A primeira vernissage de meus netos e netas na escola foi uma surpresa. Pedro, de 4 anos, todo empolgado me puxou pela mão para mostrar sua pintura que era de alguém que terminava com Amaral.
A enrolada na língua foi grande para pronunciar Tarsila. Sem dúvida era um desafio dizer o nome da artista para um pequeno, mas os gêmeos João e Pedro, sem preconceitos, esforçaram-se para reproduzir o autorretrato famoso de Tarsila do Amaral.
Telas como a Dança, de Matisse foram trabalhadas com as outras turmas, cujas netas participaram, Gabriela e Olivia. Ubuntu foi o tema da Semana Cultural do ano passado, na Casa Escola, em Natal. Este ano, o foco foi o que é invisível no mundo e está no nosso cotidiano e às vezes não percebemos.
Para Gabriela, a escolha foi desenhar um esquilo perto da árvore idealizada por sua turma e que abrigava muitos animais. Olívia fez uma série de seres que vivem no fundo do mar e colocou-os como figuras mitológicas.
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Trabalhos com colagens e fotografias abordando a questão social foram feitos nas turmas mais avançadas. Os moradores de rua.

Para turma dos gêmeos, entre 3 a 4 anos, foi desenvolvido o tema das comunidades periféricas e pobres, porém coloridas, com crianças que brincam e jogam futebol.

O tema Sombras da Vida me fez lembrar de uma tese de doutorado divulgada há anos, que tratava da invisibilidade dos homens e mulheres que coletavam lixo.

Neste papo sobre Arte de Fazer Arte na Infância lembrei da amiga Ariane Genesi, que comentou e mostrou o trabalho de seu filho João, na época com 14 anos, sobre ‘O grito’, do artista Edvard Munch. Isso foi em 2023, quando estávamos saindo da pandemia. Projeto 21, escola de Curitiba, trabalhou o tema do pavor, angústia, o medo. Nada como a tela ‘O Grito’, para transmitir a sensação de pavor. Aliás, foram vários estudos que o artista fez sobre o tema.
João, filho de Ariane, nos seus 14 anos de vida fez algo menos angustiante que Munch, porém mais forte e como se dissesse: eu existo!

Também me questionei sobre o desenvolvimento da arte na escola pública. Qual é o resultado?
Neste caso fui em busca da experiência de outra amiga, professora, arte-educadora Lunamar Rodrigues. Apesar de estar afastada de sala de aula a um bom tempo por motivos de saúde, Lunamar explicou que desenvolveu um projeto no ano passado enquanto atuava na biblioteca de sua escola. O projeto foi desenvolvido mais no intervalo entre a manhã e tarde, isso porque a escola era de horário integral.
Sua atuação foi mais dirigida a adolescentes e desenvolveu diversas atividades, de releitura de uma obra de arte até o simples colorir um desenho pré-definido.
Confessou que no começou tinha um certo preconceito pela atividade de colorir e pesquisando descobriu que colorir tem inúmeros benefícios para a criança. Colorir tem magia.
“A maior parte das crianças que buscavam a atividade era as que tinham mais problemas”, conta Luna, e percebeu que o ato de colorir foi o que mais era aceito pela turma.
” Assim destaquei esta atividade e percebi que isso melhorava a concentração deles e os acalmava. Voltavam para a sala de aula mais seguros e preparados para outros desafios”.
Alguns flagrantes de crianças que são estimuladas a produzir arte ou têm um aprendizado sobre cultura. A importância deste ensino na infância.
Todas as semanas recebo meus netos em casa e a festa maior é muitas vezes desenhar e pintar. Isso ajuda os quatro não ficarem paralisados em frente a televisão assitindo desenhos. A concentração é máxima e como podem observar no final do vídeo alguns traços originais dos meus pequenos artistas. E como Lunamar observou: a concentração é máxima. “É o refúgio de calma e paciência, estímulo a criatividade, uma jornada de meditação, é um lidar bem com as emoções, bem-estar para todos, afirmar a personalidade e potencializar o raciocínio”. Quem diz isso não sou eu e sim, o site Kogno, que trata sobre os conceitos mais modernos da neurociência…
Leitura recomendada: Neurociência da beleza. Sua aproximação com a arte