurar ilustrações para essa crônica me deparei com as obras do artista russo Vassili Kandinski (1866-1944) , que no início do século XX produziu telas, pelas quais associou as cores a partir dos acordes musicais. Criou obras com acordes visuais! Não é surpreendente essa capacidade da criatividade humana. 

“Nossa capacidade de escutar as cores é tão precisa… As cores são um meio de exercer uma influência direta na alma. As cores são o teclado. O olho é o martelo. A alma é o piano com suas muitas cordas. O artista é a mão que deliberadamente faz a alma vibrar por meio dessa ou daquela tecla. Assim, é claro que a harmonia das cores somente pode ser baseada no princípio de tocar a alma humana.”

A reflexão é de Kandiski, palavras que nortearam toda a sua produção ao longo de 50 anos no início do século XX.

E assim escutando músicas fui preenchendo o vazio da minha mente. Fui saboreando maravilhas do nosso cancioneiro popular. Se você quiser percorrer as  esferas mais altas do universo e limpar tua alma e mente escute música…..

“Na cabeça do tempo eu plantei um Ipê Amarelo, de Décio Marques….. Katya Teixeira e assim fui percorrendo as mais variadas músicas do nosso Dandô – com canto em todos os cantos do Brasil  que encanta – aos clássicos universais como a Nona Sinfonia de Beethoven e contemporâneos internacionais.  A partir daí as palavras fluíram….

Como num passe mágica me senti plena para falar sobre a importância de manter em dia a tarefa de atualizar nossos sonhos e utopias. Me dei conta que fiz isso durante todo período da pandemia.  Fui em busca de um mundo melhor. O movimento Estados Gerais da Cultura está incluído nesse seguir em frente. Um coletivo que pontuou e  diferença na caminhada contra o desmonte das nossas verdadeiras raízes culturais e o desrespeito ao ser humano. Conheci pessoas incríveis e dispostas a oferecer seu talento, de forma voluntária, em prol do bem estar social.

 

Tentei ser mais tolerante e me empenhei em não entrar na vibração de um Brasil dividido e em guerra por mesquinharias políticas. 

Para um temperamento impulsivo,  reconheço que que foi um grande exercício de paciência e humildade. Mas não se iludam porque as mudanças são lentas…

Confesso que rezei e meditei muito durante esses este ano. Todos os dias como nunca. Confesso também que  inclui em minhas preces, com toda a força de minha fé,  o planeta , a  humanidade como um todo porque me dei conta do meu egoísmo diante do universo.

Por fim, nutri-me com o amor de minha família. Mantive a certeza que futuro está nas mãos  das nossas crianças e elas precisam de amor e paz  e somos nós que semeamos e nutrimos o futuro delas….

O vídeo é um flagrante que fiz de minha neta cantando dentro do carro à noite num percurso rápido. Está no não listado e não poderá ser compartilhado individualmente para preservação de imagem. O recado é lindo e olha que não somos religiosos praticantes, mas sim espiritualizados.

Links relacionados:

O bem que faz a música de Nando Cordel

Dandô sintoniza-se com cantadores e tece uma rede poética de afeto