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Tributo a Marie. Parte IV

A leitura não fazia parte do universo feminino no tempo em que Marie passou por esse mundo. O espaço da mulher era limitado à casa, filhos e marido.

O contos de o Legado são dedicados a Marie Weigert Wanke uma senhorinha do século XIX que adorava ler e ficou famosa na família dela por um episódio que foi contado de geração à geração de um jeito doce e bem humorado…

O legado é uma história escrita em quatro partes, Tributo a Marie, Ser Dona de Casa, eu? Viagem de Marie ao Brasil, Um resgate necessário.

Curitiba/ Ponta-Grossa, aos tempos de hoje. Século XX e XXI

É interessante observar que talentos, defeitos, estigmas de família permanecem, muitas vezes, de geração a geração e são chamados pelos psicólogos de vínculos trans-geracionais.

O livro “Meus Antepassados”, da psicóloga junguiana, Ane Ancelin Schtzenberger, que faz um estudo sobre os mitos familiares, conclui que existe de fato comprovadamente vínculos trans-geracionais.

Tempo

Aprovado cientificamente ou não, o certo é que Marie deixou marcas no coração da família. Um legado eterno. Verdadeiramente eterno porque principalmente seus netos – Eno Theodoro (que se dedicou a pesquisar detalhes da vinda dos imigrantes alemães ao Paraná e escrever um livro sobre o assunto), contaram a sua história, dessa forma, neste momento, ela encontrou espaço para permanecer no tempo.

A forma que Eno encontrou para conquistar seu público, já que tinha “veia poética” e adorava escrever livros e contos, foi “sui-generis”.

Cada exemplar publicado com recursos próprios era enviado pelo correio aos amigos e contatos, também com o frete pago e direito à dedicatória. No lançamento do livro sobre a imigração Eno confessou que gostava tanto de engenheira quanto de ser escritor e poeta. Porém, para se sustentar precisou sair de Ponta-Grossa, fazer um concurso na Petrobrás para trabalhar como engenheiro porque no interior “ninguém dá casa para engenheiro poeta construir”.

Muitos dos descendentes de Marie aceitaram a herança, sim, receberam o sinal!

A grande escritora, Lygia Fagundes Telles, que foi a terceira mulher a tomar posse na Academia Brasileira de Letras – 12 de maio de 1987, define em apenas uma frase o que sente quando escreve um livro. “A palavra é a ponte que o escritor lança para o seu próximo. Eu estendo a ponte e digo: venha”.

Eu entendo Lygia! Construo pontes por meio de palavras e as atravesso sempre, pelo simples fato de que recebi este “gosto”, este estímulo, seguindo as pegadas de Marie. Recebi dela um legado eterno!

Por isso, é para você, Marie, minha bisavó, que dedico esta história e com as palavras nela contidas, reforço as estruturas da nossa ponte e passo adiante o teu legado e, assim unidas, juntas, estendemos continuamente a ponte e dizemos a todos, venham…

  • Esse texto finaliza em quatro capítulos um episódio hilário sobre a minha bisavó (foto que ilustra o artigo é Marie e Edward na festa dos 50 anos de casado),  o Legado de Marie. Leia por ordem e se divirta com a história:  Ser dona casa, eu? Parte I ; Um resgate necessário Parte II   Viagem de Marie ao Brasil  Parte III; Tributo a Marie

 

Curitiba, setembro de 2008Mari Weigert

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